Há exatas três semanas das eleições presidenciais norte-americanas, a disputa se acirra entre a candidata democrata, Kamala Harris, e o republicano Donald Trump. Com as preferências definidas em boa parte do país, a decisão dependerá de sete Estados, que oscilam, a cada votação, entre o campo progressista e conservador. É o caso do Wisconsin, no Meio-Oeste norte-americano.
O dilema se repete em todas as eleições presidenciais: os chamados “estados-pêndulos” podem dar a vitória para qualquer um dos lados e são palco de suspense até a contagem final de votos. Cerca de 244 milhões de eleitores são convocados às urnas nos Estados Unidos, mas a decisão estará nas mãos do Arizona, Carolina do Norte, Geórgia, Michigan, Nevada, Pensilvânia e Wisconsin.
Localizado no Meio-Oeste dos Estados Unidos, o Wisconsin faz parte de uma velha briga entre democratas e republicanos. Desde o final dos anos 1980, o estado era dominado por progressistas, e foi palco de vitórias importantes de Barack Obama em 2008 e 2012. Mas surpreendentemente, em 2016, Hillary Clinton perdeu para Trump no local.
Nas últimas eleições presidenciais, Biden conquistou o estado, mas com uma diferença de 20 mil votos. Desde então, tornou-se impossível prever quem ficará com o Wisconsin, que também oscila entre o campo conservador e progressista em outras votações. Em 2022, elegeu seu governador democrata, Tony Evers, mas, no mesmo ano, escolheu o republicano Ron Johnson para um terceiro mandato de senador.
Indecisos no centro da batalha
Como nos outros estados-pêndulo, são os eleitores indecisos que darão a palavra final no Wisconsin. Entre as bases republicanas e democratas, há empate: 85% dos votantes progressistas dizem que escolherão Harris; o mesmo número de conservadores irá às urnas por Trump.
Especialistas calculam que os indecisos representam cerca de 10 mil pessoas. Pode parecer pouco, mas eles têm um valor expressivo para os candidatos.
Segundo Brandon Scholz, um especialista na política do Wisconsin, os partidos não sabem o que fazer para conquistar esse eleitorado. “Tivemos as convenções dos dois partidos, assistimos ao debate dos candidatos à presidência e dos vice. Como somos um ‘estado-chave’, representantes dos partidos estão aqui a todo o momento”, observa. Mas, segundo ele, nos olhos do eleitorado, ainda falta alguma coisa. “Não houve até agora um momento decisivo e não há nada que possamos prever”, ressalta.
Semana política densa
Na tentativa de conquistar os indecisos, as campanhas investem pesado no estado, palco de uma densa semana política. Harris estará em Wisconsin na quinta-feira (17/10). Na segunda (14/10), seu vice, Tim Walz, participou de um comício em Green Bay, no leste do Estado, onde não poupou críticas contra Trump.
“Ontem, ele foi à Fox News e sugeriu mobilizar o Exército contra ‘os inimigos do interior’, ou seja, contra os americanos que não o apoiam. Para Trump, são esses os inimigos”, apontou o candidato a vice-presidente. “Para mim, a ideia de mobilizar o Exército contra cidadãos americanos, me deixa doente. É um apelo puro e simples à violência. Se vocês querem a minha opinião, é absurdamente antiamericano”, reiterou.
Walz também criticou o fato de Trump querer surfar em sua imagem de homem de negócios, enquanto “ele destruiu, durante o seu mandato, 83 mil empregos no Wisconsin”. Já sobre os direitos reprodutivos e o acesso ao aborto, outras questões-chave desta campanha, o companheiro de chapa de Harris afirmou que por conta do conservadorismo do ex-presidente, “minha filha de 23 anos tem menos direitos do que teve sua mãe”.
Se os apelos dos discursos convencerem os eleitores indecisos ou não, o mistério só terá fim em 5 de novembro. Segundo as últimas pesquisas de intenção de voto, Harris conta apenas com 0,5% de vantagem sobre Trump no Wisconsin: números que explicam porque a vice-presidente discursa no estado apenas três dias depois de seu companheiro de chapa.