Os Estados Unidos elegeram o candidato do Partido Republicano, Donald Trump, como o novo presidente nas eleições da última terça-feira (05/11). Nesta quarta (06/11), os principais jornais norte-americanos e do mundo repercutem a vitória do líder de extrema direita à Casa Branca contra sua oponente Kamala Harris, do Partido Democrata.
New York Times
O jornal norte-americano The New York Times estampa na primeira página de seu site que a “tempestade Trump retorna”, afirmando que a eleição do republicano é um “impressionante retorno” após uma campanha eleitoral “escura e desafiadora” que “sobreviveu” por condenações criminais, indiciamentos e ataques contra sua vida.
Com diversas matérias dedicadas a cobrir a volta de Trump à Casa Branca, o NYT aponta para a inauguração de “uma nova era de incerteza” após conquistar a Presidência “jogando com medo dos imigrantes e preocupações econômicas”, mas reconhece que este é “um retorno notável ao poder”.
“Sua vitória sinalizou o advento do isolacionismo, tarifas abrangentes e acerto de contas”, resume o periódico.
Em outro artigo, o NYT define Trump em três palavras: “Pária, Criminoso, Presidente Eleito”, ressaltando que após os ataques ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021, recusando-se a reconhecer sua então derrota contra Joe Biden, “até mesmo muitos republicanos acreditaram que a carreira política do ex-presidente estava acabada”, mas que “ele provou que todos estavam errados”.
Washington Post
“Um retorno de Trump” em caixa alta configura a manchete do Washington Post sobre a vitória do republicano na votação da última terça-feira (05/11).
Além de trazer diversos gráficos tanto dos resultados presidenciais, quando do Senado e Câmara dos Representantes, o WP informa que a vitória do republicano se der por “manter sua maioria entre eleitores homens e brancos sem diploma universitário, ao mesmo tempo em que teve um desempenho superior entre eleitores democratas históricos, como latinos e eleitores jovens”.
O jornal lembra que Trump retorna à Casa Branca após uma condenação criminal no caso de compra de silêncio da atriz pornô Stormy Daniels para evitar um escândalo sexual durante as eleições de 2016 e dois impeachments, o presidente eleito “surfa em uma onda de insatisfação dos eleitores com a direção do país sob quatro anos de liderança democrata”.
O WP analisa que Trump venceu o pleito “ao prometer conter a inflação, reprimir imigrantes ilegais e acabar com conflitos no exterior”, enquanto Harris perdeu ao ser “incapaz de superar a ampla desaprovação de Biden e cometer erros estratégicos, como dizer que não discordava de Biden em nenhum tópico”.
Associated Press
A agência Associated Press destaca que “Trump vence enquanto o Congresso ainda está no limbo”, referindo-se à incerteza quanto aos resultados da Câmara de Representantes dos EUA.
Em sua cobertura ao vivo, a AP afirma que sua vitória é “um retorno extraordinário para um ex-presidente que se recusou a aceitar a derrota há quatro anos, desencadeou uma insurreição violenta no Capitólio, foi condenado por crimes graves e sobreviveu a duas tentativas de assassinato”.
A agência também identificou que foi uma “vitória decisiva” em uma “nação profundamente dividida”.
“O presidente eleito republicano expôs uma fraqueza fundamental dentro da base democrata e rebateu as preocupações sobre suas falhas morais”, analisou ainda.
Segundo a agência norte-americana, Trump “conquistou eleitores frustrados com promessas ousadas de que sua marca ardente de populismo econômico “América em primeiro lugar” e cultura conservadora tornariam suas vidas melhores”.
Em relação aos seus discursos xenofóbicos e anti-imigratórios, a publicação afirma que “há razões para acreditar que seus planos de deportações em massa e tarifas enormes podem prejudicar as mesmas pessoas que possibilitaram sua vitória”.
The Guardian
O jornal britânico The Guardian se referiu à vitória do republicano como “um momento extraordinário e devastador” na história do país, especulando possíveis cenários “com implicações dramáticas” que podem ser desenhados em seu segundo mandato no que diz respeito às pautas internacionais – como as guerras na Ucrânia e no Oriente Médio -, além das nacionais – como a ameaça à democracia norte-americana, os direitos reprodutivos e o futuro ambiental.
“Será um enorme desafio”, pontuou, destacando também os riscos à liberdade de imprensa.
Le Monde
Em seu editorial, o jornal francês Le Monde destacou que Trump se manifestou “ainda mais radical do que há oito anos” e que seus eleitores sabiam “perfeitamente” disso.
“O fim de um ciclo americano, o de uma superpotência aberta e engajada no mundo, que deseja estabelecer-se como modelo democrático – a famosa ‘cidade que brilha na colina’ elogiada pelo presidente Ronald Reagan. O modelo já havia sido minado nas últimas duas décadas. O regresso de Donald Trump crava um prego no seu caixão”, afirma o veículo.
O Le Monde também indicou que a vitória do republicano ameaça uma possível ruptura na Europa caso suas promessas de interromper a ajuda militar à Ucrânia e negociar uma paz com o presidente russo Vladimir Putin, com quem o atual mandatário democrata Joe Biden manteve relações conflituosas, sejam concretizadas.
El País
O jornal espanhol El País mencionou o retorno do republicano após sua “saída tempestuosa” em 2020, quando foi derrotado por Biden, contestou o resultado eleitoral e promoveu atos violentos no Capitólio. Para o periódico, Trump é uma figura “carismática”, mas seu triunfo abre um estágio de incerteza para o futuro dos Estados Unidos.
Logo no primeiro parágrafo de seu texto, o jornal explicou que Trump usou a “xenofobia” para se beneficiar da frustração do povo norte-americano, que se queixava principalmente do aumento do número de imigrantes no país e os altos índices de inflação decorrentes da pandemia.
O El País também destacou ainda o fato de o magnata ter se tornado “o primeiro criminoso condenado eleito presidente”.
“Talvez muitos nos Estados Unidos ainda não estejam prontos para eleger uma mulher presidente, e menos ainda se ela também for descendente de indianos e afro-americanos”, avaliou.
Al Jazeera
Saindo do Ocidente, a emissora originária no Catar Al Jazeera, destaca sua cobertura ao vivo das eleições presidenciais norte-americanas, transferindo para segundo plano o noticiário sobre a guerra de Israel na Faixa de Gaza e no Líbano.
Além das informações e gráficos, o jornal analisa o que um segundo governo de Trump pode significar para a política externa dos EUA, especialmente em relação à guerra na Ucrânia, os conflitos no Oriente Médio e a histórica disputa com a China.
“A vitória de Trump na esteira de uma campanha acirrada para a eleição nos Estados Unidos, dominada por sua retórica incendiária, e provavelmente deixará grande parte do mundo nervoso”, afirma o artigo.
O jornal lembra que durante sua campanha, Trump afirmou que seria capaz de acabar com a guerra na Ucrânia em 24 horas após sua posse, levar paz ao Oriente Médio e exercer domínio sobre a China.
Os especialistas ouvidos pela Al Jazeera confirmam que “ele deve ser levado muito a sério”.