Neste final de semana, Kamala Harris e Donald Trump entram na reta final da campanha presidencial dos Estados Unidos, com comícios em estados-pêndulo que testarão sua resistência – e sua capacidade de persuadir os últimos eleitores indecisos do país.
Tanto a vice-presidente democrata Harris, quanto o ex-presidente republicano Trump tentam obter votos na Carolina do Norte, onde as pesquisas mostram que a diferença entre eles está dentro da margem de erro.
As agendas frenéticas dos candidatos se estenderão até segunda-feira (04/11), culminando com comícios tarde da noite – em Grand Rapids, Michigan, para Trump, e na Filadélfia, Pensilvânia, para Harris.
As pesquisas de opinião continuam a mostrar uma corrida empatada, especialmente nos sete estados-pêndulo que, provavelmente, determinarão o resultado no sistema do Colégio Eleitoral dos EUA, deixando o empresário republicano e sua rival democrata lutando arduamente para arrancar até mesmo fragmentos de apoio dos campos um do outro.
Na terça-feira (05/11), acontece a votação, mas a população norte-americana está votando antecipadamente há semanas, com mais de 72 milhões de cédulas já emitidas – incluindo um recorde de quatro milhões na Geórgia, onde os democratas tentam fazer de tudo para manter o estado em sua coluna.
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Na reta final da campanha, a candidata democrata está apelando para os eleitores centristas e impulsionando sua base para as urnas com um robusto esforço de divulgação do voto.
Durante o final de semana, Harris, que concorre para se tornar a primeira mulher presidente do país, fará comícios na Geórgia, Carolina do Norte e Michigan para transmitir sua mensagem de que Trump é uma ameaça à democracia dos EUA.
Um candidato “instável”
No sábado (02/11), a vice-presidente repetiu seu argumento de que o republicano “está cada vez mais instável” e “em busca de poder sem controle”, durante um comício ao ar livre no Atlanta Civic Center.
Ao contrário do cenário desenhado por Trump recentemente, onde apontou que iria remoer “uma lista de inimigos”, Harris afirmou que não acredita “que as pessoas que discordam de mim sejam inimigas. Ele quer colocá-los na prisão. Vou dar-lhes um lugar à mesa. Isso é o que os verdadeiros líderes fazem. É isso que líderes fortes fazem”, apontou.
Com Trump se recusando a dizer se aceitaria o resultado caso perdesse, as empresas da capital Washington começaram a fechar as fachadas das lojas, enquanto as autoridades da cidade alertam para um “ambiente de segurança fluido e imprevisível” nos dias após o fechamento das urnas.
Veja como Harris e Trump estão nas pesquisas nos estados-pêndulos
O candidato republicano já está alegando fraude e trapaça em estados decisivos como a Pensilvânia, preparando o terreno para o que pode ser um cenário ainda mais agitado, após a violência que irrompeu no Capitólio dos EUA após a votação de 2020.
Reforma radical de direita
Buscando um retorno à Casa Branca após a derrota para o democrata Joe Biden, Trump se tornou o primeiro candidato presidencial a ser condenado por crimes e promete uma reforma radical de direita no governo e guerras comerciais agressivas para promover sua política de “América em primeiro lugar”.
A equipe de Trump anunciou seus comentários de sábado como sua “mensagem final” três dias antes da eleição. Em seu discurso, o candidato abordou alguns de seus principais temas como imigração e economia – mas também fez muitos desvios e sua fala terminou com tons de misoginia.
“As mulheres precisam ser protegidas quando estão em casa, no subúrbio”, disse o ex-presidente, que ainda se referiu às eleitoras presentes na plateia: “se eu disser que elas são bonitas, será o fim da minha carreira política”.
No sábado, o republicano fez uma longa digressão sobre “as mulheres da Carolina do Norte”, referindo-se a um grupo de eleitoras que o segue por todo o país, mencionou o número de comícios aos quais as mulheres compareceram e depois disse: “não é possível que elas não estejam aqui…. Onde diabos elas estão, levante sua mão!”
Manifestações feministas e discurso do medo
Milhares de mulheres se manifestaram neste sábado, sob o tema “We Won’t Go Back” (Não voltaremos atrás), em cidades de todo o país em apoio a Harris e ao direito ao aborto, após Trump atacar um anúncio de TV democrata que mostrava esposas de seus apoiadores votando secretamente em Harris.
“Você consegue imaginar uma esposa que não diz ao marido em quem está votando?”, perguntou ele na Fox News na manhã de sábado.
Harris, que anteriormente repreendeu Trump por dizer que protegeria as mulheres quer elas “gostassem ou não”, incentivou os eleitores a “finalmente virar a página” do ex-presidente.
Na noite de sexta-feira (01/11), em Warren, Michigan, Trump afirmou que “a mensagem final de Kamala para os Estados Unidos é que ela odeia vocês”, disse. O ex-presidente ainda adicionou que “uma depressão econômica no estilo de 1929” ocorreria se ela fosse eleita.
Citando suas visões de política externa agressivas, Trump anteriormente havia evocado a imagem de Liz Cheney, uma ex-representante republicana que se tornou apoiadora de Harris, sendo baleada.
“Ela é uma falcão de guerra radical. Vamos colocá-la em um rifle com nove canos disparando contra ela, certo? Vamos ver como ela se sente, sabe, quando as armas estiverem apontadas para o seu rosto”, disse Trump.
Já Harris procurou aproveitar o poder de estrelas famosas como Beyoncé e Bruce Springsteen nos últimos dias da campanha. Jennifer Lopez, ícone pop de ascendência porto-riquenha, juntou-se a Harris no palco na quinta-feira (31/10), após as falas de um comediante chamando Porto Rico de “ilha flutuante de lixo”.