O candidato à Presidência da Argentina Alberto Fernández, que venceu as eleições p´rimárias do ´último domingo (11/08), criticou o pacote econômico anunciado nesta quarta-feira (14/08) pelo atual mandatário, Mauricio Macri, após o agravamento da crise econômica do país.
Para Fernández, as medidas anunciadas pelo governo vêm de forma “tardia e desesperada”, e sem convicção. “É como o Pai Nosso que os ateus rezam antes de morrer. Então, não tem nenhuma convicção. Só rezam para o caso de haver vida do outro lado”, disse à rádio argentina El Destape.
“Ele [Macri] tenta mover o consumo e isso não é ruim, mas desse jeito é muito perigoso. Ele faz isso por necessidade eleitoral e não por convicção, afirmou. “O presidente está em um momento difícil e eu o entendo, mas nota-se que ele não está convencido do que está fazendo e agora deve priorizar seu papel como presidente e não como candidato.”
Além disso, Fernández afirmou ao El Destape que não vai se reunir com Macri, dizendo que “não faz sentido” encontrá-lo. “Vou ajudar em tudo o que estiver ao meu alcance. O presidente é que não entende que tem que governar, e vou ajudar a governar. Mas que governe até o último dia, isso é o que quero. E, na verdade, não tem sentido: se espera que concorde [com o que Macri propor], vai ser muito difícil, porque tenho outra concepção de país”, disse.
Medidas econômicas
O pacote de Macri prevê aumento de salários e congelamento de preços de combustíveis. O presidente anunciou um aumento de 2 mil pesos (R$136,90 na cotação de hoje) no salário mínimo dos trabalhadores do setor privado e de 5 mil (R$342,30 na cotação de hoje) pesos nos servidores estatais. O salário mínimo na Argentina vale cerca de US$ 225, R$ 902.
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‘É como o Pai Nosso que os ateus rezam antes de morrer’, disse candidato à Presidência da República
Mesmo após o anuncio do presidente, o dólar no país chegou a $61 pesos, registrando um aumento de mais de 5% com relação ao fechamento desta terça-feira (13/08).
Em mensagem gravada na Casa Rosada, sede do governo, Macri ainda se desculpou por ter responsabilizado a vitória da chapa de Alberto Fernández-Cristina Kirchner nas eleições primárias pelo acirramento da crise no país e disse que o fez pois estava “triste” e “sem dormir”.
“Quero pedir desculpas pelo que disse na coletiva de segunda-feira. Fiz aquilo porque estava muito afetado pelo resultado de domingo. Além disso, estava sem dormir e triste pelas consequências na economia”, afirmou Macri.
Eleições
Durante o anúncio, Macri pediu aos eleitores que fossem “responsáveis”, afirmando que “muito está em jogo”. “Nas últimas 48 horas ficou claro que a incerteza política criou muitos danos e nos obriga a ser responsáveis”.
Macri, que saiu derrotado das PASO após a chapa kirchnerista angariar 47% dos votos, disse que escutou “a mensagem que deram nestas eleições”. “Sei que custa chegar ao fim do mês, as privações. Acharam que ia ser mais fácil. E eu também achei.”
Na última segunda-feira (12/08), após a derrota nas primárias, o mercado “se vingou” da derrota e o dólar no país chegou a custar mais de $60 pesos, enquanto a bolsa argentina caiu cerca de 33%.
Em entrevista coletiva na mesma segunda, o presidente culpou a chapa vitoriosa pelo agravamento na crise e disse que as reações do mercado eram por falta de confiança do mundo com os kirchneristas.
Nesta terça-feira (13/08), intelectuais e personalidades argentinas exigiram que Macri assumisse a responsabilidade pela crise e afirmaram que quando o mandatário culpou o resultado das eleições ele atacou a democracia.