Mais 17 caminhões com ajuda humanitária atravessaram neste domingo (22/10) a fronteira entre o Egito e a Faixa de Gaza em Rafah, no segundo dia consecutivo de entrada de itens de primeira necessidade no território palestino.
Os veículos transportam suprimentos médicos, comida e água potável, assim como os 20 caminhões que cruzaram a fronteira no último sábado (21/10). Mas neste caso, seis deles levam combustível para alimentar geradores de hospitais.
No primeiro envio de suprimentos, combustível não foi permitido pelo governo de Israel. O porta-voz das Forças de Defesa Israelenses (FDI), Daniel Hagari, adiantou que a matéria-prima que pode gerar energia “não entraria em Gaza” no sábado.
No entanto, segundo a agência de ajuda humanitária da ONU para refugiados palestinos (UNRWA) é “absolutamente crítico” que o combustível chegue à região, uma vez que permite as ações da agência e o bombeamento de ´´agua para a população.
? @UNRWA will run out of fuel in three days
Without fuel, there will be no water, no functioning hospitals and bakeries.
Without fuel, there will be no humanitarian assistance.
No fuel will further strangle the children, women and people of ?#Gazahttps://t.co/oXO5a2o6Dv pic.twitter.com/PeIf8o1LQF
— UNRWA (@UNRWA) October 22, 2023
Por sua vez, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) alertou que as vidas de pelo menos 120 recém-nascidos em incubadoras nos hospitais de Gaza estão em risco por causa da falta de combustível para energia no território.
O Egito permitiu o uso da passagem de Rafah para ajuda humanitária após Israel dar garantias de que não realizaria ataques durante o trânsito dos comboios, mas pedestres continuam proibidos de cruzar a divisa para entrar em solo egípcio – incluindo brasileiros, italianos e outros estrangeiros que aguardam evacuação há vários dias.
Twitter/Thomas White
Veículos transportam suprimentos médicos, comida e água potável, que devem ser distribuídos a população pela ONU
Até o momento, o Ministério da Saúde de Gaza contabiliza 4.651 mortos nos bombardeios realizados por Israel, enquanto o país judeu diz que os ataques perpetrados pelo Hamas em 7 de outubro fizeram mais de 1,4 mil vítimas, das quais cerca de 1,1 mil foram identificadas. Nos dois lados do conflito, a maioria dos falecidos eram civis.
Em declaração neste domingo, Izzat al-Risheq, membro do gabinete político do Hamas, acusou Israel de praticar “crimes de guerra e genocídio”, com o “apoio e a participação do governo norte-americano e de alguns países ocidentais”.
Além disso, a administração da Faixa de Gaza disse que pelo menos 42% das unidades habitacionais do território foram danificadas ou destruídas nas últimas duas semanas, enquanto a ONU estima que os deslocados no enclave palestino totalizem 1,4 milhão de pessoas, em uma população de cerca de 2 milhões de habitantes.
O Hamas ainda mantém 212 reféns, entre civis e militares, sob seu poder, de acordo com o Exército israelense, que reivindicou a morte do vice-chefe de artilharia do grupo em Gaza, Muhamad Qatmash, que teria tido um “papel significativo” nos ataques de 7 de outubro.
Embates
Durante a madrugada, as Forças de Defesa de Israel (FDI) lançaram um ataque contra um complexo subterrâneo situado sob uma mesquita em Jenin, na Cisjordânia. Segundo as FDI, a estrutura escondia uma “célula terrorista” do Hamas e da Jihad Islâmica que planejava um “atentado iminente”.
De acordo com a agência palestina Wafa, o bombardeio deixou dois mortos. Ao mesmo tempo, Israel realizou ataques contra os aeroportos de Damasco e Aleppo, na Síria, danificando as pistas de pouso.
Enquanto isso, ordenou a evacuação de mais 14 comunidades perto da fronteira com o Líbano, onde a tensão com o movimento xiita Hezbollah, apoiado pelo Irã e aliado do Hamas, é crescente.
“O plano do Irã é atacar Israel em todas as frentes. Se percebermos que querem atingir Israel, nós atacaremos a cabeça da serpente, o Irã”, alertou o ministro da Economia israelense, Nir Barkat, em entrevista ao jornal britânico Daily Mail.