O governo da Venezuela, através de um documento publicado nesta sexta-feira (23/08) pelo Ministério das Relações Exteriores, repudiou o manifesto difundido horas antes, no qual 11 países das Américas afirmaram não reconhecer a decisão do Supremo Tribunal de Justiça (TSJ, por sua sigla em espanhol), que ratificou a vitória de Nicolás Maduro nas eleições presidenciais de 28 de julho.
O comunicado venezuelano, assinado pelo chanceler Yván Gil, qualificou o manifesto estrangeiro como “rude e insolente” e chamou a iniciativa de “Grupo de Lima 2.0”.
“Assim como o povo de Simón Bolívar (o povo venezuelano) e Hugo Chávez pulverizaram os ataques do falecido Grupo Lima e sua tentativa de impor um governo fantoche no passado, através da aventura fracassada de Juan Guaidó, nesta ocasião ele pulverizará todas as ações que tentam empreender contra o povo venezuelano”, diz o documento.
O Grupo de Lima foi uma iniciativa lançada em agosto de 2017 para reunir governos latino-americanos que apoiavam a oposição de extrema direita da Venezuela. Na ocasião da fundação do grupo, o Brasil foi um dos integrantes. Na época, o país era governado por Michel Temer (2016-2019).
O manifesto que questiona a decisão do TSJ contou com a adesão de Argentina, Chile, Costa Rica, Equador, Estados Unidos, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai.
Os 11 países participantes do manifesto disseram não aceitar a determinação do TSJ que colocou fim ao processo de auditoria das atas eleitorais usadas nas eleições de 28 de julho, e concluiu que não houve irregularidades nos resultados emitidos pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela.
Com isso, a corte ratificou o cômputo final da apuração, no qual Nicolás Maduro obteve 51,95% dos votos válidos, o que confirmou sua reeleição como presidente da Venezuela. Edmundo González Urrutia, representante da coalizão de extrema direita Plataforma Unitária, ficou em segundo lugar, com 43,18% dos votos.