As eleições presidenciais nos Estados Unidos serão decididas entre os candidatos dos partidos tradicionais, a democrata Kamala Harris e o republicano Donald Trump, mas eles não são os únicos participantes dessa disputa.
Outros cinco candidatos estão na briga, em campanhas com quase nenhuma repercussão na mídia tradicional ou com atuação limitada a certos setores específicos da sociedade norte-americana.
Conheça os nomes que concorrem à Presidência dos Estados Unidos por partidos de menor expressão:
Jill Stein
Médica de 74 anos, Jill Stein é a candidata presidencial do Partido Verde dos Estados Unidos e tem como vice o historiador Butch Ware. Ela é conhecida no país por ser uma defensora de causas ambientais e de uma plataforma que descreve como “ecossocialista”, pela qual aborda temas como a melhoria dos padrões de qualidade do ar e o fim do uso de combustíveis fósseis, entre outras bandeiras.
O slogan da campanha verde enfatiza três palavras iniciadas com a letra P: pessoas, planeta e paz. A candidatura de Stein defende o que se conhece nos Estados Unidos como “novo acordo verde” (no original, “green new deal”), que consiste em reforçar os investimentos em tecnologia verde e em transformações na infraestrutura industrial para incentivar o uso de energias renováveis e de maquinaria e procedimentos menos prejudiciais ao meio ambiente.
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Stein é a única candidata judia que participa destas eleições e uma das que repudia abertamente o genocídio cometido por Israel contra os palestinos residente na Faixa de Gaza, apoiando o reconhecimento do Estado da Palestina e a solução de dois Estados para colocar fim ao conflito no Oriente Médio.
Seu engajamento na causa palestina a levou a participar de algumas das ocupações realizadas por estudantes em universidades do país no primeiro semestre deste ano, em protesto contra o massacre em Gaza. Em abril, a candidata chegou a ser presa durante uma dessas atividades, um ato pró-Palestina na Universidade de Saint Louis, no Estado do Missouri.
Além disso, Stein é uma das fundadoras da Coalizão por Comunidades Saudáveis de Massachusetts e foi uma das organizadoras da Convergência Climática Global para Pessoas, Planeta e Paz acima do Lucro.
Claudia de la Cruz
Educadora, ativista e teóloga de 43 anos, Claudia de la Cruz é candidata do Partido pelo Socialismo e Libertação, de orientação marxista-leninista. A chapa tem como vice a também educadora e ativista Karina Garcia.
Além de terem as mesmas profissões, as duas são filhas de imigrantes: os pais de Claudia são oriundos da República Dominicana, enquanto os de Karina vieram do México.
A plataforma política da candidatura socialista têm entre seus focos principais a defesa dos direitos dos imigrantes e o combate às desigualdades sociais nos Estados Unidos. A campanha prega o desinvestimento na indústria de armas e nos combustíveis fósseis, junto com a taxação das grandes fortunas para financiar a criação de programas de renda mínima e outros auxílios para setores sociais vulneráveis.
Claudia também defende o fim das políticas de bloqueios e sanções econômicas dos Estados Unidos contra diversos países, especialmente contra Cuba e Venezuela.
Com relação ao cenário do Oriente Médio, a candidata socialista mantém uma postura de forte crítica ao genocídio cometido por Israel contra os palestinos residentes na Faixa de Gaza. Ela defende a criação do Estado da Palestina e o fim do apoio financeiro e militar que a Casa Branca entrega a Tel Aviv.
Claudia é mestre em Trabalho Social formada pela Universidade de Columbia e foi cofundadora e diretora do projeto The People’s Forum, espaço de educação política e cultural em Nova York.
Chase Oliver
Ativista de 38 anos, Chase Oliver é o candidato presidencial do Partido Libertário e tem como vice o economista Michael ter Maat.
Oliver é o candidato mais jovem participando da disputa e defende uma plataforma baseada no discurso de diminuição do Estado. Seu partido acredita que a presença do Estado prejudica o desenvolvimento das iniciativas e decisões dos cidadão na vida social do país.
A partir dessa premissa, a campanha de Chase defende abertamente causas consideradas progressistas, como o direito ao aborto e direitos civis à população LGBTQIA+, pregando “o direito do indivíduo de fazer suas escolhas sem a interferência do Estado”.
O candidato concentra parte do seu eleitorado em alguns movimentos de diversidade sexual, apesar de uma polêmica relacionada ao fato de ele ser contra a cirurgia de transição de gênero para menores de 18 anos – o que faz com que parte da comunidade transgênero o ironize por “defender a intervenção do Estado” nesse caso.
A trajetória eleitoral do libertário acumula duas derrotas nesta década, ambas em eleições pelo Estado da Geórgia: em 2020, quando tentou se eleger deputado, e em 2022, em disputa para o Senado.
Sua plataforma inclui o argumento do “direito individual das pessoas a comprar armas”, mas no âmbito dos conflitos internacionais envolvendo os Estados Unidos, Oliver é considerado um candidato anti-guerra: ele advoga pelo fim da ajuda financeira e militar do país tanto à Ucrânia quanto a Israel, e afirmou diversas vezes considerar a ofensiva israelense na Faixa de Gaza como um “genocídio” contra os palestinos.
Cornel West
Acadêmico, escritor e filósofo de 71 anos, Cornel West é o candidato presidencial do partido Justiça para Todos, e tem como vice a também acadêmica Melina Abdullah.
A candidatura de West surgiu em meio a uma polêmica, já que durante o segundo semestre de 2023 ele chegou a afirmar que seria lançado pelo Partido Verde, que posteriormente anunciou sua chapa liderada por Jill Stein. Em janeiro deste ano, o filósofo apresentou sua campanha pelo Justiça para Todos.
Em seus discursos, West foca suas críticas no atual presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, quem ele acusa de ser o autor intelectual de uma lei aprovada em 1994, durante o governo de Bill Clinton (1993-2001) que promoveu o encarceramento em massa no país, afetando principalmente as populações negras, indígenas e imigrantes.
O filósofo e professor da Universidade de Princeton afirma que Biden e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) são responsáveis por “provocar a guerra na Ucrânia”. Ele diz que antes da invasão russa ao território ucraniano, Kiev realizou diversos atos de provocação contra Moscou, atacando a população de ascendência russa que vivia na região de Donbass, e que essas ações foram possibilitadas pelo respaldo dado por Washington e pela aliança militar ocidental.
West também é contra o apoio dos Estados Unidos a Israel e utiliza a palavra “genocídio” para classificar as operações de Tel Aviv contra a Faixa de Gaza e contra a população palestina residente na região.
O programa do candidato defende a criação de um amplo sistema público de saúde, que, segundo ele, seria “muito mais abrangente e eficiente” que o Obamacare, em referência ao que foi lançado em 2010 pelo então presidente Barack Obama (2009-2017).
Outra proposta de West é a criação de um programa nacional de moradia pública, para garantir o “direito universal à moradia”.