A autoproclamada presidente da Bolívia, Jeanine Áñez, promulgou na noite deste domingo (22/06) a lei que estabelece 6 de setembro como a data das eleições gerais no país. Até o último momento, Áñez tentava um novo adiamento, usando como justificativa a pandemia de coronavírus.
Em discurso na TV, Áñez responsabilizou o candidato Luis Arce e o ex-presidente Evo Morales, ambos do Movimento ao Socialismo (MAS), além do candidato e ex-presidente Carlos Mesa, pela “pressão” para levar o país às urnas o antes possível. Para a presidente autoproclamada, eles terão que assumir as consequências “por tê-la forçado a realizar o pleito em plena pandemia de coronavírus”. Ela disse, também, que não tem intenção de ficar no poder.
Mais cedo, ainda no domingo, Morales havia denunciado, pelo Twitter, que se planejava “um novo golpe de Estado contra a Assembleia Legislativa e organizações sociais e sindicais que não conseguiram liquidar em novembro”, mês em que foi forçado pelos militares a renunciar. A declaração foi feita depois de um encontro entre Áñez e o presidente do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE), Salvador Romero, tiveram para estudar uma eventual nova data para o pleito – no final, decidiu-se por 6 de setembro.
Tudo sobre as eleições e o golpe na Bolívia
As eleições presidenciais bolivianas estavam previstas para acontecer, inicialmente, no dia 3 de maio. No entanto, foram suspensas pelo TSE após Áñez decretar quarentena na Bolívia.
A assinatura de Áñez, agora, configura um recuo na posição do governo, que estava adiando a promulgação da lei aprovada em maio pela Assembleia Legislativa da Bolívia (onde o MAS tem maioria), que determinava a realização das eleições até final de agosto. Um acordo posterior entre diferentes correntes políticas interessadas no pleito acertou a data de 6 de setembro.
R. Martínez Candia/ABI
Áñez recuou e confirmou eleições em setembro na Bolívia
Acusações
Ainda em maio, a presidente autoproclamada publicou um vídeo nas redes sociais em que acusava o MAS de cometer um “atentado gravíssimo à saúde e à vida dos bolivianos”. Áñez afirmou que a decisão foi tomada por um Congresso que Morales e Arce “controlam e manipulam conforme sua vontade”.
Já naquela época, em nota divulgada em suas redes sociais, o MAS disse que a realização do pleito, “de nenhuma maneira, atenta contra a vida e a saúde”.
“É imperativo que a Bolívia conte com um governo democrático que emerja do voto do povo, que goze de legalidade e legitimidade para enfrentar os problemas de saúde, sociais e econômicos”, afirma o texto.
O partido acusou Áñez de ter feito uma gestão “tardia, ineficiente, discriminatória, improvisada e pouco transparente” em relação à covid-19, e disse que a intenção da presidente é se perpetuar no poder.
Áñez se autoproclamou presidente da Bolívia após o golpe de Estado que derrubou Morales, que havia sido reeleito em outubro de 2019 para um novo mandato. A oposição disse que a contagem dos votos havia sido fraudada, o que se mostrou, posteriormente, ser inverídico.
Segundo a última pesquisa publicada antes do confinamento, Arce aparece com 33% das intenções de voto, seguido por Mesa, com 18,3%, e Áñez, com 16,9%.
(*) Com teleSUR