A equipe da campanha presidencial de Kamala Harris acusou o empresário Elon Musk, dono da rede social X, antigo Twitter, de usar a plataforma para influenciar a democracia e as eleições dos Estados Unidos, marcadas para novembro.
A declaração do time da atual vice-presidente norte-americana aconteceu na noite desta segunda-feira (12/08), após Musk realizar uma entrevista ao vivo com o ex-presidente e atual candidato republicano, Donald Trump, através da rede social. A conversa ao vivo foi acompanhada por mais de um milhão de usuários.
“Musk já arruinou o Twitter ao permitir que discurso de ódio e desinformação inundassem a plataforma. Agora, ele está usando sua vasta fortuna e amplo alcance para tentar controlar nossa democracia”, disse a campanha de Harris em uma declaração.
O comunicado emitido pela equipe da candidata democrata também afirmou que o empresário está usando a plataforma para espalhar a “agenda descontrolada e odiosa” de Trump para milhões de pessoas e chamou Musk de “lacaio” do ex-mandatário.
As declarações da equipe de Harris destacam uma preocupação crescente sobre a responsabilidade dos líderes empresariais no discurso público e o papel das plataformas digitais na formação de opiniões do eleitorado.
A nota protesta contra o envolvimento de Musk na política norte-americana, diante da proposta do proprietário do X em ajudar o futuro governo nos cortes de gastos públicos caso Trump ganhe as eleições presidenciais.
“Acho que seria ótimo ter uma comissão governamental de eficiência para garantir que o dinheiro suado dos contribuintes fosse gasto de forma inteligente. Ficaria feliz em ajudar nessa comissão”, declarou. Por sua vez, Trump respondeu que “adoraria” que Musk participasse de seu governo.
Entrevista entre Musk e Trump
A transmissão no X da conversa entre Musk e Trump sofreu atraso devido a problemas técnicos que o empresário atribuiu a um ataque massivo contra a rede social.
Após alcançar a estabilidade, a entrevista abordou diversos assuntos, entre eles o disparo contra o candidato republicano há algumas semanas, crise migratória, um panorama internacional e o questionamento do mandato de Joe Biden e da sua vice-presidente Kamala Harris.
— Elon Musk (@elonmusk) August 13, 2024
Sobre os seus oponentes democratas, o republicano destacou que a vice-presidente Harris “é mais incompetente” do que Biden, que desistiu da corrida em 21 de julho.
“Francamente, acho que ela é mais incompetente do que ele. E isso quer dizer muito, porque ele não é muito bom”, disse Trump.
O ex-presidente destacou que na última semana do seu mandato, o país apresentou os níveis mais baixos de imigração ilegal. Ele também lembrou que Harris foi atribuída à tarefa de administrar a situação dos imigrantes ilegais na fronteira dos EUA.
“Deram-lhe o nome de czarina da fronteira e ela nem foi lá. Foi para um local que não tinha nada a ver com onde está o problema”, disse. Na análise de Trump, Harris “estava totalmente no comando” e “poderia ter fechado a fronteira”.
Como sua sugestão de intervenção não foi a seguida pelo governo democrata, o republicano avalia que agora os EUA vão ter a “maior deportação da história”, sublinhando que “não há outra opção se quisermos evitar níveis extremamente elevados de criminalidade”.
Falando sobre o panorama internacional, Trump criticou a forma como Biden abordou a guerra entre a Ucrânia e a Rússia. Para ele, o mandatário norte-americano disse “coisas estúpidas” sobre a Ucrânia tornar-se membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). “Isso é algo que a Rússia nunca aceitaria”, completou ele.
Trump também declarou que durante seu mandato, de 2016 a 2019, teve boas relações diplomáticas com a Rússia e que o presidente “[Vladimir] Putin era seu amigo”.
Falando sobre sistemas de segurança e defesa diante dos conflitos mundiais, Trump afirmou que vai construir um Domo de Ferro, sistema de proteção antimísseis de Israel, nos EUA.
“Teremos o melhor Domo de Ferro do mundo. Precisamos disso e vamos fabricar tudo nos Estados Unidos, mas teremos proteção, porque basta um maníaco para começar alguma coisa. Por que não deveríamos ter um Domo de Ferro? Israel tem”, insistiu Trump.
Sobre o momento que atravessa o Oriente Médio, em especial diante das ameaças de retaliação iraniana contra Israel após a morte do líder do grupo palestino Hamas, Ismail Haniyeh, em Teerã, Trump disse que “se fosse presidente, a situação não estaria como agora”.
O candidato republicano afirmou que durante o seu mandato presidencial “o Irã estava falido” e “não tinham dinheiro para o Hamas ou para o Hezbollah” porque “instou Pequim a não comprar petróleo iraniano”.
Na avaliação do republicano, durante sua Presidência, Israel “nunca teria sido atacado” porque “os Estados Unidos eram respeitados”.
Focando na América Latina, Trump e Musk também abordaram a questão da política de cortes de gastos do presidente argentino de extrema direita Javier Milei, baseado em corte de direitos dos cidadãos.
“Ele está fazendo um ótimo trabalho. Ele realmente reduziu. E estou ouvindo que isso está começando a funcionar muito bem: a inflação está caindo”, observou Trump.
“Mas vamos ter isso muito em breve”, alertou o ex-presidente, em relação aos Estados Unidos, ao afirmar que o país apresenta “a pior inflação em 100 anos”.
(*) Com RT en español, TeleSUR e Sputnik