O governo brasileiro de Luiz Inácio Lula da Silva condenou nesta quinta-feira (03/10) a decisão de Israel em declarar o secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, como “persona non grata” e proibi-lo de entrar no território israelense. Por meio de nota, o Itamaraty apontou que o posicionamento tomado pelo ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz, no dia anterior, prejudica os esforços da ONU para um cessar-fogo imediato no Oriente Médio.
“O ataque do governo de Israel a uma Organização que foi constituída para salvar a humanidade do flagelo e atrocidades da II Guerra Mundial e para proteger os direitos humanos fundamentais e a dignidade da pessoa humana não contribui para a paz e o bem-estar das populações israelense e palestina e afasta a região de uma solução pacífica”, diz o comunicado.
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil também expressou solidariedade a Guterres, destacando que o país reconhece a importância da ONU nos esforços na possibilidade de um cessar-fogo e solução de dois Estados “dentro das fronteiras de 1967”, ou seja, incluindo a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, e tendo Jerusalém Oriental como sua capital.
Lula é persona non grata em Israel
Em fevereiro deste ano, Lula também foi designado “persona non grata” por Tel Aviv após ter comparado os ataques israelenses na Faixa de Gaza com o Holocausto. A declaração foi dada durante o encerramento de sua viagem à Etiópia, no âmbito da cúpula da União Africana. Na ocasião, fontes do Itamaraty confirmaram a Opera Mundi que a Presidência brasileira não pediria desculpas e manteria sua postura em relação ao conflito.
Na semana passada, durante a Assembleia Geral da ONU, em Nova York, o discurso de abertura de Lula não foi aplaudido pela delegação israelense. Dias depois, na sexta-feira (27/09), quando chegou a vez do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu subir ao púlpito, diversos representantes se retiraram do salão principal da casa em forma de protesto, incluindo a própria equipe brasileira.
Brasil condena ataques do Irã e do Hamas
Na quarta-feira (02/10), o Brasil declarou que “acompanha com preocupação” o ataque de mísseis lançado pela Guarda Revolucionária Islâmica do Irã (IRGC, por sua sigla em inglês) contra bases militares localizadas em Tel Aviv. Diante da crise regional, o Itamaraty condenou “a escalada do conflito” e fez “um apelo a todas as partes envolvidas para que exerçam máxima contenção”.
Após os disparos de terça-feira (01/10), o grupo iraniano reivindicou a ofensiva afirmando se tratar de um ato de legítima defesa, e que foi uma resposta aos assassinatos do chefe do Hezbollah, Hassan Nasrallah, ocorrido na semana passada, bem como do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, em julho deste ano. Acrescentou ainda que, em caso de retaliação, Teerã responderia com um ataque “muito maior”.
Segundo o Itamaraty, o Brasil reforça a “convicção acerca da necessidade de amplo cessar-fogo em todo o Oriente Médio e conclama a comunidade internacional para que utilize todos os instrumentos diplomáticos à disposição a fim de conter o aprofundamento do conflito”.
Ainda na quarta-feira, o Itamaraty realizou uma outra manifestação, condenando o ataque reivindicado pelo grupo palestino Hamas na cidade israelense de Jafa, que resultou na morte de sete pessoas e ferimentos a outras 16.