O ministro do Interior, Justiça e Paz da Venezuela, Diosdado Cabello, anunciou neste sábado (14/09) que as autoridades do país desmantelaram um plano terrorista articulado pela Agência Central de Inteligência (CIA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos e pelo Centro Nacional de Inteligência (CNI) da Espanha. A operação em questão tinha como objetivo assassinar o presidente venezuelano Nicolás Maduro, a vice-presidente Delcy Rodríguez, o próprio Cabello e outros funcionários de alto escalão do governo.
O anúncio foi dado durante uma coletiva de imprensa. Segundo o ministro, foram apreendidas 400 armas norte-americanas e 14 pessoas envolvidas foram presas. Entre os detidos, foi citado Wilber Joseph Castañeda, um oficial militar ativo dos Estados Unidos e, também, do Navy Seal, principal força de operações especiais da marinha norte-americana.
Segundo o ministro, Castañeda esteve no país sul-americano durante o processo eleitoral. O norte-americano teria entrado na Venezuela em duas ocasiões diferentes, nos meses de março e julho. Cabello acrescentou que Castañeda passou a fazer contatos com políticos e o crime organizado para dirigir toda a operação, e que no seu telefone apreendido, foram encontradas conversas que mostraram que ele teria coordenado as ações desestabilizadoras da oposição entre os dias 28, 29 e 30 de julho para forçar uma mudança de governo, após declarada a vitória eleitoral de Maduro.
A autoridade venezuelana também revelou que dois cidadãos espanhóis, José María Basoa e Andrés Martínez, membros de agências de inteligência, também foram presos. Ambos tinham ligações com Castañeda, setores políticos e grupos criminosos. Segundo Cabello, a Espanha forneceria mercenários estrangeiros para executar a operação, enquanto a direção do ataque seria da responsabilidade dos Estados Unidos.
O governo venezuelano também apreendeu um documento que orientava um ataque específico ao Palácio de Miraflores e outras instituições públicas, além de ações de sabotagem contra vários serviços públicos e essenciais para gerar instabilidade no país e afetar, inclusive, o bem-estar da população.
Os presos possuíam entre 10 e 12 armas em suas residências. Os envolvidos têm ligações com a rede de oposição de extrema direita da Venezuela, uma vez que os equipamentos apreendidos foram trazidos para o país em carregamentos “aparentemente legais” e recebidos por grupos ultraconservadores.
“Os Estados Unidos estão por trás dessa operação, eles estão entregando essas armas para que circulem livremente e cheguem à Venezuela. Eles podem dizer o que quiserem, seus agentes estão confessando. Castañeda é o chefe da operação [da] CIA aqui e eles têm uma ligação com grupos criminosos na Venezuela”, afirmou o ministro do Interior.
Durante os interrogatórios, foi revelado que figuras da direita como María Corina Machado, Julio Borges, Belén Salas, Carlos Vecchio e Yorman Varillas, orientaram o plano terrorista.
“Que o mundo saiba que vamos usar todos os mecanismos necessários para repelir, derrotar esses grupos de mercenários, de terroristas que tentam minar a paz e a ordem na Venezuela”, acrescentou Cabello.
EUA negam participação da CIA
Em nota, o Departamento de Estado dos Estados Unidos considerou “categoricamente falsas” as acusações da Venezuela sobre o envolvimento da CIA plano terrorista contra o governo e o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.
“Quaisquer alegações de envolvimento dos EUA em uma conspiração para derrubar Maduro são categoricamente falsas. Os Estados Unidos continuam apoiando uma solução democrática para a crise política na Venezuela”, diz o comunicado.
(*) Com Telesur