Agências de inteligência e de segurança eleitoral dos Estados Unidos informaram nesta segunda-feira (04/11) que a Rússia está promovendo a difusão de informações falsas nos estados que serão decisivos para o resultado das eleições presidenciais, com o objetivo de favorecer o candidato republicano Donald Trump, que disputa com a democrata Kamala Harris.
A denúncia foi feita algumas horas antes da abertura das urnas e, embora aponte a Rússia como a principal interferência estrangeira no pleito, inclui também o Irã como envolvido nessas ações. Segundo o informe, outras fontes internas de desinformação sobre as eleições também vêm operando intensamente nas redes.
“A Rússia é a ameaça estrangeira mais ativa”, afirma um comunicado conjunto do Gabinete do Diretor de Inteligência Nacional (ODNI), do FBI e da Agência de Segurança Cibernética e de Infraestrutura.
Falsas denúncias de fraude incitam violência
As três agências alertam que essa difusão massiva de notícias falsas sobre supostas fraudes que favoreceriam Harris, pode “incitar a violência, inclusive contra autoridades eleitorais”. O comunicado destaca que os esforços para combater a desinformação e conter suas consequências devem se intensificar não só nesta terça-feira (5/11), dia das eleições, como nas semanas seguintes.
As agências de inteligência também mencionam o Irã como uma “ameaça significativa de influência estrangeira às eleições dos Estados Unidos”.
Este foi o mais recente de uma série de alertas feitos pela ODNI sobre atores estrangeiros – sobretudo Rússia e Irã – que estariam difundindo desinformação ou hackeando campanhas durante esta eleição.
No final de outubro, houve um alerta de que a Rússia estaria por trás de um vídeo viral que mostrava imagens falsas de cédulas de votação antecipada em Trump sendo destruídas no condado de Bucks, na Pensilvânia, um dos estados decisivos na disputa pelo Colégio Eleitoral.
O comunicado desta segunda-feira menciona um recente vídeo fraudulento em que uma pessoa denuncia fraude eleitoral no Arizona, com cédulas falsas vindas do exterior e alteração das listas de votantes para favorecer Harris. O secretário de estado do Arizona, Adrian Fontes, classificou o vídeo e suas alegações de “completamente falsos e fraudulentos”.
Segundo as agências de inteligência, Moscou interferiu a favor de Trump nas eleições de 2016 e 2020, e estaria fazendo o mesmo durante a atual campanha.
Minar a confiança no processo eleitoral
As agências denunciam que essas ações de desinformação integram uma ampla operação da Rússia para minar a confiança no processo eleitoral e semear a discórdia entre os eleitores norte-americanos. Elas alertam para os riscos de que incitem a violência em um processo de disputa acirrada, com os ânimos já aquecidos e, sobretudo, considerando os antecedentes das eleições passadas.
Segundo alguns analistas, a motivação para essa intervenção no pleito vai além da preferência por um ou outro candidato. A lógica, segundo eles, é a de que os norte-americanos, entretidos em administrar conflitos internos, provavelmente dedicariam menos atenção a intervir nos conflitos externos.
Além dessas iniciativas com foco eleitoral, as agências de inteligência acusaram os veículos estatais russos de estar promovendo uma operação multimilionária para difundir conteúdos pró-Rússia junto ao público norte-americano. Segundo eles, dezenas de domínios de internet com este perfil já foram bloqueados.
Irã atua para minar candidatura de Harris
Já as ações do Irã nas eleições norte-americanas estariam, segundo as agências norte-americanas, desenhadas para prejudicar a candidatura de Trump com hackeamento e vazamento de informações.
Em outubro, o Centro de Análise de Ameaças da Microsoft denunciou alguns iranianos de terem criado páginas de notícias falsas para difamar a candidatura de Kamala Harris e difundir teorias da conspiração.
Em todas as ocasiões em que houve acusações de tentativas de interferência estrangeira nas eleições norte-americanas, Rússia, Irã e China negaram.
O voto dos estados indecisos será essencial para decidir o resultado do pleito e esses estados já foram foco de diversas acusações infundadas de fraude eleitoral que teria como objetivo prejudicar Trump.