Um grupo de 27 observadores internacionais foi encurralado nesta segunda-feira (29/07) por manifestantes da oposição que se recusam a aceitar o resultado das eleições presidenciais que reelegeram Nicolás Maduro na noite anterior.
Os convidados que saíram de Caracas se dirigiam para La Guaira, cidade onde está localizado o aeroporto internacional, de onde regressariam aos seus respectivos países.
Os opositores chegaram a montar barricadas e a apedrejar soldados e veículos da Guarda Nacional Bolivariana presente na parada El Limón.
A Opera Mundi, a observadora mexicana Veka García, que testemunhou o momento, repudiou os ataques dos manifestantes, destacando que esse tipo de atitude não pode se repetir. Assim como dezenasa de outros representantes estrangeiros, ela acabou perdendo o seu voo.
“Vimos que um grupo de pessoas começou a bloquear a estrada. Ateou fogo, começou a jogar lixo, pneus de carro. A intenção era só impedir a passagem. Devido à violência que tentam gerar no país, não conseguimos voar. Este grupo de pessoas veio acompanhar as eleições como observadores, e veio em paz. Isto não pode se repetir, temos de apelar para que tenham responsabilidade, para que promovam a paz neste país. Não se pode deixar a vida das pessoas sob risco”.
Tras la proclamación de Maduro, se presentaron bloqueos en varias regiones de la capital. Por ejemplo, las personas se aglomeraron en la vía Caracas – La Guaira e impidieron el paso con neumáticos quemados. Los cacerolazos han resonado con el paso de las horas. En redes sociales… pic.twitter.com/TrnZXTtdUP
— Última Hora Col (@ultimahoracol_) July 29, 2024
As agressões partiram de um grupo composto por cerca de 30 homens encapuzados. Eles bloquearam a estrada de Caracas a La Guaira e cercaram o ônibus que transportava os observadores internacionais, atacando as janelas do veículo, que acabou paralisado entre os manifestantes e o trânsito.
Alguns dos observadores e jornalistas presentes no local só conseguiram regressar ilesos à cidade venezuelana graças a um carro providenciado pelo próprio Ministério das Relações Exteriores do país.
Oposição se recusa a aceitar derrota
Após a divulgação do resultado eleitoral, na madrugada de segunda-feira (29/07), a Plataforma Unitária, coalizão oposicionista que representa a extrema direita da Venezuela, se recusou a reconhecer a vitória de Nicolás Maduro, do Grande Polo Patriótico, reeleito para seu terceiro mandato.
Segundo María Corina Machado, líder da oposição e que está inabilitada por 15 anos pela Justiça venezuelana, Edmundo González Urrutia foi quem venceu o pleito. Sua declaração contraria os informes apresentados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), máxima autoridade eleitoral da Venezuela.
O CNE – órgão que é independente do Executivo, Legislativo e Judiciário locais – divulgou os resultados com um cenário de mais de 80% das urnas apuradas, quando os números já eram irreversíveis, segundo o presidente da entidade, Elvis Amoroso. O parecer mostrou que Maduro impôs uma vantagem de cerca de 700 mil votos sobre o segundo colocado.
Proclamação dos resultados
Para os opositores, Urrutia é o verdadeiro vencedor, mas sua denúncia é baseada no contraste dos resultados oficiais com pesquisas internas realizadas por seu grupo político. “Espero que todos se mantenham firmes, orgulhosos do que fizemos, porque nos próximos dias vamos anunciar ações para defender a verdade”, disse Corina Machado.
Na tarde desta segunda-feira, durante uma cerimônia realizada na sede do CNE, o presidente Maduro foi proclamado oficialmente como vencedor das eleições presidenciais do país. O evento oficializou os resultados divulgados na madrugada.
Durante seu discurso, Maduro descreveu seu triunfo neste domingo dizendo que “a batalha definitiva contra o fascismo foi travada nesta terra (Venezuela) e nós vencemos”.