O senador independente de Vermont, Bernie Sanders, culpou nesta quarta-feira (06/11) o Partido Democrata pela derrota da vice-presidente Kamala Harris na disputa eleitoral contra o republicano Donald Trump, atribuindo o “desastre” na campanha aos “grandes interesses financeiros” e aos “consultores bem pagos” que controlam a sigla.
“Não deveria ser nenhuma surpresa que um Partido Democrata que abandonou a classe trabalhadora descobriria que a classe trabalhadora os abandonou”, escreveu em comunicado. “Enquanto a liderança democrata defende o status quo, o povo americano está bravo e quer mudança. E eles estão certos.”
It should come as no great surprise that a Democratic Party which has abandoned working class people would find that the working class has abandoned them.
While the Democratic leadership defends the status quo, the American people are angry and want change.
And they’re right. pic.twitter.com/lM2gSJmQFL
— Bernie Sanders (@BernieSanders) November 6, 2024
O congressista norte-americano disse que a liderança da sigla precisa de “discussões políticas sérias” a respeito do comportamento dos trabalhadores latinos e negros que, agora, estão mais voltados aos candidatos republicanos.
Entre as questões que Sanders acredita que os democratas falharam em abordar sob a gestão Biden-Harris, incluem-se a desigualdade de renda e a consequente piora no padrão de vida, além dos altos preços de medicamentos prescritos e a falta de uma assistência médica universal.
Segundo o senador, o partido não alcançou os trabalhadores assalariados, os ativistas pró-Palestina e a oposição ao fornecimento de ajuda militar a Israel.
“Apesar da forte oposição da maioria dos americanos, continuamos gastando bilhões financiando a guerra total do governo extremista de [Benjamin] Netanyahu contra o povo palestino, que levou ao terrível desastre humanitário da desnutrição em massa e à fome de milhares de crianças”, disse.
Leia o comunicado na íntegra:
“Não deveria ser nenhuma surpresa que um Partido Democrata que abandonou a classe trabalhadora descobriria que a classe trabalhadora os abandonou. Primeiro, foi a classe trabalhadora branca, e agora são os trabalhadores latinos e negros também.
Enquanto a liderança democrata defende o status quo, o povo americano está bravo e quer mudança. E eles estão certos.
Hoje, enquanto os muito ricos estão indo fenomenalmente bem, 60% dos americanos vivem de salário em salário e temos mais desigualdade de renda e riqueza do que nunca. Inacreditavelmente, os salários semanais reais, contabilizados pela inflação, para o trabalhador americano médio são na verdade menores agora do que eram há 50 anos.
Hoje, apesar de uma explosão na tecnologia e na produtividade dos trabalhadores, muitos jovens terão um padrão de vida pior do que seus pais. E muitos deles se preocupam que a Inteligência Artificial e a robótica tornem uma situação ruim ainda pior.
Hoje, apesar de gastarmos muito mais per capita do que outros países, continuamos sendo a única nação rica a não garantir assistência médica a todos como um direito humano e pagamos, de longe, os preços mais altos do mundo por medicamentos prescritos. Nós, sozinhos entre os principais países, não podemos sequer garantir licença médica e familiar remunerada.
Hoje, apesar da forte oposição da maioria dos americanos, continuamos gastando bilhões financiando a guerra total do governo extremista de Netanyahu contra o povo palestino, que levou ao terrível desastre humanitário da desnutrição em massa e à fome de milhares de crianças.
Os grandes interesses financeiros e os consultores bem pagos que controlam o Partido Democrata aprenderão alguma lição real com sua campanha de desastre? Eles entenderão a dor e a alienação política que dezenas de milhões de americanos estão vivenciando? Eles têm alguma ideia de como podemos enfrentar a oligarquia cada vez mais poderosa que tem tanto poder econômico e político? Provavelmente não.
Nas próximas semanas e meses, aqueles preocupados com a democracia de base e a justiça econômica precisam ter algumas discussões políticas muito sérias.
Fiquem ligados.”