Na noite da última terça-feira (01/10), o governador democrata de Minnesota, Tim Walz, e o senador republicano de Ohio, JD Vance, participaram do único debate agendado para a vice-presidência nas eleições norte-americanas de 2024.
Conforme analisado por Aaron Blake, colunista do Washington Post, o desempenho dos candidatos apresentou contrastes significativos. Enquanto Walz enfrentou dificuldades, Vance buscou reformular sua imagem.
A performance de Walz já era uma preocupação da campanha da vice-presidente Kamala Harris, conforme apontado por Blake.
O candidato democrata deu respostas inseguras sobre as tensões entre Irã e Israel, tropeçando em suas palavras, o que contribuiu para uma primeira impressão desfavorável.
Além disso, Walz, que morou na China, teve dificuldades ao abordar falsas alegações sobre sua presença em Hong Kong durante os protestos de 1989 na Praça Tiananmen.
Por outro lado, Vance demonstrou mais confiança, buscando projetar uma imagem de conservador moderado, em contraste com a persona mais agressiva que havia adotado nos últimos anos. Ele focou em temas de empatia e políticas familiares, evitando, na maioria, posicionamentos extremos.
Aborto
Uma das questões mais delicadas para os republicanos neste ciclo eleitoral tem sido o aborto, especialmente após a revogação em 2022 do Roe v. Wade, que assegurava às mulheres o direito à liberdade individual para optar por realizar um aborto sem interferência do governo.
Ciente da impopularidade de posições extremas sobre o tema, Vance adotou uma abordagem moderada, afirmando que “nunca apoiei uma proibição nacional” e propondo apenas um “padrão nacional mínimo”.
Contudo, reafirmou seu compromisso com a defesa do que classifica como “vida inocente” e a necessidade de “reconquistar a confiança” do povo norte-americano.
Walz criticou a postura de Trump em relação ao aborto, lembrando que os três juízes nomeados pelo ex-presidente foram responsáveis pela revogação de Roe v. Wade, destacando o impacto da decisão sobre as mulheres e alertou que mais pessoas enfrentariam dilemas difíceis relacionados ao aborto.
Imigração
Um momento crucial do debate ocorreu quando a discussão se voltou para os migrantes haitianos. A chapa republicana havia feito alegações infundadas de que imigrantes haitianos em Springfield, Ohio, estavam roubando e comendo animais de estimação.
Walz aproveitou a oportunidade para atacar Vance, e o republicano, em vez de evitar o tema, insistiu na defesa de seus comentários e mergulhou nos detalhes do status de imigração dos imigrantes.
Ele acusou a moderadora, Margaret Brennan, de checar os fatos, algo que, segundo ele, contrariava as diretrizes do debate, que não previam verificações em tempo real. A discussão se intensificou a ponto de os microfones dos candidatos serem desligados.
Invasão ao Capitólio e eleições de 2020
Um dos momentos de destaque para Walz ocorreu quando o debate abordou a invasão ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021.
Em resposta, Vance comparou as alegações sobre interferência russa nas eleições ao evento, sugerindo que ambos os lados deveriam respeitar os resultados eleitorais.
O democrata prontamente rebateu, pressionando Vance a responder se acreditava que Trump havia perdido a eleição de 2020, algo que o republicano evitou responder.
“O dia 6 de janeiro não foi um anúncio no Facebook”, afirmou Walz, criticando a falta de clareza nas respostas do seu oponente e acusando-o de evitar a verdade sobre as alegações de fraude eleitoral de Trump.
A avaliação geral sobre o debate aponta que, embora alguns momentos tenham sido mais tensos, a discussão se concentrou amplamente em temas substanciais, revelando um tom moderado de ambos os candidatos.
O impacto direto nas pesquisas pode ser limitado, mas o evento serviu para consolidar as narrativas de cada chapa em uma eleição marcada por divisões políticas e desafios complexos.