Sexta-feira, 18 de abril de 2025
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Os Estados Unidos se orgulham de suas grandes ligas esportivas profissionais. Juntas, a NFL (National Football League, de futebol americano), a NBA (National Basketball Association, de basquete), a MLB (Major League Baseball, de beisebol), e a NHL (National Hockey League, de hóquei) formam a “Big Four”, as principais ligas profissionais de esporte no país.

Contudo esses esportes têm sido ocupados cada vez mais por atletas não-americanos. Especialmente na NHL, o grande artilheiro do hóquei do país não nasceu nos Estados Unidos, mas sim na Rússia.

No último domingo (06/04), um feito histórico foi registrado na NHL: Aleksandr Ovechkin, atleta russo, se tornou o maior artilheiro da história da Liga Nacional de Hóquei. A conquista foi obtida após o jogador da equipe Washington Capitals marcar o 895º de sua carreira em campeonatos nacionais, contra a equipe New York Islanders.

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A NHL dos EUA já sabia que Ovechkin seria uma estrela na liga norte-americana. Em 2004, quando deixou de jogar nos times russos para ingressar na liga, pelo Washington Capitals, o atleta foi a primeira escolha do “draft” – processo de seleção anual de novos atletas para os times; a primeira escolha costuma ser de um atleta visado e com boas expectativas para o esporte.

Família de atletas

Como relata a editoria de esportes do jornal russo RIA Novosti, Ovechkin vem de uma família de atletas, e assim, foi introduzido ao Hóquei aos oito anos de idade.

Terceiro filho do casal Mikhail e Tatyana Ovechkin, o novo recordista da NHL teve um pai que jogou futebol pelo Dínamo de Moscou, um dos times mais populares da Rússia, e foi técnico na Universidade Técnica Nacional da Bielorrússia.

Já sua mãe foi uma atleta de basquete da União Soviética (URSS), duas vezes campeã olímpica, campeã mundial e seis vezes campeã europeia. Na sua carreira, reúne os títulos de “Mestre Homenageada dos Esportes da URSS” e “Treinadora Homenageada da Rússia”.

Com esse histórico, em 2003, aos 17 anos de idade tornou-se o atleta mais jovem a ingressar na seleção russa de hóquei, e também o mais novo a marcar um gol. Pelo seu país, tornou-se tricampeão mundial: 2008, 2012 e 2014, além de participar de três Olimpíadas: Turim, Vancouver e Sochi. Seu currículo não o faz apenas o maior artilheiro da NHL, mas também “ocupa o primeiro lugar entre todos os jogadores de hóquei russos e soviéticos em pontos totais na carreira”, cita a RIA Novosti.

Proximidade a Putin e guerra na Ucrânia

Artilheiro nas quadras, Ovechkin não se afasta da política de seu país, nem mesmo da relação entre Moscou e Washington, onde além da Casa Branca também fica o clube pelo qual trabalha.

O atleta russo é próximo ao presidente Vladimir Putin. Ao entrar no perfil do Instagram do jogador, a foto ícone de sua rede é um registro de uma reunião entre ele e o mandatário russo. Além disso, Putin já lhe ofereceu um serviço de chá como presente de casamento com a modelo suíça Anastasia Shubskaya.

Presidential Press and Information Office/Wikicommons
“Esta conquista traz um dia alegre para os fãs na Rússia e ao redor do mundo”, disse Putin sobre o recorde de Ovechkin 

O portal Tribuna Expresso fala sobre a relação entre Ovechkin e Putin: “Em 2017, o atleta russo criou a “Putin Team”, um movimento de apoio à reeleição do líder do Kremlin” para as eleições do ano seguinte.

“Eu só apoio o meu presidente e o meu país, porque sou de lá. Se as pessoas dos Estados Unidos fossem para a Rússia, elas se importariam com o que acontece nos Estados Unidos. Eu me importo com o que acontece na Rússia, porque é a minha casa e é de lá que eu sou”, disse na ocasião.

Questionado pela imprensa norte-americana sobre seu apoio a Putin, o jogador já respondeu: “Ele é o meu presidente, mas eu não sou um político, sou um atleta”.

E ainda pressionado para se posicionar sobre a guerra na Ucrânia, apenas afirmou não querer “ver ninguém magoado ou morto”. “Espero que possamos viver num mundo bom. É algo que não posso controlar, não está nas minhas mãos. Espero que tudo acabe depressa e que haja paz em ambos os países”, disse o atleta que tem família na Rússia e disse temer por sua segurança.

Com o recorde alcançado, Putin enviou uma mensagem ao atleta russo: “gostaria de parabenizá-lo por essa conquista impressionante. Você superou as lendas do hóquei no número de gols marcados em jogos da temporada regular da National Hockey League”.

Segundo o comunicado divulgado pelo Kremlin, Putin classifica a carreira de Ovechkin como “notável” por suas vitórias em torneios nacionais e internacionais, “assim como muitas outras realizações excepcionais e únicas que moldaram a história da escola de hóquei russa”.

“Esta nova conquista é, sem dúvida, não apenas um triunfo pessoal, mas também um dia verdadeiramente alegre para os fãs na Rússia e ao redor do mundo”, disse ainda o presidente.

Ovechkin e Putin x Gretzky e Trump

A realização do jogador de 39 anos no último domingo estabeleceu um novo recorde na NHL, que antes pertencia a outro atleta, que também não é nascido nos EUA, o canadense Wayne Gretzky, considerado o melhor jogador de hóquei da história.

Gretzky, que se aposentou em 1999, quando jogava pelo New York Rangers, teve seu recorde de 894 gols na liga durante 31 anos, até o russo Ovechkin o superar.

Além de ultrapassar o canadense, outro fator coloca os dois atletas em posição de oponência: enquanto Ovechkin não esconde sua simpatia por Putin, o aposentado Gretzky marcou presença na noite de eleição do presidente republicano Donald Trump, e também em sua posse, em 20 de janeiro.

Segundo o portal A Bola, o mandatário norte-americano já chegou inclusive a sugerir que Gretzky entre na política canadense para “tornar-se governador assim que o Canadá se juntar aos Estados Unidos”, em meio às ameaças de anexação contra o país vizinho.

(*) Com Sputnik, informações de A Bola, RIA Novosti e Tribuna Expresso