A eleição presidencial nos Estados Unidos pode ser decidida na Pensilvânia, estado industrial do meio-oeste e o mais importante dos “swing states” (estados-pêndulos, que oscilam entre democratas e republicanos), com 19 votos eleitorais em disputa. Por isso, Kamala Harris e Donald Trump intensificaram suas visitas ao estado, que Joe Biden venceu por uma margem estreita em 2020. A região industrial em torno de Pittsburgh, outrora um bastião democrata, agora se inclina para os republicanos.
Beirando a estrada que liga Pittsburgh e West Mifflin, Natalie e seu marido mantêm um estande permanente de produtos de campanha de Donald Trump. O quiosque exibe camisetas, bonés, canecas e outros acessórios com o slogan “MAGA” (“Make America Great Again”).
Segundo Natalie, o negócio prosperou desde a tentativa de assassinato contra Trump em julho. “No dia seguinte ao atentado, havia uma fila de cerca de 50 metros quando abrimos. Vendemos tudo e tivemos que fechar mais cedo”, conta.
Mike, um veterano militar, também é um entusiasta de Trump. Para ele, a volta de Trump é o caminho para uma vida melhor, alegando que a administração Biden permitiu a entrada de migrantes ilegais, muitos dos quais ele vê como “potenciais terroristas”.
Ele ainda culpa o governo Biden pela inflação e o aumento nos preços de itens essenciais. “Há quatro anos, uma dúzia de ovos custava cerca de um dólar; hoje, está três vezes mais caro”, explica.
O futuro da indústria siderúrgica
A economia local ainda busca se recuperar na antiga região siderúrgica norte-americana. Os sindicatos apoiam a compra da US Steel pelo grupo japonês Nippon Steel, esperando proteger empregos. Contudo, os dois candidatos presidenciais se opõem ao controle estrangeiro da empresa, o que frustra Chris Kelly, prefeito de West Mifflin.
Ele defende que a fusão poderia gerar empregos e aquecer a economia local. A incerteza quanto à fusão preocupa os trabalhadores da US Steel, que temem por seus empregos e o impacto na renda familiar.
Não se sabe como essa questão afetará o voto. Quatro anos atrás, West Mifflin votou em Biden, mas Trump venceu no condado de Washington graças a eleitores como Jason White, ex-minerador de carvão. Jason, que se sente abandonado pelo Partido Democrata, critica a falta de investimentos em sua região e afirma que o partido se tornou “extremo” em questões de identidade sexual.
No condado, são raras as placas de apoio a Kamala Harris, enquanto o apoio a Trump é amplamente visível.
No entanto, alguns republicanos decidiram apoiar Harris, como Augusta Doll, dona de um mercado em Charleroi, que desaprova a postura anti-imigração de Trump. “Meus clientes e funcionários são haitianos, e se Trump os expulsar, terei que fechar o mercado”, diz ela.
“Antes dos imigrantes, Charleroi era uma cidade – fantasma”, observa uma moradora que prefere não se identificar, afirmando que sua posição é minoritária na cidade.
Em um bar de charutos perto de Charleroi, Frederick, ex-policial e defensor de Trump, expressa sua opinião: “Se Kamala Harris vencer, estamos perdidos”.
No dia da eleição, ele planeja votar vestido com um saco de lixo, em resposta a um comentário de Joe Biden, que teria chamado os apoiadores de Trump de “lixo”.