Os Estados Unidos, que elegem um novo comando para a Casa Branca no próximo 5 de novembro, têm cinco ex-presidentes vivos. Dentre eles, apenas um apoia o candidato do Partido Republicano, Donald Trump, e este é o próprio Trump.
Jimmy Carter (1977 – 1981), Bill Clinton (1993 – 2001) e Barack Obama (2009 – 2017), ex-mandatários norte-americanos pelo Partido Democrata, declararam apoio a Kamala Harris e cruzam o país com sua campanha para manter o partido no comando.
Enquanto Clinton passou recentemente pela Carolina do Norte, Obama vai para a Geórgia na próxima quinta-feira (24/10), por exemplo. Já Carter, que completou 100 anos de idade no início de outubro, enviou seu voto favorável a Harris, segundo sua família, por correio nas eleições antecipadas de seu estado em 15 de outubro.
Neste cenário, para Trump restava a esperança de que o republicano George W. Bush (2001 a 2009) declarasse apoio. Contudo, apesar de não indicar voto ao opositor Partido Democrata, Bush não compareceu à convenção Republicana que lançou Trump como candidato oficial ou posicionou-se a favor de sua candidatura.
A neutralidade do ex-presidente era esperada ao avaliar que Bush fez um discurso contra Trump quando foi eleito em 2016: “O preconceito parece encorajado. Nossa política parece mais vulnerável a teorias da conspiração e fabricação total”. Trump respondeu afirmando que Bush teve “uma presidência fracassada e pouco inspiradora”.
No entanto, o contexto político do passado, que poderia ser neutro para Trump, complicou-se quando o vice-presidente de Bush, Dick Cheney, declarou em setembro passado, seu voto em Harris.
“Nos 248 anos de história da nossa nação, nunca houve um indivíduo que fosse uma ameaça maior à nossa república do que Donald Trump. Ele tentou roubar a última eleição usando mentiras e violência para se manter no poder depois que os eleitores o rejeitaram. Ele nunca mais poderá ser confiável com poder”, escreveu Cheney sobre Trump, ao declarar que votará em Harris “para defender a Constituição”.
Cheney não é a primeira figura republicana a desprezar Trump em favor de Harris. Sua filha, Liz Cheney, denunciou as ações do candidato repúblicano durante a Presidência e afirmou que Harris seria a primeira democrata a obter seu voto.
Estrategistas políticos ouvidos pelo jornal norte-americano Washington Post (WP) entendem que ao obter apoio de republicanos, Harris conquista mais uma parcela do eleitorado, que se sente tranquilizado em votar em uma democrata ao ver que figuras com ideias semelhantes às suas também o fazem.
“Muitas das pessoas que lideraram o Partido Republicano nas últimas décadas se distanciaram amplamente de Trump, uma fissura que ele não lamentou publicamente e parece abraçar abertamente”, avalia o WP.
O periódico analisa que essa falta de apoio de antigos líderes republicanos “contribui para sua autocaracterização como um outsider político que quebra normas, desinteressado no selo de aprovação nem mesmo das elites de seu próprio partido”.
Ainda assim, Tump carrega o apoio ativo de outros líderes republicanos, como o presidente da Câmara, Mike Johnson, o senador Lindsey Graham, da Carolina do Sul, e a governadora Kristi L. Noem, de Dakota do Sul, na expectativa de que sejam suficientes para decidir a disputa presidencial.