O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, pediu nesta quarta-feira (31/07) que o resultado das eleições venezuelanas seja verificado de forma transparente, para por fim à crise na qual o país mergulhou desde o anúncio da reeleição de Nicolás Maduro. Ele sugeriu ainda que governo e oposição se comprometam a não perseguir o lado derrotado no pleito.
“Convido o governo venezuelano a permitir que as eleições terminem em paz, permitindo um escrutínio transparente com contagem de votos, atas e supervisão por todas as forças políticas do seu país e supervisão internacional profissional”, disse Petro na rede X.
Las graves dudas que se establecen alrededor del proceso electoral venezolano pueden llevar a su pueblo a una profunda polarización violenta con graves consecuencias de división permanente de una nación que ha sabido unirse muchas veces en su historia.
Invito al gobierno…— Gustavo Petro (@petrogustavo) July 31, 2024
“As graves dúvidas que se estabelecem ao redor do processo eleitoral venezuelano podem levar o seu povo a uma profunda polarização violenta com graves consequências”, acrescentou Petro, que evitou até agora se pronunciar diretamente sobre as eleições.
O primeiro presidente de esquerda na história da Colômbia sugeriu também “um acordo entre o governo e a oposição que permita o máximo respeito pela força que perdeu as eleições”. Petro pediu ainda ao governo dos EUA que interrompa as sanções econômicas contra a Venezuela, pois as considera uma “medida anti-humana que só traz mais fome e mais violência”.
Petro disse ainda que Maduro “tem uma grande responsabilidade de de lembrar o espírito de [Hugo] Chávez, instando que a América Latina “deve ser uma região de Democracia, Liberdade e Paz”, como pregava Bolívar.
Na terça, o chanceler colombiano, Gilberto Murillo, havia pedido que autoridades eleitorais colombianas divulgassem as atas que comprovariam o resultado do pleito. O pedido se soma ao de outros países, de aliados como Brasil e México, a hostis como os Estados Unidos, para a divulgação das atas.
Leia o posicionamento de Gustavo Petro na íntegra
As sérias dúvidas que se estabelecem em torno do processo eleitoral venezuelano podem levar o seu povo a uma profunda polarização violenta com graves consequências de divisão permanente de uma nação que soube unir-se muitas vezes na sua história.
Convido o governo venezuelano a permitir que as eleições terminem pacificamente, permitindo um escrutínio transparente com contagem de votos, atas e supervisão por todas as forças políticas do seu país e internacional.
Enquanto este processo é realizado, a tranquilidade pode chegar às forças cidadãs opostas e deter a violência que leva à morte até que a contagem termine e as eleições terminem oficialmente. Propomos respeitosamente chegar a um acordo entre o governo e a oposição que permita o máximo respeito pela força que perdeu as eleições. Tal acordo pode ser entregue como uma Declaração de Estado Unilateral ao Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Peço ao governo dos EUA que suspenda bloqueios e decisões contra cidadãos venezuelanos. O bloqueio é uma medida anti-humana que só traz mais fome e mais violência do que já existe e promove o êxodo em massa de pessoas. A emigração da América Latina para os EUA diminuirá substancialmente se os bloqueios forem levantados. Pessoas livres sabem como tomar suas decisões.
A situação atual do mundo, onde o direito internacional é violado, assassinando crianças com total impunidade e onde povos irmãos enfrentam com armas os desígnios de potências obscuras que gravitam em torno da ganância e não pensam na vida da humanidade, pode fazer do Caribe, um foco de violência e instabilidade enfrentados por potências estrangeiras estranhas à nossa história e ao nosso território.
O povo colombiano conhece na sua própria história a gravidade da polarização violenta construída pelo sectarismo político. Tivemos 75 anos de violência quase permanente, com mais de 700 mil mortes desde então, com uma sociedade e um Estado que passaram por períodos de profunda degradação.
Isso não pode acontecer no nosso país irmão e deve acabar definitivamente na Colômbia. Qualquer coisa que aconteça na Venezuela afetará a Colômbia e vice-versa. Tal como o governo venezuelano ajudou a paz na Colômbia, agora este governo que represento quer ajudar a paz na Venezuela.
A América Latina deve ser uma região de Democracia, Liberdade e Paz. Esse foi o slogan final do Libertador Bolívar. Essa bandeira deve continuar a ser hasteada pelo nosso próprio povo.
O presidente Maduro tem hoje uma grande responsabilidade de lembrar o espírito de Chávez e permitir que o povo venezuelano volte à tranquilidade enquanto as eleições terminam com calma e o resultado transparente é aceito, seja ele qual for.
O escrutínio é o fim de qualquer processo eleitoral, deve ser transparente e garantir a paz e a democracia.
Meus votos de paz e democracia na Venezuela.
(*) Com Brasil de Fato