A inflação na Argentina voltou a subir e fechou o mês de setembro em 5,9%, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (16/10) pelo Indec (Instituto Nacional de Estatísticas e Censos da Argentina) registrando o maior índice de 2019.
Desde o início do ano, o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) acumulou uma alta de 37,7%. Já em 12 meses, o aumento foi de 53,5%.
Segundo o jornal Pagina 12, o aumento da inflação em setembro se explica pela desvalorização do peso argentino após o resultado das eleições primárias (PASO) no país, das quais a chapa oposicionista formada por Alberto Fernández e a ex-presidente Cristina Kirchner saiu vencedora.
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Com o favoritismo da esquerda nas eleições presidenciais que serão realizadas no dia 27 de outubro, os mercados “se vingaram” do presidente Mauricio Macri e o dólar no país disparou chegando a subir mais de 33% um dia depois da votação. Dias depois, o governo de Macri, que chegou a culpar a vitória de Fernández pela crise, declarou moratória.
O IPC de setembro já configura também em um dos mais altos índices da gestão Macri, ficando atrás apenas das cifras de setembro de 2018, que chegou em 6,5%, e abril de 2016, quando a inflação fechou em 6,7%. De acordo com o jornal Clarín, a inflação anual pode fechar entre 55% e 57%, cifra recorde nos últimos trinta anos.
Reprodução/Mauricio Macri
Após primárias, mercados "se vingaram" do presidente Mauricio Macri
O item que sofreu a maior alta em setembro foi “roupas e calçados”, que registrou um aumento de 9,5%. Entretanto, “alimentos e bebidas”, que é o setor de maior incidência sobre os lares, subiu 5,7%.
Além disso, os produtos alimentícios que mais tiveram alta nos preços foram os pães, farinha de trigo, manteiga, frango e biscoitos, que estão entre os mais consumidos por famílias argentinas.
'Seja sério'
Pelo Twitter, o peronista Alberto Fernández, candidato favorito para as eleições presidenciais argentinas que se realizarão dentro de uma semana e meia, criticou a gestão de Macri pelo aumento da inflação e pediu que o presidente “seja sério”.
“Existem índices que arruínam a vida das pessoas e condenam milhões à pobreza. Presidente Mauricio Macri, seja sério e preste atenção ao índice de inflação que dá conta da qualidade de seu governo”, afirmou Fernández.
El presidente está preocupado porque levanto mi índice al hablar. Pero hay índices que le arruinan la vida a la gente y condenan a millones a la pobreza.
Presidente @mauriciomacri, sea serio y preste atención al índice de inflación, que da cuenta de la calidad de su gobierno. https://t.co/Y0NSfFgzoU
— Alberto Fernández (@alferdez) October 16, 2019
Se a inflação se manter neste ritmo de crescimento, Macri deve chegar ao fim do mandato, em dezembro, com uma alta acumulada de 230% na inflação desde o mesmo mês de 2015, quando assumiu a presidência. Durante a campanha vitoriosa daquele ano, o argentino havia prometido que baixaria a inflação, então na casa dos 20%, e que o país teria pobreza zero.