Eleições nos EUA: na Geórgia, Kamala Harris reúne Obama e artistas para atrair eleitores
A 12 dias do pleito, candidata democrata e ex-presidente criticaram postura de Trump, declarando que republicano será 'um ditador' caso reeleito
A 12 dias das eleições presidenciais nos Estados Unidos, a candidata democrata Kamala Harris realizou pela primeira vez, na noite desta quinta-feira (24/10), um comício conjunto com o ex-presidente Barack Obama, no estado da Geórgia. Para atrair o eleitorado, também incluiu no evento diversos artistas, como Bruce Springsteen e Tyler Perry, além do diretor Spike Lee.
Durante sua exposição, Harris alertou que seu adversário republicano, Donald Trump, tornou-se “mais confuso, mais instável e mais zangado” do que nas últimas eleições, acrescentando que a sua volta à Casa Branca seria marcada por uma gestão “sem as salvaguardas que moderaram seus piores impulsos durante seu primeiro mandato, incluindo os principais assessores do mainstream político”.
“Aquele que reivindicará poder extremo e sem controle se for reeleito, que jurou que será um ditador no primeiro dia, que chama os norte-americanos que discordam dele de ‘o inimigo de dentro’”, afirmou.
Harris também elogiou os jovens, a categoria de eleitores que, em sua grande maioria, expressa apoio ao Partido Democrata. No entanto, de acordo com o veículo norte-americano The Washington Post, “alguns democratas se preocupam em particular com o fato de que o foco crescente de Harris em conquistar eleitores republicanos centristas afastou alguns jovens eleitores que se inclinam para mais liberais”.
Um dos pontos enfáticos levantados pela campanha democrata na Geórgia foi o direito ao aborto, uma vez que o estado é conhecido por proibir o procedimento na maioria dos casos em torno de cerca de seis semanas de gestação. A candidata culpou Trump pelas proibições ao aborto aprovadas em muitos estados conservadores.
“Em todos os estados do sul, incluindo a Geórgia, há uma proibição do aborto de Trump”, disse. “Muitos sem exceções, mesmo por estupro ou incesto.”

No estado da Geórgia, pela primeira vez, a vice-presidente e candidata pelo Partido Democrata, Kamala Harris, e o ex-presidente norte-americano Barack Obama realizam um comício conjunto
Obama no comício
Pela primeira vez em um comício ao lado de Harris, o ex-presidente Obama alertou os eleitores norte-americanos sobre o comportamento de Trump, orientando-os a ouvirem os relatos de alguns funcionários próximos do ultradireitista, incluindo o ex-chefe de gabinete John F. Kelly, que o chamou de “fascista” nesta semana.
“Só porque ele age de forma pateta não significa que sua Presidência não seria perigosa”, disse Obama. “E você não precisa acreditar na minha palavra. Ultimamente, algumas das pessoas que conhecem melhor Donald Trump têm dito em termos inequívocos que ele não deveria ser presidente novamente”.
Uma recente análise publicada pela agência Reuters em parceria com o Instituto Ipsos revelou que o republicano cresceu entre o eleitorado de homens latino-americanos, que sempre votaram em maioria nos democratas, enquanto Harris atraiu mais mulheres brancas, parcela que sempre votou mais no Partido Republicano.
Nesse sentido, Obama também procurou chamar a atenção dos eleitores do sexo masculino, ao argumentar que a postura “machista” de Trump não se trata de um sinal de “força”.
Vale lembrar que Atlanta, capital da Geórgia, conta com uma população negra significativa, sendo seu maior impulsionador de votos democratas. No entanto, o respaldo à vice-presidente entre os eleitores negros, especialmente os homens, tem sido menor do que o a tendência típica para alguém do Partido Democrata concorrendo à Presidência.
“Não acredito que um número significativo de homens negros vá votar em pessoas como Donald Trump. Eu não acredito nisso”, disse Obama.
De acordo com a equipe de campanha do Partido Democrata, o comício na Geórgia reuniu cerca de 23 mil pessoas, lotando o estádio de futebol americano em Clarkston.
