A Convenção Nacional Democrata (DNC, por sua sigla em inglês) formalizou durante a noite de terça-feira (20/08) a candidatura de Kamala Harris à Presidência dos Estados Unidos. O evento foi marcado pelos discursos de Barack e Michelle Obama, que exaltaram o entusiasmo gerado pela vice de Joe Biden, mas alertaram que as eleições não estão ganhas.
“Não será fácil, nossos adversários sabem que é simples apostar no medo e no cinismo das pessoas. Eles dirão que o governo é corrupto e que as cartas estão marcadas”, apontou o ex-presidente norte-americano no palco da convenção em Chicago.
O alerta chega em meio ao otimismo que tomou conta dos eleitores democratas após a desistência de Biden, em meados de julho, cedido à pressão do próprio partido após o mau desempenho durante o debate pré-eleitoral contra o agora candidato republicano Donald Trump. Com a decisão, o mandatário endossou a candidatura de Kamala que, em pouco tempo, ganhou favoritismo.
A democrata arrecadou mais de meio bilhão de dólares (mais de R$ 2,7 bilhões) para sua campanha e reverteu a vantagem de Trump nas pesquisas, incluindo em estados pêndulos, embora a distância entre eles esteja dentro da margem de erro na maioria dos levantamentos.
Obama também comparou a abordagem democrata com a do campo adversário republicano, classificando Trump de “egoísta”. Segundo ele, o ultradireitista é um homem que só pensa nos seus próprios interesses e que acredita que para ele ganhar algo, os outros devem necessariamente perder.
“Não precisamos de mais quatro anos de caos e fanfarronice, já vimos esse filme e sabemos que as continuações são ainda piores”, disse.
A ex-primeira-dama, Michelle, que discursou antes do ex-mandatário, também adotou a linha da cautela, ao afirmar que “muita gente quer desesperadamente” que Kamala e Tim Walz, candidato a vice, percam as eleições e, para isso, adotam estratégias como, por exemplo, espalhar desinformação. Acusou ainda a posição misógina de muitos eleitores que não querem votar na chapa justamente por Kamala ser uma mulher.
“Não importa o quão bem nos sintamos hoje, o caminho será duro, então não podemos ser nossos piores inimigos”, afirmou.
No entanto, o casal não deixou de exaltar Kamala e indicou que o entusiasmo gerado pela candidata remete à campanha do próprio Obama, em 2008.
“Yes, she can [Sim, ela pode]”, disse o ex-presidente, em referência ao famoso slogan que o levou à Casa Branca, “Yes, we can” (“Sim, nós podemos”).
(*) Com Ansa e RFI