O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, começou a formar, nesta semana, sua equipe para o segundo mandato, com nomeações que destacam suas prioridades em áreas como imigração, segurança nacional e política externa.
Entre os nomes mais comentados está o de Marco Rubio, senador da Flórida, cotado para assumir o cargo de secretário de Estado. A indicação de Rubio, um defensor de uma política externa mais intervencionista, reforça a postura agressiva do republicano nas questões internacionais, conforme noticiado pelo New York Times.
Filho de imigrantes cubanos, Rubio é um dos principais aliados de Trump em políticas de sanções, incluindo a adoção de severas restrições contra o governo de Nicolás Maduro, da Venezuela.
Em 2019, o político da Flórida teve papel fundamental na imposição das sanções contra o país, defendendo um enfrentamento direto ao regime de Maduro, algo que ressoou com a postura de Trump em relação à América Latina.
“Ele escolheu uma batalha que não pode vencer”, disse Rubio sobre Maduro na época, em uma entrevista ao NYT. “É apenas uma questão de tempo. A única coisa que não sabemos é quanto tempo levará – e se será pacífico ou sangrento.”
No início do ano, o republicano se reuniu com o atual presidente da Argentina, Javier Milei, e o chamou de um “forte aliado dos Estados Unidos com um plano ousado para salvar a Argentina de um século de políticas socialistas desastrosas”.
Great meeting today with @JMilei, a strong ally of America with a bold plan to save #Argentina from a century of disastrous socialist policies. We should help him succeed! pic.twitter.com/b6bfDuW1yk
— Marco Rubio (@marcorubio) February 20, 2024
Em uma entrevista concedida em outubro ao jornal The Hill, Trump apontou que o “maior erro” de seu primeiro mandato foi a escolha de “pessoas ruins e desleais”, sugerindo que as nomeações para seu novo governo devem ser mais alinhadas com sua visão política.
Confira as indicações confirmadas até agora:
Susie Wiles, chefe de Gabinete
Susie Wiles, que liderou a campanha de Trump em 2024, foi nomeada para chefiar a Casa Branca. Com uma longa trajetória como estrategista republicana, Wiles participou da campanha de Ronald Reagan em 1980 e ajudou a eleger o governador da Flórida, Ron DeSantis, em 2018. Ela é a primeira mulher a ocupar o cargo de chefe de gabinete.
Stephen Miller, vice-chefe de Gabinete para Política
Stephen Miller, conhecido por sua postura rigorosa em relação à imigração, foi conselheiro sênior durante o primeiro mandato de Trump e é um defensor da política de deportações em massa. Atualmente, Miller lidera a organização America First Legal, que tem em mente se opor a ações do governo Biden.
Mike Waltz, conselheiro de Segurança Nacional
O congressista republicano da Flórida, Mike Waltz, foi convidado para o cargo de conselheiro de Segurança Nacional. Waltz, veterano de guerra, enfrentará desafios como a continuidade do apoio militar à Ucrânia e tensões com Rússia e Coreia do Norte.
Elise Stefanik, embaixadora dos EUA na ONU
Trump escolheu a deputada Elise Stefanik para ser a representante dos EUA na ONU. Crítica da postura da organização, especialmente em relação a Israel, Stefanik defende uma revisão do financiamento norte-americano à entidade.
Tom Homan, “czar da fronteira”
Ex-diretor do ICE — sigla para a Imigração e Alfândega — do país, Tom Homan foi nomeado para supervisionar as fronteiras dos EUA, com foco na deportação de milhões de imigrantes indocumentados. Durante o primeiro governo Trump, Homan teve um papel central na implementação da política de separação de famílias de imigrantes.
Lee Zeldin, chefe da Agência de Proteção Ambiental
O ex-deputado Lee Zeldin foi indicado para liderar a Agência de Proteção Ambiental (EPA). Zeldin tem como uma de suas prioridades a restauração do domínio energético dos EUA e a revitalização da indústria automotiva.
Nomeações de recesso: uma forma de evitar as sabatinas?
Os republicanos estão próximos de conquistar a maioria na Câmara dos Deputados, o que poderia permitir maior influência sobre o orçamento e outras decisões políticas.
Trump também solicitou aos principais líderes republicanos no Senado que aceitem as “nomeações de recesso”, um procedimento que permite ao presidente preencher cargos sem a necessidade de confirmação imediata da casa.
Essa prática, embora polêmica, tem sido uma maneira de acelerar a formação de um novo governo encontrada por outros presidentes. O uso das nomeações de recesso, embora restrito por uma decisão da Suprema Corte de 2014, continua a ser uma ferramenta que Trump pretende utilizar para garantir uma rápida implementação de sua agenda, mesmo antes da confirmação formal do Senado.