O candidato republicano nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, Donald Trump, disse na noite de domingo (03/11) que “não deveria ter saído“ da Casa Branca após perder o pleito de 2020 contra o atual presidente Joe Biden.
Trump usou o palanque para voltar a insistir que as pesquisas eleitorais mentem, que ele está estaria na frente de sua oponente democrata Kamala Harris e que estão tentando fraudar as eleições, dando direito a voto a imigrantes sem nacionalidade. “Os EUA são agora um país ocupado. São milhares de pessoas espalhadas por todas as nossas cidades“, disse no último comício do dia, na Geórgia, depois de ter feito campanha na Pensilvânia e Carolina do Norte.
O discurso sobre fraude prepara o terreno para contestar eventuais resultados eleitorais negativos num pleito que deve ser decidir por pouca diferença. Mas é um discurso com forte eco entre seus apoiadores.
Mais de 78 milhões de norte-americanos já votaram antecipadamente nesta eleição presidencial em que todas as pesquisas indicam empate técnico. O número representa quase metade dos 160 milhões de votos emitidos em 2020, quando os EUA tiveram a maior participação eleitoral da sua história.
As sondagens da ABC News mostram Trump ganhando em cinco dos sete estados que devem decidir o pleito, mas o Washington Post diz que sua agregação de pesquisas tem Harris à frente em quatro desses estados. Já nos levantamento do New York Times, Trump está à frente em quatro, Harris em dois e ambos empatados na Pensilvânia. Esta última pesquisa mostra a democrata com 8% acima do republicano entre os eleitores antecipados, mas também mostra que o ex-presidente vence entre os que ainda não votaram, mas pretendem fazê-lo.
Acusações podem inibir votos
Mesmo assim, as suspeitas e investigações abertas sobre a nacionalidade de muitos votantes podem estar sendo uma arma política eficiente para inibir o voto de muitos imigrantes que adquiriram a nacionalidade recentemente.
No Tenessee, as autoridades eleitorais enviaram 14.375 cartas a eleitores registrados exigindo que verifiquem sua cidadania e ameaçando-os com um processo penal por votação ilegal.
“É uma política que funciona e infunde medo, sobretudo em pessoas que levaram anos sofrendo as agruras de viver ilegalmente no país“, explicou Kathleen Bush-Joseph, analista do Instituto de Políticas de Migração (MPI) em entrevista à agência de notícias EFE. Segundo ela, essas acusações de fraudes, assim como os esforços por eliminar eleitores das listas aumentaram muito desde 2020. E muita gente vem encontrando dificuldades para conseguir os papéis que comprovam sua nacionalidade.
Em Indiana, os republicanos solicitaram ao Serviço de Cidadania e Imigração que averiguasse a nacionalidade de quase 600 mil eleitores inscritos. Em Iowa, um juiz federal determinou que pode-se continuar contestando a validade de centenas de cédulas de possíveis não cidadãos.
Não lamentaria jornalistas alvejados
Trump também atacou seu terceiro alvo preferido: a imprensa. Falando por trás de um vidro à prova de balas, o republicano lembrou que esses escudos tinham lacunas e que não se importaria se jornalistas acabassem alvejados em um eventual novo atentado contra eles.
“Para me pegar, teriam que atirar nas notícias falsas e eu não me importaria tanto com isso“, disse ele, acrescentando que os jornalistas eram “pessoas seriamente corruptas“. Mais tarde, seu diretor de comunicações disse que o ex-presidente foi mal interpretado, que ele estava manifestando preocupação com o bem estar dos profissionais de comunicação.
Pela autodeterminação da Palestina
Já Harris fez neste domingo seu discurso mais abertamente pró-Palestina no comício em Michigan, onde há um grande contingente de eleitores árabes e muçulmanos.
“Como presidente, farei tudo o que está ao meu alcance para por fim à guerra em Gaza, devolver os reféns às suas casas e acabar com o sofrimento em Gaza, garantir a segurança de Israel e me assegurar que o povo palestino possa conseguir seu direito à dignidade, liberdade, segurança e autodeterminação”, disse.
Michigan tem registrados 240 mil eleitores muçulmanos, a maioria dos quais votou em Biden em 2020. Entretanto, a postura do governo Biden de apoiar e armar Israel contra o mundo árabe fez com que as últimas pesquisas dessem vantagem a Trump em Michigan. Foi a quarta parada de Harris nesse estado, onde também falou numa igreja de Detroit e numa barbearia em Pontiac.
Nesta segunda-feira (04/11), Harris deve fazer campanha nas cidades de Allentown, Pittsburgh e Filadélfia, na Pensilvânia; enquanto Trump estará na Carolina do Norte, Pensilvânia e em Michigan .