O primeiro ministro israelense, Benjamin Netanyahu, apresentou planos para controlar o território palestino da faixa de Gaza por “tempo indeterminado” , nesta terça-feira (07/11), quando a ofensiva israelense completa um mês.
A declaração foi feita em entrevista ao canal estadunidense ABC News. O ataques israelenses mataram mais de 10 mil pessoas, sendo 4.100 crianças segundo o Ministério de Saúde em Gaza. Os ataques do Hamas fizeram 1.400 vítimas fatais, segundo autoridades israelenses.
A declaração de Netanyahu contraria o posicionamento anterior do ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, que afirmou que “nem Israel, nem o Hamas” iria governar Gaza após o fim dos combates. No domingo, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, pediu o cessar-fogo na Faixa de Gaza e indicou que a organização estaria disposta a regressar a Gaza como parte de um futuro acordo político.
“Assumiremos plenamente as nossas responsabilidades no âmbito de uma solução política abrangente que inclua toda a Cisjordânia [ocupada], incluindo Jerusalém Oriental e a Faixa de Gaza”, disse Abbas ao secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, que visitava Ramallah, na Cisjordânia. O aceno foi retribuído por Blinken, que disse considerar a Autoridade Palestina como a organização mais bem posicionada para administrar Gaza quando os combates terminarem.
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Declaração de premiê foi feita em entrevista ao canal estadunidense ABC News
Como consequência dos Acordos de Oslo de 1993, a Autoridade Nacional Palestina foi estabelecida como órgão provisório para governar a Faixa de Gaza e a Cisjordânia. Com o controle do Hamas sobre a Faixa de Gaza, a AP exerce hoje seu governo na Cisjordânia.
A visita de Blinken à região terminou nesta terça-feira, sem que os EUA conseguissem qualquer trégua nos ataques de Israel sobre o território palestino. As tropas israelenses avançaram ainda mais por terra e chegaram à região de fronteira com a Cidade de Gaza.
Brasileiros permanecem em Gaza
Os 34 brasileiros que aguardam autorização para deixar a Faixa de Gaza não foram contemplados na 5ª lista com estrangeiros autorizados a deixar a região divulgada nesta terça-feira (07/11). Com o nome de 605 estrangeiros, a lista é composta por cidadãos da Alemanha (159), Romênia (104), Ucrânia (102), Canadá (80), França (61), Moldávia (51), Filipinas (46), Reino Unido (2).
Segundo o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, a expectativa é que os cidadãos brasileiros abrigados nas cidades de Khan Younes e Rafah, próximas à fronteira com o Egito, sejam incluídos na lista desta quarta-feira (08/11). Fechada no último sábado (04/11) depois que Israel bombardeou um comboio de ambulâncias com feridos que haviam sido autorizados a deixar o país, a fronteira de Rafah só foi reaberta nessa segunda-feira (06/11).
Devido ao cerco imposto por Israel à Faixa de Gaza, os brasileiros e as agências de ajuda humanitária têm relatado falta de água potável, eletricidade, alimentos e remédios no enclave palestino. Segundo a ONU, a ajuda humanitária autorizada a entrar é insuficiente para cobrir as necessidades de cerca de 2,2 milhões de pessoas.