O forte calor previsto para essa terça-feira (30/07) marca o sétimo dia de provas nos Jogos Olímpicos de Paris. Os termômetros devem chegar aos 35ºC na capital francesa, o que gera preocupação nos organizadores.
Além do desempenho dos atletas, as altas temperaturas podem afetar também a saúde dos torcedores nas competições ao ar livre. Emergências dos hospitais parisienses se preparam para receber espectadores com sintomas de insolação e desidratação.
A onda de calor iniciada no fim de semana em toda a França atinge a região de Paris. Em um boletim divulgado às 6h, o serviço nacional de meteorologia, Météo France, ampliou de 41 para 45 a lista de zonas atingidas, em especial na metade sul do país. A primeira onda de calor do verão só não afeta a Bretanha e a Normandia, no norte, e o leste francês.
As instalações olímpicas estarão sujeitas a temperaturas de até 35°C na terça-feira, “e a noite de terça para quarta será muito quente, com temperaturas mínimas em torno de 22°C”, segundo as previsões. Certos eventos organizados à tarde estarão particularmente expostos ao sol, como as semifinais de rugby sevens feminino, as eliminatórias de hóquei na grama, e as eliminatórias de vôlei de praia e basquete 3×3, além das qualificações em BMX estilo livre.
‘Atletas estão acostumados’, diz ministro
Em entrevista à emissora BFMTV, o ministro francês da Saúde, Frédéric Valletoux, disse que os atletas “estão acostumados”, e incentivou os espectadores a tomarem precauções.
“Estava bastante calor na quadra hoje (segunda-feira), devo dizer”, afirmou o tenista sérvio Novak Djokovic, vitorioso contra o rival espanhol Rafael Nadal nas simples.
Para o Brasil, o dia será marcado por mais de 20 disputas em mais de 15 modalidades. Expectativa de medalha na final da ginástica artística, às 13h15 de Paris, 8h15 em Brasília.
Já os triatletas brasileiros Miguel Hidalgo e Manoel Messias não entram em cena nesta terça. A prova de triatlo masculino desta manhã foi adiada para quarta-feira devido à poluição das águas do rio Sena – causada pelas chuvas intensas de sexta-feira (26/07) e sábado (27/07).
Vila Olímpica não tem ar condicionado
A autoridade de transportes Ile-de-France Mobilités (IDFM) implantou na segunda-feira medidas adicionais para refrescar os viajantes, como a distribuição de 2,5 milhões de garrafinhas de água em 74 estações ferroviárias. Os bebedouros estão instalados em 94 pontos da rede, “incluindo 90% das estações que atendem aos locais olímpicos”.
A vila olímpica, que acomoda mais de 10 mil atletas, foi projetada sem ar condicionado, por questões ecológicas. Mas muitas delegações encomendaram cerca de 2.500 aparelhos móveis de refrigeração (de um total de 7.000 quartos na Vila Olímpica), indicou o vice-diretor do local, Augustin Tran Van Chau, no início de julho.
“As ondas de calor são uma manifestação emblemática das nossas mudanças climáticas: são cada vez mais intensas, frequentes, precoces e prolongadas”, sublinhou sábado Matthieu Sorel, climatologista da Météo-France. Na França, antes de 1989, observa-se “em média uma onda de calor a cada cinco anos”, enquanto que, “desde 2000, elas ocorrem com frequência anual”.
“Elas serão duas vezes maiores em 30 anos”, alertou o especialista.
O assunto é destaque na imprensa nacional. “Medalhas de ouro e sol escaldante” é a manchete do jornal Libération, que destaca que a mudança brusca do tempo nos últimos dias é um grande desafio para os atletas e organizadores da Olimpíada. “O calor talvez nos fará sentir falta da chuva que caiu durante a cerimônia de abertura da Olimpíada, diz o diário.
“Os Jogos Olímpicos de Paris são atrapalhados pelos caprichos do clima”, salienta o jornal Les Echos. O diário afirma que enquanto as chuvas da semana passada afetaram a qualidade do rio Sena – complicando a realização das competições aquáticas –, os organizadores agora têm de lidar com o forte calor. Mas o diretor de Planejamento e Coordenação de Paris 2024, Lambis Konstantinidis, garante que tudo está sob controle, com o aumento dos pontos de distribuição de água potável e a abertura de espaços refrigerados perto dos locais de prova.
“Os Bleus estão quentes”, brinca o jornal le Parisien em sua manchete, em alusão ao apelido da delegação esportiva francesa, os “Azuis”, que conquistaram oito medalhas na segunda-feira, véspera de um dia que será escaldante em Paris. O diário se preocupa também com a saúde dos torcedores, que já estão indo às arquibancadas com protetor solar, bonés e muita água.