O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou que planeja declarar emergência nacional na segurança das fronteiras e acionar as Forças Armadas para executar a deportação em massa dos imigrantes sem documentação.
Em sua plataforma Truth Social, ele citou nesta segunda-feira (18/11) a postagem de um ativista conservador de que ele iria “usar recursos militares para reverter a invasão de Biden com um programa de deportação em massa”. “Verdade!”, comentou Trump.
A imigração foi um dos temas centrais em sua campanha eleitoral, em que prometeu deportar milhões e estabilizar a fronteira com o México, que um número recorde de migrantes teria atravessado durante a Presidência do democrata Joe Biden.
Após um pico de 250 mil em dezembro de 2023, o número atual de migrantes interceptados na tentativa de atravessar sem autorização a fronteira do México é aproximadamente o mesmo que em 2020, último ano do primeiro mandato trumpista.
Em seus comícios, o candidato republicano evocou repetidamente a Lei dos Inimigos Estrangeiros (Alien Enemies Act), de 1798, como meio de acelerar as deportações. No entanto, críticos objetam que ela é obsoleta, tento sido empregada pela última vez durante a Segunda Guerra Mundial para manter norte-americanos de origem japonesa em campos de concentração sem o devido processo legal.
Trump e os estrangeiros que “envenenam o sangue”
Além de distorcer estatísticas e dados sobre a política migratória democrata, o magnata nova-iorquino não hesitou em empregar retórica incendiária e xenófoba, com alarmes de que estrangeiros estariam “envenenando o sangue” dos EUA, preparando uma invasão que resultaria no estupro e assassinato de norte-americanos.
Ao anunciar o futuro gabinete, ele tem destacado figuras linha-dura, indicando seu ex-diretor interino de Imigração e Fiscalização Aduaneira (ICE) Tom Homan como novo “czar das fronteiras”. Durante a Convenção Nacional Republicana de julho, este declarara: “eu tenho uma mensagem para os milhões de imigrantes ilegais que Joe Biden soltou no nosso país: é melhor começarem a fazer as malas.”
Reagindo à recente postagem de Trump, a governadora do Arizona, democrata Katie Hobbs, declarou-se disposta a colaborar com o futuro governo na segurança das fronteiras em questões como o tráfico de opioides, porém não em áreas que possam prejudicar as famílias locais, como a deportação em massa.
As autoridades norte-americanas calculam em 11 milhões o número de cidadãos vivendo no país sem a documentação exigida. Caso concretizado, o programa de deportação de Trump deverá afetar diretamente cerca de 20 milhões de famílias.