Após o incidente do último domingo (15/09), no qual Donald Trump foi alvo de uma nova tentativa de assassinato enquanto jogava golfe em uma de suas propriedades na Flórida, o Serviço Secreto norte-americano, pela segunda vez em pouco mais de dois meses, se encontra em crise.
O ocorrido se deu no campo de golfe de Trump em West Palm Beach, quando agentes do Serviço Secreto avistaram uma pessoa escondida entre arbustos, armada com um rifle, enquanto Trump jogava.
Segundo fontes da segurança, os agentes atiraram no homem. O candidato, que estava a uma distância de algumas centenas de metros, não foi atingido, ao contrário do atentado anterior, quando ele foi baleado na orelha em um comício na Pensilvânia, no dia 13 de julho.
Aumento na segurança após incidente de julho
Após o atentado de julho em Butler, Pensilvânia, o Serviço Secreto reforçou substancialmente a proteção ao ex-presidente, aumentando o número de agentes designados e intensificando o monitoramento de inteligência no local.
Esse aumento nas medidas de segurança pode ter sido crucial para evitar que a nova tentativa tivesse consequências mais graves, afirmaram fontes próximas ao caso.
Ronald Rowe, diretor interino do Serviço Secreto, está diretamente envolvido nas investigações.
Rowe assumiu o cargo após a saída de Kimberly Cheatle, que deixou a diretoria após o atentado em julho. Ele permanecerá na Flórida “indefinidamente”, conforme reportado pela CNN, para coordenar a apuração da nova tentativa de assassinato.
Segundo o New York Times, o incidente reacendeu as críticas sobre a capacidade do Serviço Secreto de garantir a proteção de candidatos presidenciais.
Críticas republicanas ao Serviço Secreto
Mike Johnson, político republicano e presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, criticou publicamente a atuação do Serviço Secreto, exigindo que mais recursos sejam destinados à segurança de Trump.
“Hoje, o presidente Trump precisa da maior cobertura de segurança de todos. Ele é o mais atacado. Ele é o mais ameaçado, talvez até mais do que quando estava no Salão Oval. Estamos exigindo, na Câmara, que ele tenha à disposição todos os recursos necessários”, disse Johnson em entrevista à Fox News.
Johnson também anunciou que o comitê encarregado de investigar a tentativa de assassinato de julho irá realizar audiências e divulgar um relatório na próxima semana.
“Haverá audiências, eu acho, não nesta semana, mas na próxima, em nosso grupo de trabalho, e um relatório será divulgado até o final dessa semana. Mais e mais respostas virão, e o relatório final estará disponível logo depois”, afirmou o congressista.
Ele elogiou o trabalho dos membros do comitê, ressaltando que eles estão “trabalhando incansavelmente” no caso, que, segundo ele, é uma prioridade para o povo americano.
Biden diz que Serviço Secreto ‘precisa de mais ajuda’
O presidente Joe Biden também se manifestou sobre o incidente, defendendo a alocação de mais recursos ao Serviço Secreto. “O Serviço precisa de mais ajuda”, afirmou Biden aos jornalistas ao deixar a Casa Branca rumo a Wilmington, Delaware.
Kamala Harris, vice-presidente do país e atualmente candidata na corrida presidencial contra o republicano, condenou o ataque por meio de comunicado: “Estou profundamente perturbada pela possível tentativa de assassinato do ex-presidente Trump hoje. Enquanto reunimos os fatos, quero deixar claro: condeno a violência política”.
Ela continuou: “Todos nós devemos fazer nossa parte para garantir que este incidente não leve a mais violência”, disse. A democrata também ressaltou a importância de garantir que o Serviço Secreto tenha “todos os recursos, capacidades e medidas protetivas necessárias para cumprir sua missão crítica”.
Trump, por sua vez, culpou a “retórica” de Biden e Harris pelo ataque, os acusando de incitar violência ao descrevê-lo como uma ameaça à democracia norte-americana.
“A retórica deles está me fazendo ser alvo de tiros, quando sou eu quem vai salvar o país, e eles são os que estão destruindo o país — tanto de dentro quanto de fora”, disse o candidato.
O ex-presidente também afirmou que o homem acusado da tentativa de assassinato em julho, Thomas Matthew Crooks, teria agido sob influência da retórica de Biden e Harris. “Ele acreditou na retórica de Biden e Harris e agiu com base nisso”, declarou Trump.
Quem é o suspeito?
Ryan Wesley Routh, de 58 anos, é o principal suspeito na tentativa de assassinato contra Trump. Preso na Flórida, Routh enfrenta acusações federais por posse ilegal de arma e por portar um armamento com número de série obliterado. Ele foi detido após ser avistado com uma arma apontada para um campo de golfe no qual Trump estava jogando.
Routh possui um histórico criminal, e foi condenado em 2002 na Carolina do Norte por posse de uma arma de destruição em massa, que inclui rifles automáticos, armas com serra, bombas, granadas e minas. A polícia rastreou sua localização via dados de celular e descobriu que ele estava dirigindo um carro roubado.
Em postagens no X, antigo Twitter, o suspeito fazia tentativas de entrar em contato com artistas e celebridades, assim como com políticos dos Estados Unidos e da Ucrânia, propondo a “composição de uma música para ajudar a Ucrânia” e supostamente recrutando mercenários.