O gabinete de segurança do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, aprovou nesta terça-feira (26/11) um acordo com o Hezbollah para um cessar-fogo de dois meses nos ataques israelenses no Líbano. A expectativa é de que a trégua entre em vigor na próxima quarta-feira (27/11). As informações são da agência de notícias catari Al Jazeera.
Em votação, a proposta foi aprovada com 10 votos à favor, enquanto um contra.
A negociação do acordo foi mediada pelos Estados Unidos e pela França ao longo das últimas semanas. Em fala televisionada, Netanyahu disse que “a duração do cessar-fogo dependerá do que acontecer no Líbano”, ameaçando retomar suas agressões ao território caso “Hezbollah violar o acordo”.
O premiê afirmou, após uma reunião com seu gabinete de segurança, que “com o pleno entendimento com os EUA, estamos mantendo total liberdade de ação” contra o Hezbollah no Líbano.
“Se o Hezbollah violar o acordo e tentar se rearmar, atacaremos. Se tentar reconstruir a infraestrutura terrorista perto da fronteira, atacaremos. Se disparar um foguete, se cavar um túnel, se trouxer um caminhão com mísseis, atacaremos”, prometeu. “A cada violação, responderemos com força”.
Em seu discurso, o primeiro-ministro também declarou estar “determinado a fazer tudo o que for necessário para impedir que o Irã obtenha uma arma nuclear”.
Já sobre a situação na Faixa de Gaza, a autoridade do regime sionista voltou a afirmar que pretende eliminar o Hamas, para só assim trazer os reféns israelenses de volta.
Ele destacou que o Exército de Israel matou cerca de “20 mil terroristas”, mas não mencionou os mais de 44 mil palestinos mortos em função das operações militares intensificadas desde 7 de outubro de 2023.
Até o momento, os detalhes do cessar-fogo entre as partes não foram revelados.
Pronunciamento de Joe Biden e Emmanuel Macron
“O anúncio de hoje encerrará os combates no Líbano e protegerá Israel da ameaça do Hezbollah e outras organizações terroristas operando a partir do Líbano”, disseram o presidente dos EUA, Joe Biden, e o presidente francês, Emmanuel Macron, em um comunicado conjunto, acrescentando que o acordo “criará as condições para restaurar a calma duradoura”.
Os presidentes dos EUA e da França afirmaram que trabalharão “para garantir que este arranjo seja totalmente implementado” e liderarão os esforços internacionais para “o fortalecimento da capacidade” do exército libanês.
O acordo foi anunciado após várias semanas de diplomacia intensa. “Hoje, após muitas semanas de diplomacia incansável, Israel e Líbano aceitaram a cessação das hostilidades entre os dois países”, afirmaram os presidentes.
O acordo exige que as tropas israelenses se retirem do sul do Líbano e que o Hezbollah cesse sua presença armada ao longo da fronteira com Israel.
De acordo com um alto funcionário da inteligência israelense, em entrevista à emissora NBC News, o tratado deverá entrar em vigor dentro de 24 horas após sua oficialização, sendo dividido em duas fases. A primeira fase deverá ser implementada nos próximos 60 dias.
Analistas da Al Jazeera sugerem que o apoio do governo Biden a Israel, juntamente com o fracasso em garantir um cessar-fogo em Gaza, pode ter “encorajado” Tel Aviv a atacar o Líbano, ampliando ainda mais o conflito no Oriente Médio.
Apesar do papel ativo nas negociações e dos avisos de que as operações israelenses em Gaza poderiam expandir a guerra, os EUA continuaram oferecendo apoio diplomático e militar a Israel.
Análise diretamente do Oriente Médio
Na sua cobertura do acordo, diretamente de Amã, na Jordânia, a Al Jazeera afirmou que “Netanyahu estabeleceu um padrão muito alto no início da guerra”, em uma tentativa de “desmantelar” ou “aniquilar completamente” o Hezbollah, destacou que, agora, ele está voltando atrás.
“Quando analisamos o acordo que foi alcançado, temos uma repetição da resolução do Conselho de Segurança da ONU”, diz a reportagem, que continua: “basicamente, está dizendo que Israel deixará de atacar o Líbano e que o Hezbollah e outros grupos armados também farão o mesmo”.
Primeiro-ministro libanês exige a implementação ‘imediata’ do cessar-fogo
O primeiro-ministro do Líbano, Najib Mikati, pediu à comunidade internacional que “aja rapidamente” e “implemente um cessar-fogo imediato” para acabar com a guerra entre Israel e o Hezbollah.
Os ataques a Beirute “reafirmam que o inimigo israelense não tem respeito por nenhuma lei ou consideração”, disse Mikati em uma declaração publicada no X.
O discurso de Netanyahu foi feito após uma intensa onda de ataques aéreos israelenses em Beirute e em outras partes do Líbano, com as autoridades de saúde relatando pelo menos 18 mortos.
Pelo menos sete pessoas foram mortas e 37 outras ficaram feridas depois que Israel lançou ataques contra 20 alvos na capital libanesa em apenas 120 segundos, informou o Ministério da Saúde do Líbano.
Ministro da Segurança de Israel pode se opor ao acordo
É possível que o ministro da segurança nacional extremista de Israel, Itamar Ben-Gvir, se oponha ao acordo, conforme reportado pelo jornal britânico The Guardian.
Em uma declaração postada no X, antigo Twitter, ele descreveu o acordo de cessar-fogo como um “erro histórico”, mas não disse que seu partido deixará o cargo em protesto. “Isso não é um cessar-fogo. É um retorno ao conceito de silêncio por silêncio, e já vimos aonde isso leva”, escreveu Ben-Gvir.