A vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodríguez, reforçou nesta quarta-feira (11/09) a necessidade de uma resistência unida para combater o fascismo a nível global, apontando que as manobras da extrema direita transcendem a esfera nacional.
A posição foi manifestada no âmbito do primeiro Congresso Mundial Contra o Fascismo, o Neofascismo e Expressões Semelhantes, iniciado no dia anterior em Caracas. O evento conta com a participação de representantes de 95 países, que debatem alternativas para enfrentar ataques contra projetos políticos populares.
O objetivo é contribuir com estratégias em defesa das ações “dirigidas para a paz e para o futuro, contra o ódio, a mentira e a manipulação” da extrema direita.
Durante seu discurso, Rodríguez sugeriu que o desenvolvimento de uma nova ordem mundial liderada pelos BRICS é uma alternativa contra os avanços do neofascismo, uma vez que o problema não se limita a um único país.
“A Venezuela sabe o que significam os mártires, torturados e desaparecidos. O que os povos da América do Sul têm vivido, também vivemos e sofremos. Enfrentamos golpes de Estado, tentativas de assassinato, invasões imperiais, guerras econômicas, bloqueios econômicos”, disse.
A autoridade venezuelana ainda mencionou países como a Palestina, palco de massacre promovido por Israel, e a prórpia Venezuela, alvo de intervenções golpistas, como sendo os epicentros da luta dos povos contra o fascismo internacional.
“A tarefa é árdua, mas não pode haver um objetivo mais sublime do que a defesa do ser humano. Nos reconhecemos como seres iguais, e o que deve prevalecer é o amor para sustentar verdadeiras relações de desenvolvimento e fraternidade entre os seres humanos”, declarou.
Elon Musk lidera ‘fascismo internacional’
Segundo Delcy Rodríguez, as redes sociais são usadas pela extrema direita como instrumentos de alienação, “fomentando o ódio e a desinformação”.
Ao falar sobre as plataformas midiáticas, a vice-presidente da nação bolivariana chamou o bilionário norte-americano Elon Musk, dono da rede social X, de “líder do fascismo internacional”, acusando-o de ter tentado desestabilizar a Venezuela durante o pleito presidencial de 28 de julho, quando “extremistas montaram uma ditadura de algoritmos nas redes sociais”.
“Os algoritmos das redes sociais colocam o poder da ditadura a seu serviço. Mais de US$ 1 bilhão foi financiado para derrubar o governo venezuelano. A vontade dos venezuelanos não era suficiente. Horas depois, a violência fascista ceifou a vida de jovens e atacou autoridades, simplesmente por serem chavistas. É isso que os algoritmos promovem a serviço da base capitalista”, criticou, culpando os Estados Unidos por operar um ataque contra a Venezuela.
A plataforma foi recentemente suspensa no Brasil após o descumprimento de ordens judiciais determinadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Seu proprietário, Musk, é conhecido por suas posições polêmicas e apoio público à extrema direita. Além de interferir nas eleições venezuelanas, ele já chegou a sugerir um golpe de Estado na Bolívia e disse que uma guerra civil no Reino Unido seria inevitável.
‘Internacional contra o fascismo’
Durante sua exposição no Congresso, o ministro do Interior, Justiça e Paz, Diosdado Cabello, também vice-presidente do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), explicou sobre a existência do que chamou de uma “Internacional do fascismo”, onde seus participantes articulam planos para dominar os povos.
Nesse sentido, a autoridade venezuelana propôs aos convidados a criação de uma “Internacional contra o fascismo”, uma luta integrada de países em resposta à ameaça da extrema direita global.
“Não nos importamos com isso porque sempre avançamos com uma arma mais poderosa, que é a verdade. Proponho que [a frente] seja debatida”, disse Cabello.
(*) Com Telesur