Kamala Harris, vice-presidente dos Estados Unidos, criticou as políticas de Donald Trump, seu oponente nas eleições presidenciais, pela morte de uma jovem mãe de 28 anos, na Geórgia, que não recebeu atendimento para um aborto, devido à proibição estadual de interrupção da gravidez após seis semanas.
“Estas são as consequências das ações de Donald Trump”, afirmou Harris nesta terça-feira (17/09), em resposta ao relatório divulgado pela ProPublica. As informações são do jornal britânico Guardian.
Segundo o relatório, um comitê de revisão médica da Geórgia classificou a morte da mulher como “evitável” e concluiu que havia uma “boa chance” de ela ter sobrevivido se tivesse passado por um procedimento D&C — utilizado para remover tecido fetal do útero — mais cedo. As últimas palavras dela para sua mãe antes de morrer foram: “Me prometa que vai tomar conta do meu filho”.
“Essa jovem mãe deveria estar viva, criando seu filho e perseguindo seu sonho de entrar na escola de enfermagem”, declarou Harris, que tem dado destaque à defesa do acesso ao aborto em sua campanha presidencial. “Isso é exatamente o que temíamos quando Roe foi derrubado.”
A candidata democrata se refere ao Roe v. Wade, caso de 1973, em que a Suprema Corte dos Estados Unidos determinou que a Constituição do país assegurava às mulheres grávidas o direito à liberdade individual, permitindo que elas optassem por realizar um aborto sem interferência ou restrição por parte do governo.
“As mulheres estão sangrando nos estacionamentos, sendo rejeitadas nas emergências, perdendo a capacidade de ter filhos. Sobreviventes de estupro e incesto são informadas de que não podem decidir o que fazer com seus corpos”, continuou Harris. “E agora, as mulheres estão morrendo.”
Harris também alertou a população para não confiar em Trump, que tem tentado adotar uma postura mais moderada sobre o tema. Durante sua presidência, ele indicou três juízes conservadores para a Suprema Corte, o que foi crucial para a revogação de Roe v. Wade.
Como candidato, Trump variou entre se orgulhar de seu papel na maior vitória política para os opositores do aborto em meio século, e expressar preocupação de que a postura radical de seu partido possa prejudicar suas chances eleitorais. Ele declarou que não aprovaria uma proibição federal do aborto, mas sua posição tem se mostrado flexível.
“Se Donald Trump tiver a chance, ele assinará uma proibição nacional do aborto, e essas realidades trágicas se multiplicarão”, afirmou Harris. “Precisamos aprovar uma lei para restaurar a liberdade reprodutiva. Quando eu for presidente dos Estados Unidos, assinarei essa lei com orgulho. Vidas dependem disso.”