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Especial

‘Maus’, HQ clássica de Art Spiegelman, bate recorde de vendas após Estado dos EUA banir obra em escolas

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Livro que narra história de um sobrevivente do Holocausto entrou para a lista dos mais vendidos na Amazon depois de ter sido vetado do currículo escolar no Condado de McMinn, Tennessee

Camila Araujo

São Paulo (Brasil)
2022-02-07T11:00:00.000Z

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O clássico da história em quadrinhos (HQ) Maus, escrito por Art Spiegelman, entre os anos de 1980 e 1991, posteriormente premiado com o Pulitzer, tem batido recorde de vendas depois de ser vetado do currículo de artes linguísticas da oitava série do Condado de McMinn, no Tennessee, em 10 de janeiro de 2022. 

O caso veio à público semanas depois, em 26 de janeiro, às vésperas do Dia Internacional da Lembrança do Holocausto. O motivo para a proibição do livro, como ficou registrado em ata de uma reunião do Conselho de Educação, teria sido uma suposta linguagem “grosseira”, “censurável”, além de uma “tirinha” em que uma rata é desenhada nua. 

O efeito da proibição da obra, ao ser noticiada pela imprensa, certamente não era inesperado: o livro ganhou uma “sobrevida” editorial, a venda de "Maus" voltou a subir, e passou a constar no topo da lista dos mais vendidos da plataforma Amazon, nas categorias “ficção satírica” e “quadrinhos e graphic novel'', além de aparecer em segundo lugar na categoria “geral”.

O livro também entrou no topo da lista dos mais vendidos no site da livraria Barnes & Noble e no índice da Bookshop. 

A história de Maus trata da vida de um judeu polonês, Vladek Spiegelman, pai do autor do livro, que é levado ao campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, durante o regime nazista na Alemanha, nos anos 1940. Sobrevivente do Holocausto, Vladek tem sua história contada a partir de conversas que teve com o filho anos mais tarde, na cidade de Nova Iorque, nos anos 1970. 

O nome da obra significa rato em alemão e, no livro, é justamente assim que as personagens judias são representadas: como ratos. Já os alemães são representados como gatos e os poloneses como porcos. A crítica fica implícita uma vez que a política eugenista do nazismo tinha nos judeus uma “raça inferior” a ser eliminada. 

No filme “O Eterno Judeu”, por exemplo, lançado em 1940 como propaganda nazista antissemita, essa mensagem é evidente: a migração dos judeus pela Europa chega a ser comparada à dispersão de ratos pelo continente, dando a entender que tanto judeus como ratos seriam “espécies” nocivas. 

A história em quadrinhos de Spielgeman, no entanto, não se limita a tratar da violência nazista. A vida presente dos personagens no momento em que a obra foi escrita também vem à tona. Os temas são variados: a dificuldade de relacionamento entre pai e filho, a angústia, o suicídio da mãe do autor da obra, a vida como imigrante e filho de imigrantes, entre outros. 

O autor, em entrevista à CNN norte-americana, declarou que não conseguia acreditar que “a palavra ‘droga’ faria o livro ser jogado fora da escola por conta própria”, em referência à justificativa dada pelos conselheiros de McMinn ao banirem o livro do currículo escolar. 

Em outra ocasião, Spiegelman chegou a dizer que tais votações escolares visam limitar "o que as pessoas podem aprender, o que elas podem entender e pensar", afirmando ainda que há "pelo menos uma parte do nosso espectro político que parece estar muito entusiasmada" com a proibição de livros.

Ele também disse que o acontecido é um “alerta vermelho” para a existência de pessoas que “ousam” negar o Holocausto. 

ActuaLitté/Reprodução
HQ que narra a história de um sobrevivente do Holocausto foi banido do currículo escolar da oitava série no estado norte-americano

Proibição de livros nos EUA 

A proibição, o veto, a perseguição ou o banimento de livros em alguns estados norte-americanos não é algo tão incomum. Apenas nos primeiros quatro meses do atual ano letivo, que começa entre agosto e setembro, pais e funcionários em quase 100 distritos escolares em Houston, Dallas, San Antonio e Austin enviaram ao menos 75 solicitações formais para banir livros das bibliotecas.

O New York Times escreveu que a contestação contra livros tem crescido “em um ritmo nunca visto em décadas''. 

“É um fenômeno bastante surpreendente aqui nos EUA ver as proibições de livros de volta em grande estilo, ver os esforços para apresentar acusações criminais contra bibliotecários escolares”, disse Suzanne Nossel, executiva-chefe da organização de defesa da “liberdade de expressão” PEN America ao jornal norte-americano. 

No Texas, a defesa da proibição atinge geralmente livros para jovens adultos que documentam experiências de pessoas negras e LGBTQIA+. Além disso, a história dos Estados Unidos também é marcada por casos de proibição de livros. Nos anos 1600, por exemplo, a queima de livros aparecia como forma típica de censura. 

Em outubro de 1650, o panfleto de William Pynchon, The Meritorious Price of Our Redemption, foi criticado e queimado pelo governo da época, em Boston, Massachusetts. O episódio ficou considerado como sendo a "primeira queima de livros na América". 

Em 3 de março de 1873, a Lei Comstock, referida como uma Lei para a "Supressão do Comércio e Circulação de Literatura Obscena e Artigos de Uso Imoral", foi aprovada pelo Congresso dos Estados Unidos, criminalizando o uso do Serviço Postal dos EUA para enviar artigos eróticos, contraceptivos, abortivos, brinquedos sexuais e cartas pessoais alusivas a qualquer conteúdo ou informação sexual. 

No Tennessee, que ilustra o episódio da censura a Maus, e em outras regiões norte-americanas, A Origem das Espécies de Charles Darwin, também enfrentou dificuldades para circular. Mais do que isso: no estado, especificamente, foi banido entre a década de 1920, quando currículos escolares no país passavam a adotar a teoria da evolução darwiniana, até 1967. 

Outros títulos célebres, como O Apanhador no Campo de Centeio (J.D. Salinger) e Admirável Mundo Novo (Aldous Huxley) também chegaram a ser censurados e banidos de escolas nos EUA. O primeiro, sobretudo entre as décadas de 1960 e 1980. O segundo, ironicamente, é um romance que trata de uma sociedade distópica em que o pensamento crítico não é permitido. 

Nem mesmo a série infanto-juvenil Harry Potter passou pelo crivo de conservadores. Entre 2001 e 2002, foi o livro mais contestado nos Estados Unidos, por supostamente trazer valores "antifamília, ocultismo/satanismo, ponto de vista religioso, violência".

O Escritório para a Liberdade Intelectual da American Library Association, que coleta dados de censura contra livros desde 1990, mantém um índice com os livros mais frequentemente contestados, divididos por décadas e anos. A associação explica que reúne os livros em listas para “informar o público sobre os esforços de censura que afetam bibliotecas e escolas''.

Literatura

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Política e Economia

Governo dos EUA libera venda de mísseis Javelin ao Brasil

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Sinal verde foi confirmado pelo Pentágono um dia após agência de notícias informar que parlamentares democratas vinham travando processo. Congresso norte-americano deve analisar o negócio, mas não é necessária nova aprovação

Redação

Deutsche Welle Deutsche Welle

Bonn (Alemanha)
2022-08-10T15:10:00.000Z

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O Departamento de Estado dos Estados Unidos aprovou a possível venda de lançadores de mísseis antiblindado Javelin e equipamentos relacionados ao Brasil, por um custo estimado de 74 milhões de dólares (R$ 379 milhões).

A decisão foi comunicada pelo Pentágono ao Congresso norte-americano nesta terça-feira (09/08), um dia depois de a agência de notícias Reuters informar que parlamentares democratas vêm tentando bloquear a venda devido a preocupações sobre o presidente Jair Bolsonaro e seus ataques ao sistema eleitoral brasileiro.

Agora, o Congresso norte-americano tem 30 dias para analisar o pedido e tirar dúvidas sobre o tema, mas não há necessidade de aprovação. A Câmara e o Senado podem editar uma resolução para se opor à venda, o que é improvável que ocorra, segundo um representante do Departamento de Estado. Em seguida, o governo brasileiro deve confirmar se procede com a compra.

O Pentágono afirmou que o Brasil solicitou autorização para comprar 33 lançadores e 222 mísseis do sistema Javelin. Fabricado pelas gigantes da defesa Lockheed Martin Corp e Raytheon Technologies Corp, o Javelin tornou-se uma das armas mais conhecidas do mundo devido ao seu sucesso contra tanques russos na guerra da Ucrânia.

O pacote aprovado inclui treinamento, simulações de uso do sistema e assistência técnica. "A proposta de venda melhorará a capacidade do Exército brasileiro de enfrentar futuras ameaças, ao elevar sua capacidade antiblindados. O Brasil não terá nenhuma dificuldade em absorver essa armas em suas Forças Armadas. A proposta de venda desses equipamentos e suporte não alterará o equilíbrio militar básico da região", afirmou o Pentágono.

Segundo a nota, a venda também contribui para apoiar a política externa dos Estados Unidos e seus objetivos de segurança, considerando o Brasil como "uma importante força para estabilidade política e progresso econômico na América do Sul".

Processo iniciado sob Trump

O pedido de compra dos Javelins ocorreu em 2020, em um momento de estreitamento dos laços entre os Estados Unidos e o Brasil sob então presidente Donald Trump e Bolsonaro. Em 2019, Trump designou o Brasil como um aliado de primeiro nível dos EUA fora da Otan, permitindo maior acesso a armas fabricadas por empresas norte-americanas.

O acordo atravessou a era Trump e foi herdado por Biden, menos amigável com Bolsonaro do que seu antecessor republicano. Ainda assim, o Departamento de Estado de Biden havia dado no ano passado um aceno preliminar positivo à compra.

Ukrainian Defense Ministry Press Service/AP/picture alliance
Brasil solicitou autorização para comprar 33 lançadores e 222 mísseis do sistema Javelin

"Há aqueles dentro dos níveis de trabalho do Departamento de Estado que expressaram ressalvas a respeito desta venda, dadas as ações e a retórica de Bolsonaro e a certas ações dos serviços militares e de segurança do Brasil no passado", havia dito uma fonte do governo dos EUA à Reuters. "Tais preocupações não são compartilhadas entre autoridades do Departamento de Defesa nem pela liderança do Departamento de Estado."

O Departamento de Estado então enviou a proposta de venda para uma revisão "informal" pelos dois democratas que presidem as comissões de Relações Exteriores do Congresso e os dois principais membros republicanos dos colegiados. Fontes do Congresso dizem que a questão não havia avançado até esta terça-feira devido às preocupações dos legisladores, incluindo o senador Bob Menendez e o deputado Gregory Meeks, colegas democratas de Biden.

Eles fizeram várias perguntas ao Departamento de Estado dos EUA, desde o histórico de direitos humanos de Bolsonaro até se o Brasil precisa de tais armas, de acordo com uma fonte do Congresso, sugerindo que querem pelo menos adiar a venda até depois das eleições de outubro no Brasil.

Em resposta aos parlamentares, o Departamento de Estado reconheceu que os mísseis Javelin não protegem contra qualquer ameaça específica que o Brasil enfrenta, disse à Reuters uma autoridade dos EUA. Mas o departamento argumentou que a tentativa do Brasil de atualizar sua capacidade antiblindados é legítima, acrescentou essa fonte.

A demanda por Javelins disparou desde o início da guerra na Ucrânia. Dessa forma, mesmo que o acordo seja aprovado pelo Congresso norte-americano, pode levar anos para que Brasil receba os mísseis devido à lista de pedidos, com prioridade para outros parceiros dos EUA.

Preocupação com eleições

O governo Biden, ainda em alerta pela invasão do Capitólio por apoiadores de Trump em 6 de janeiro de 2021, ficou incomodado com os comentários de Bolsonaro sobre a eleição e enviados norte-americanos a Brasília pediram cautela.

Em julho, em viagem ao Brasil, o secretário de Defesa norte-americano, Lloyd Austin, pediu respeito à democracia em uma reunião com ministros de todo o continente. Antes disso, no ano passado, em uma visita ao Brasil, o diretor da CIA, William Burns, disse a assessores de Bolsonaro que o presidente deveria parar de minar a confiança no processo eleitoral brasileiro.

Represetantes de ONGs brasileira também se reuniram em julho com diplomatas do Departamento de Estado dos EUA e membros do Congresso norte-americano para pedir que Washington reconheça rapidamente o vencedor das eleições presidenciais brasileiras em outubro.

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