O grupo Organização para a Libertação da Venezuela (OLV), formada por venezuelanos residentes em Miami, realizou nesta quarta-feira (28/08), na cidade norte-americana, uma manifestação na qual defendeu abertamente que os Estados Unidos devem intervir militarmente no país sul-americano para derrubar o governo de Nicolás Maduro.
Durante o ato, o porta-voz da OLV, Aberlardo Achkar, mencionou a Doutrina Monroe para justificar seu pedido por uma ação militar norte-americana na Venezuela.
“A Doutrina Monroe, que diz ‘a América para os americanos’, oferece motivos suficientes para entrar legalmente na Venezuela”, argumentou Achkar.
A Doutrina Monroe foi um pensamento político que ganhou força nos Estados Unidos a partir da carta escrita pelo presidente norte-americano James Monroe (1817-1823), no qual ele defendeu o que chamou de “Destino Manifesto” do país de, supostamente, proteger o continente americano dos interesses colonialistas europeus.
Na prática, a Doutrina Monroe significou a defesa do direito dos Estados Unidos em intervir em outros países das Américas com a justificativa de combater esse suposto colonialismo europeu, marcando o início da política expansionista norte-americana nas recém independizadas nações ao sul do seu território.
Achkar também pediu a “ativação de todos os protocolos internacionais contra a Venezuela, aumento da recompensa pela captura de Maduro a 100 milhões de dólares, e a entrega de um ‘salvo-conduto’ para os venezuelanos que quiserem apoiar de alguma forma as ações para derrubar o regime de Maduro”.
Apoio de María Corina
O ato contou com o apoio do partido Venha, liderado pela ex-deputada María Corina Machado. A sigla é uma das que compõe a coalizão de extrema direita Plataforma Unitária, que disputou as eleições presidenciais de julho através da candidatura de Edmundo González Urrutia.
A representante de María Corina no ato em Miami foi María Teresa Morín, secretária de relações exteriores do Vente. Durante seu discurso no evento, ela chegou a defender a apresentação de um pedido formal ao Tribunal Penal Internacional (TPI) para que este emita um mandado de prisão contra Maduro e autorize a intervenção militar norte-americana.
“Exigimos (do TPI) a mesma celeridade que foi tomada no caso de Slobodan Milosevic”, enfatizou Morín, evocando as operações militares impulsionadas pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), na Sérvia, em 1999, que levaram à prisão do então mandatário do país balcânico – ações que contaram com autorização do TPI.
A candidatura extremista encabeçada por González Urrutia e apoiada por María Corina obteve o segundo lugar no pleito ao obter 43,18% dos votos, com os quais perdeu para o atual presidente Maduro, que reuniu 51,95%.