A vice-presidente norte-americana, Kamala Harris, afirmou que os Estados Unidos estavam “prontos para virar a página” sobre Donald Trump, em sua primeira entrevista, na quinta-feira (29/08) como candidata democrata à Casa Branca, durante a qual defendeu suas ideias sobre energia, imigração e Israel.
Ela acusou o ex-presidente republicano de ter “dividido nossa nação”, em uma entrevista concedida à CNN durante uma viagem de campanha na Geórgia, um estado-chave no sul do país.
A candidata democrata, que escolheu uma mensagem de reconciliação política, considerou que “seria uma boa coisa para os norte-americanos que houvesse um ministro republicano em (seu) governo”, em caso de vitória na eleição presidencial de 5 de novembro.
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Questionada sobre temas sensíveis da campanha, Harris declarou que em caso de vitória “não proibiria” o fraturamento hidráulico, um método de extração de hidrocarbonetos criticado pelos defensores do meio ambiente.
“Podemos desenvolver uma economia próspera baseada em energias limpas sem proibir o fraturamento”, garantiu a vice-presidente. No passado, ela havia declarado ser contrária a essa técnica.
O tema é sensível, especialmente no disputado estado da Pensilvânia, onde o setor de hidrocarbonetos é uma importante fonte de empregos e renda.
Sobre a imigração, um dos temas favoritos de Trump, a democrata de 59 anos afirmou que deve haver “consequências” para as pessoas que entram ilegalmente no território norte-americano.
A vice-presidente, que no passado adotou posições mais progressistas nesses dois assuntos, garantiu que “seus valores não mudaram” “Sempre acreditei (…) que a mudança climática é uma realidade, que é uma questão urgente” e que os Estados Unidos devem ter “metas” em termos de emissão de gases de efeito estufa, declarou enfaticamente.
“Inconstante”
Os republicanos acusam a vice-presidente de ser “inconstante” em suas ideias.
“Mal posso esperar para debater com a ‘camarada’ Kamala e mostrar que ela é uma impostora. Harris mudou de posição sobre todos os assuntos”, disse Trump em sua plataforma Truth Social, em referência ao confronto previsto para 10 de setembro com sua rival.
O bilionário de 78 anos multiplica os ataques pessoais contra Kamala Harris desde que ela entrou na corrida eleitoral, após a retirada do presidente democrata Joe Biden em 21 de julho.
Ele a acusou, em particular, de “se tornar negra” por razões eleitorais.
Questionada sobre isso, Harris, filha de um pai jamaicano e de uma mãe indiana, não quis se alongar, considerando que se tratava de “a mesma velha ladainha”, e acrescentando: “próxima pergunta, por favor.”
Sobre outra questão politicamente sensível, ela reiterou seu apoio ao direito de Israel “de se defender” e respondeu “não” à pergunta sobre se, como presidente, ela suspenderia as entregas de armas norte-americanas a Israel, enquanto a guerra em Gaza continua há quase 11 meses.
A democrata também declarou que “muitos palestinos inocentes foram mortos” e pediu “um cessar-fogo”.
Segundo as pesquisas, o duelo com Trump permanece indefinido, embora a candidata democrata esteja em uma posição melhor do que o presidente Biden estava.
Assim como Harris, Trump percorre os “swing states”, os estados-pêndulo que prometem ser particularmente disputados em novembro, dos quais a Geórgia faz parte.
O candidato republicano, por sua vez, visitou na quinta-feira o Michigan e, em seguida, o Wisconsin.