Sábado, 17 de maio de 2025
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A Federação Internacional de Futebol Associado (FIFA) anunciou nesta quinta-feira (18/07) a abertura de uma investigação sobre o vídeo que mostra um grupo de futebolistas argentinos entoando cânticos racistas e homofóbicos contra jogadores da seleção francesa.

As imagens foram gravadas pelo atleta Enzo Fernández durante as comemorações pelo título da Copa América 2024, conquistado no último domingo (14/07). O jogador realizou uma transmissão ao vivo seu perfil no Instagram.

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Durante a live, era possível escutar alusões racistas, dizendo que os atletas da seleção francesa, “jogam na França, mas são todos angolanos”. Em outro trecho, se ouve uma provocação ao jogador Kylian Mbappé, dizendo que “sua mãe é nigeriana (na verdade, ela é franco-argeliana) e seu pai é camaronês, mas no documento de nacionalidade é francês”.

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As provocações a Mbappé também incluem frases homofóbicas, com questionamentos à sexualidade do atacante francês.

Em comunicado, a FIFA afirma que tomou conhecimento do vídeo, e assegurou que “o incidente é objeto de uma investigação”. No mesmo documento, a entidade diz que “condena firmemente todas as formas de discriminação, venha de onde vier, incluindo jogadores, torcedores e dirigentes”.

O caso também levou o Chelsea a abrir um processo disciplinar contra o meio Enzo Fernández, que atua pelo time inglês. Os jogadores franceses que atuam no Chelsea, como o zagueiro Wesley Fofana, exigiram o desligamento de Fernández, e ameaçaram abandonar o clube caso o argentino siga integrado ao elenco.

O próprio Fernández apagou o vídeo de suas redes sociais e publicou uma mensagem pedindo desculpas aos seus companheiros de time e a outros jogadores franceses, o que não mudou a postura dos companheiros franceses, que continuam pedindo a sua saída.

Embora as imagens mostrem que vários jogadores argentinos entoaram os cantos racistas e homofóbicos, apenas Fernández está identificado, por enquanto.

Mesmo diante dessa incerteza, alguns jogadores têm sido cobrados inclusive pelo seu silêncio diante do caso, como acontece com a maior estrela do futebol argentino, Lionel Messi, que é o capitão do time, razão pela qual sua falta de posicionamento é considerada problemática por alguns analistas.

Reprodução video
Atletas argentinos entoaram cantos racistas e homofóbicos contra franceses durante comemoração do título da Copa América
Reações na Argentina

O caso dos cânticos racistas também teve repercussões na política da Argentina, inclusive dentro do governo ultranacionalista do presidente Javier Milei, que chegou a demitir um funcionário em função da polêmica.

A vítima foi o agora ex-subsecretário de Esportes, Julio Garro, que repudiou a comemoração dos futebolistas argentinos e chegou a exigir que Messi, como capitão da equipe, pedisse desculpas públicas.

O porta-voz da Casa Rosada, Marcelo Adorni, anunciou a demissão de Garro e justificou a medida com o argumento de que “ele não tem autoridade para fazer esse tipo de questionamento, e são os próprios jogadores que devem reagir ou não ao ocorrido de acordo com suas próprias convicções”. Em seguida, o porta-voz acrescentou que o presidente Milei considera que os festejos dos jogadores argentinos ocorreram “dentro da normalidade”.

A relação entre os governos da França e da Argentina também foi afetada pelo episódio. Tanto o Ministério de Relações Exteriores da França, quanto a Federação Francesa de Futebol pediram desculpas públicas das autoridades argentinas em consequência do episódio.

No entanto, a vice-presidente da Argentina, Victoria Villarruel, seguiu a linha de Adorni, disse que os futebolistas “não têm porquê se desculparem” e acusou a França de ser um “país colonialista”.

Embora pareça contraditório, esta segunda foi sim alvo de um pedido de desculpas, por parte da secretária-geral de governo, Karina Milei, que além disso é irmã do presidente.

Em reunião com o embaixador francês em Buenos Aires, Romain Nadal, Karina disse que as palavras de Villarruel, “não expressão a opinião de Javier (Milei)”.