O candidato à Casa Branca, Donald Trump, e o seu vice, J.D. Vance, subiram juntos ao palco no Michigan neste sábado (20/07) no primeiro comício desde a convenção republicana. A dupla quer reconquistar este estado-chave para as eleições de novembro, onde Donald Trump prometeu um “maremoto” republicano.
Estimulado pelo triunfo na convenção republicana e pela crise que abala a candidatura de Joe Biden, Trump reapareceu em um comício pela primeira vez desde que foi vítima de uma tentativa de assassinato. Ele já não tinha o curativo branco cobrindo toda a orelha, como tinha sido visto nos últimos dias, mas apresentava uma proteção mais discreta para o ferimento.
O candidato republicano foi aclamado em um ginásio esportivo lotado de 12 mil espectadores em Grand Rapids, no Michigan. Ele havia ganhado neste estado-chave em 2016, mas Joe Biden tirou-lhe a vantagem em 2020.
“Levei um tiro na semana passada pela democracia”, disse Trump, no início do discurso, para se defender de recorrentes acusações de extremismo relativas à sua retórica e ao seu projeto político. Ao mesmo tempo, ele reafirmava sem provas que as eleições de 2020 foram fraudadas.
“Não sou extremista em absoluto”, insistiu Trump, descartando seus supostos vínculos com o “Projeto 2025”, um manifesto radical liderado por pessoas de seu círculo próximo e que tem sido descrito por seus opositores como uma lista de propostas autoritárias e direitistas.
No seu primeiro comício ao lado de Donald Trump, J.D. Vance, seu companheiro de chapa, originário do estado vizinho de Ohio, foi ovacionado pela plateia.
Donald Trump, por sua vez, fez inúmeras promessas de redução de impostos, combate à inflação e tarifas sobre importações para proteger a economia “made in America”.
No meio de um discurso de quase duas horas, salpicado de anedotas sobre as suas relações com chefes de Estado, como o “brilhante” chinês Xi Jinping que “controla 1,4 bilhões de pessoas com Mão de Ferro”. Sobre os imigrantes, Trump prometeu a “maior operação de expulsão” da história do país.
Mesmo tendo visto a morte de perto, Trump parece ter deixado de lado a sua nova inclinação para a unidade e embarcou na retórica divisionista que sempre marcou a sua carreira política. O candidato não deixou de, mais uma vez, zombar das divisões que perturbam a campanha de Joe Biden devido à sua idade. “Neste momento, os chefes do Partido Democrata estão tentando freneticamente anular os resultados das suas próprias primárias para se livrarem do corrupto Joe Biden! O Partido Democrata não é o partido da democracia, muito pelo contrário! “, disparou Trump.
Donald Trump criticou os democratas “que não sabem quem é o seu candidato”, garantindo que Joe Biden teria um quociente de inteligência (QI) de “50”, “60” ou “70”. Um QI menor que 70 é considerado baixo. Em um discurso ácido, chamou Joe Biden de “estúpido” e “velho fraco”, e sua vice-presidente, Kamala Harris, de “louca”. O republicano até se divertiu fazendo uma pesquisa ao vivo entre seus apoiadores, ao final da qual a maioria votou na permanência de Joe Biden na disputa. Um responsável da campanha Biden-Harris criticou um discurso “composto das mesmas mentiras e travando uma campanha de vingança”.
Biden fica
No campo oposto, Joe Biden, 81 anos, e sua equipe de campanha se mantiveram publicamente firmes em que ele permanecerá na corrida eleitoral, ainda que tenha surgido discussões em seu círculo próximo sobre como exatamente ele poderia se afastar, devido à sua saúde física e mental.
Muitas especulações têm surgido sobre quem poderia substituí-lo. Como vice-presidente, Kamala Harris parece mais bem posicionada para esta tarefa.
A influente senadora democrata, Elizabeth Warren, disse à emissora MSNBC que lhe dá “muita esperança” de que se Biden “decidir dar um passo atrás, tenhamos a vice-presidente Kamala Harris, que está pronta para dar um passo à frente, unir o partido, enfrentar Donald Trump e vencer em novembro”.
Alguns democratas, no entanto, temem que uma mudança de candidato tardia possa gerar o caos e condenar o partido ao fracasso nas urnas.
O jornal The Washington Post publica que Biden perdeu, inclusive, o apoio do influente Barack Obama, de quem Biden foi vice-presidente e que também acredita que ele deveria “considerar seriamente a viabilidade de sua candidatura”, segundo pessoas próximas do ex-presidente (2009-2017).
Até agora, o estado de saúde de Biden é o eixo central da campanha republicana e se multiplicam as peças de propaganda eleitoral com um presidente que comete gafes, gagueja e tropeça.
As eleições presidenciais nos Estados Unidos serão realizadas em 5 de novembro.