Quase 20 mil pessoas encheram o Madison Square Garden na noite de domingo (27/10) para ouvir o terceiro e último comício, em Nova York, da campanha do republicano Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos.
O discurso de Trump foi precedido de inúmeros apoiadores que já no início da tarde deram o tom belicoso e obsceno do comício. Falas com tom de ódio, machistas, racistas e misóginos, aliás, acabaram, em certa medida, roubando o protagonismo de Trump nas manchetes dos jornais norte-americanos.
No evento, o ex-presidente e que busca a eleição este ano repetiu sua promessa de deter a imigração e lançar o “maior programa de deportação da história norte-americana” contra os imigrantes ilegais, que ele descreveu como “criminosos cruéis e sanguinários”.
“Resgatarei cada cidade e vila que foi invadida e conquistada”, prometeu Trump, que também acusou sem apresentar provas o presidente Joe Biden de não ter tido recursos para enfrentar o recente furação na Carolina do Norte por ter gastado o dinheiro “trazendo imigrantes ilegais, transportados em lindos aviões a jato”.
As falas do republicana foram carregadas de ameaças, centrado na conspiração do “inimigo interno” e, segundo alguns jornais norte-americanos, bastante desconexo. Ele falou em uma “gangue selvagem de prisões venezuelanas” que havia “tomado conta da Time Square”.
Depois afirmou que sua oponente, Kamala Harris, do Partido Democrata, tinha QI baixo e que não concorria com ela, mas contra algo “muito maior, que é a máquina radical-esquerdista massiva e cruel que comanda o Partido Democrata”.
Outro orador do evento foi mais longe e comparou Harris com uma prostituta que tinha “manipuladores como cafetões”. David Rem, político republicano que Trump diz ser seu amigo de infância, a chamou de “demônio”, “o anticristo”. Todos foram fortemente aplaudidos.
Descendentes de imigrantes podem ser decisivos
Numa disputa acirrada, em que, a nove dias do pleito, a maioria das pesquisas mostra os candidatos virtualmente empatados, o discurso xenófobo pode ser um tiro no pé num país constituído à base de imigrantes. De fato, nas últimas semanas, ambos candidatos vêm buscando atrair o voto latino.
O estado da Pensilvânia, por exemplo, ainda está indeciso e boa parte de seus eleitores são de origem porto-riquenha.
O cantor porto-riquenho Ricky Martin logo após o comício de Trump publicou em seu Instagram um clipe com os comentários racistas do comício e escreveu em espanhol: “é isso que eles pensam de nós. Vote em Harris”. Ao seu lado, outras estrelas porto-riquenhas influentes, como Jennifer Lopes, Bad Bunny e Luis Fonsi, também prestaram seu apoio a democrata neste domingo.
Elon Musk, que vem apoiando a campanha de Trump financeiramente e com sua plataforma X, também subiu no palanque. Inclusive, a campanha de Harris recordou que o aluguel do Madison Square Garden custou a Trump cerca de 1 milhão de dólares (cerca de R$ 57 milhões).
A campanha de Harris traçou um paralelo entre o comício de Trump no Madison Square Golden com o infame comício nazista realizado no mesmo espaço, em 1939, antes do começo da Segunda Guerra Mundial. E o Comitê Nacional Democrata projetou nas paredes externas de seu edifício imagens que repetiam as alegações do ex-chefe de gabinete de Trump que disse que ele havia elogiado Hitler.
Os democratas perderam os pruridos em chamar Trump de fascista com todas as letras.
Harris reúne 10 mil em Atlanta
Contrastando com o clima belicoso do comício de Trump, a campanha de Harris foi mais positiva e focada em propostas. Ela visitou, no domingo, um restaurante porto-riquenho da Filadélfia, maior cidade da Pensilvânia, onde explicou as linhas gerais do seu plano para criar uma “força-tarefa” para pensar oportunidades econômicas para Porto Rico.
Ela também postou nas redes sociais um vídeo prometendo investir no futuro de Porto Rico.
Na sexta-feira (25/10), cerca de 30 mil pessoas compareceram ao comício de Harris com Beyoncé em Houston, e 20 mil ao seu ato em Atlanta. Ela foi otimista ao falar com a imprensa sobre a campanha. “Minha campanha interna é meu instinto. O momento está conosco”, disse.