Um homem do estado norte-americano do Kentucky, que foi o primeiro manifestante a invadir o Capitólio dos EUA durante o ataque por apoiadores do ex-presidente Donald Trump em 2021, foi condenado nesta terça-feira (27/08) a mais de quatro anos de prisão.
Um policial que tentou conter Michael Sparks com gás pimenta o descreveu como um dos incentivadores da insurreição que ocorreu em 6 de janeiro de 2021.
A sessão do Congresso norte-americano para certificar a vitória eleitoral do democrata Joe Biden foi interrompida menos de um minuto depois de Sparks ter invadido o edifício através de uma janela quebrada.
Sparks, de 47 anos, juntou-se depois a outros manifestantes na perseguição de um policial que subia lances de escadas.
“Eleição fraudada”
Antes de conhecer a sentença, o apoiador de Trump disse ao juiz que ainda acredita que a eleição presidencial de 2020 tenha sido marcada por fraude e “completamente retirada do povo americano”, noticiou a agência de notícias Associated Press (AP).
“Lamento que o que aconteceu naquele dia não tenha ajudado ninguém. Sinto remorsos pelo nosso país estar no estado em que se encontra”, frisou.
O juiz distrital dos EUA Timothy Kelly, que condenou Sparks a quatro anos e cinco meses de prisão, além de uma multa de 2 mil dólares (R$ 11 mil), destacou que não havia nada de patriótico no seu papel proeminente no que classificou como uma “desgraça nacional”.
“Acho mesmo que não tem noção de toda a gravidade do que aconteceu naquele dia e, francamente, toda a seriedade do que fez”, acrescentou o juiz.
Endossadas por Trump, milhares de pessoas invadiram o Capitólio para tentar impedir a certificação da vitória de Biden, alegando fraude. Nunca nenhuma prova de fraude foi apresentada.
Os procuradores federais haviam recomendado uma pena de prisão de quatro anos e nove meses para Sparks, um ex-operário de Cecilia, Kentucky. O advogado de defesa, Scott Wendelsdorf, por outro lado, havia pedido ao juiz que condenasse Sparks a um ano de prisão domiciliar.
Um júri condenou Sparks por todas as seis acusações que enfrentava, incluindo uma de crime de interferência com a polícia durante uma desordem civil.
Chamada à guerra civil
Nas semanas que antecederam o ataque de 6 de janeiro de 2021, Sparks utilizou as redes sociais para promover teorias da conspiração sobre fraude eleitoral e defender uma guerra civil.
Mais de 1.400 pessoas foram acusadas de crimes federais relacionados com os distúrbios no Capitólio, e aproximadamente 950 foram condenadas. Mais de 600 delas receberam penas de prisão que variam entre alguns dias e 22 anos.
Cinco pessoas morreram em decorrência do ataque ao Capitólio, incluindo um policial que foi espancado, um manifestante que foi baleado e três outras pessoas em meio ao tumulto.