O candidato Luis Arce, do MAS (Movimento ao Socialismo), foi eleito presidente da Bolívia, em primeiro turno, com 55,1% dos votos. O resultado arrasador foi confirmado com a apuração de 100% das urnas. Em segundo lugar, aparece o ex-presidente Carlos Mesa, com 28,83% dos votos – uma diferença de mais de 26 pontos percentuais.
As pesquisas de boca de urna e os resultados preliminares já apontavam a vitória, mesmo que por um resultado ligeiramente menor, de Arce, que foi ministro dos governos de Evo Morales (2006-2019). Mesa e a autoproclamada presidente Jeanine Áñez, que assumiu o cargo após o golpe que derrocou Morales, já haviam reconhecido no começo da semana o triunfo de Arce.
Com o resultado, Arce assume o cargo junto com o vice, o também ex-ministro David Choquehuanca. Segundo o Tribunal Supremo Eleitoral (TSE), o novo presidente deve ser empossado na primeira quinzena de novembro, junto com os novos membros do poder Legislativo.
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A data traz um simbolismo. A posse deve ocorrer muito próximo das datas em que o golpe de Estado que levou à derrubada de Morales por parte dos militares: o então presidente caiu no dia 10 de novembro, e a então segunda-vice-presidente do Senado, a hoje presidente Áñez, assumiu o cargo no dia 12.
Vitória
Ainda na noite da eleição, ocorrida no último domingo, Arce falou em recuperação da democracia. “Recuperamos a democracia e a esperança. Vamos redirecionar nosso processo de mudança sem ódio, defendendo e superando nossos erros”, disse.
“Vamos governar para todos os bolivianos, vamos construir um governo de unidade nacional, vamos construir a unidade em nosso país. Ao longo deste dia, estamos recuperando a certeza”, afirmou.
Para vencer já no primeiro turno, Arce precisava conseguir, no mínimo, 40% dos votos e uma diferença igual ou superior a 10 pontos percentuais em relação ao segundo colocado – ou metade mais um dos votos.
Tendo como candidato a vice o ex-chanceler David Choquehuanca, Lucho Arce (como carinhosamente é chamado pelos bolivianos) começou a campanha eleitoral como favorito na disputa, podendo reverter o golpe de Estado de 2019, que forçou a renúncia de Evo.
A escolha de Arce, um economista de 57 anos de idade, para ser o candidato do MAS nessas eleições se deu por conta de seu reconhecido trabalho à frente do Ministério da Economia, sendo constantemente conectado aos avanços econômicos que a Bolívia alcançou durante os anos de governo Morales.
O novo presidente assumiu o comando da pasta econômica pela primeira vez durante o primeiro mandato de Evo, em 2006, e chefiou a economia boliviana ininterruptamente até 2017. Retornou ao posto em janeiro de 2019 e só deixou o cargo em novembro do mesmo ano, após o golpe de Estado.
Segundo dados do Banco Mundial, 63% da população vivia abaixo da linha da pobreza em 2002. Já em 2018, com Arce comandando a economia boliviana, esse número foi reduzido para 35%. Além disso, números do governo apontam para um crescimento no PIB desde que Morales assumiu, partindo de US$ 9,5 bilhões para US$ 40,8 bilhões.