Terça-feira, 10 de junho de 2025
APOIE
Menu

Após a vitória de Donald Trump, do Partido Republicano, na eleição presidencial dos Estados Unidos da última terça-feira (05/11), grupos de resistência no Oriente Médio classificados como terroristas pelo país norte-americano e combatidos por Israel, um dos maiores parceiros militares de Washington, se pronunciaram.

O Hezbollah declarou acreditar que o líder de extrema direita terá mais autoridade do que a candidata democrata Kamala Harris para frear a guerra de Israel no Líbano.

“Sabemos que a política norte-americana no Oriente Médio de apoio a Israel não mudará entre republicanos e democratas, mas acreditamos que Trump terá mais força que Biden ou Harris para frear o criminoso Netanyahu”, disse a fonte à agência italiana ANSA por um dirigente do grupo que preferiu se manter no anonimato.

Receba em primeira mão as notícias e análises de Opera Mundi no seu WhatsApp!
Inscreva-se

Israel conduz há cerca de um mês e meio uma ofensiva contra o Hezbollah no Líbano que já matou aproximadamente duas mil pessoas e eliminou líderes do grupo, incluindo o líder Hassan Nasrallah, vítima de um bombardeio em Beirute e substituído recentemente por Naim Qassem.

Já o Hamas, alvo da guerra de Israel na Faixa de Gaza há mais de um ano, exortou Trump a “aprender com os erros” do atual presidente Joe Biden, amplamente criticado pela política de apoio a Tel Aviv durante seu mandato, segundo uma declaração citada pela agência Reuters.

Além disso, Basem Naim, membro do gabinete político do grupo palestino, disse à AFP que o “apoio cego dos EUA” a Israel “deve acabar”, uma vez que se dá “em detrimento do futuro do nosso povo e da segurança e estabilidade da região”.

Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), oficialmente responsável pelo governo de Gaza – apesar da falta de estabelecimento de um Estado palestino – parabenizou Trump pela vitória nesta quarta-feira (06/11).

Ao desejar “sucesso” ao republicano, o líder palestino expressou sua aspiração de trabalhar com Trump pela paz e segurança na região, enfatizando o comprometimento do povo palestino com a busca pela liberdade, autodeterminação e condição de Estado, de acordo com o direito internacional.

“Permaneceremos firmes em nosso compromisso com a paz e estamos confiantes de que os Estados Unidos apoiarão, sob sua liderança, as aspirações legítimas do povo palestino”, declarou Abbas.

Israel Ministry of Foreign Affairs/Flickr
Durante sua Presidência entre 2017 e 2021, Trump desenvolveu proximidade com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu

Apesar das expectativas do representante da ANP, durante sua Presidência entre 2017 e 2021, Trump desenvolveu proximidade com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, de forma que transferiu a embaixada norte-americana do país de Tel Aviv para Jerusalém, derrubando décadas da política diplomática sobre os conflitos étnicos-religiosos na região.

Durante seu mandato, o ex-presidente também reconheceu o controle de Israel sobre as Colinas de Golã ocupadas na Síria e retirou-se do acordo nuclear com o Irã, todas exigências da agenda israelense, segundo a emissora Al Jazeera.

Desde o início do mais recente conflito no enclave palestino, o líder de extrema direita norte-americano realizou afirmações controversas, tanto em apoio à ofensiva contra o povo palestino, quanto em críticas ao governo Netanyahu.

Contudo, mais recentemente gabou-se da proximidade com o premiê de Tel Aviv. Desde a campanha eleitoral, analistas preveem que Netanyahu estaria adiando as oportunidades de cessar-fogo em Gaza à espera da vitória de Trump, que poderia criar um cenário mais favorável a Israel no acordo.

Por sua vez, o secretário-geral da Iniciativa Nacional Palestina, Mustafa Barghouti, admitiu em entrevista à Al Jazeera que a vitória republicana “traz muitos desafios”, mas que Netanyahu pode enfrentar “um presidente mais forte” do que Biden.

“Taticamente, Netanyahu pode enfrentar um presidente mais forte, e talvez isso o torne menos capaz de manobrar. Porque quando Trump disser para ele parar a guerra, ele terá que pará-la. Ele não poderá brincar com ele”, declarou à emissora.

Contudo, Barghouti apontou dois riscos para a região palestina com a volta do republicano à Casa Branca. “Há muita pressão do lado de Trump para apoiar o terrível plano de Netanyahu de anexar a Cisjordânia, o que significaria o assassinato total de qualquer possibilidade de paz ou da chamada solução de dois Estados”, disse ele.

“O segundo risco é permitir a limpeza étnica de Gaza e permitir a continuação deste terrível genocídio em Gaza e no Líbano”, afirmou.

(*) Com Ansa, Wafa, e informações da Al Jazeera