Atualização em 03/12/2024 às 12h34
As Forças de Defesa de Israel (IDF) admitiram nesta segunda-feira (02/12) que realizaram vários ataques no Líbano nos últimos dias, enquanto o Hezbollah confirmou ter lançado mísseis em resposta aos bombardeios israelenses.
Os governos dos Estados Unidos e da França alertaram o governo de Benjamin Netanyahu sobre possíveis violações do cessar-fogo anunciado na semana passada.
Em uma conversa telefônica com o ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Noel Barrot, o chanceler israelense, Gideon Sa’ar, negou as acusações de descumprimento da trégua e afirmou que Israel apenas reagiu às “violções do Hezbollah”, que exigem uma resposta imediata.
Sa’ar ainda declarou que “a presença do Hezbollah ao sul do rio Litani é uma violação fundamental, já que o grupo deveria estar ao norte”, e acrescentou que o cessar-fogo com o Líbano deveria abrir caminho para a trégua em Gaza, a libertação de reféns e a entrada de ajuda humanitária em grande escala.
As IDF seguiram a linha do governo e reforçaram que o Hezbollah “representa uma ameaça ao Estado de Israel e violou o acordo”.
O exército israelense afirmou que seus ataques atingiram veículos militares usados no transporte de armas e membros do Hezbollah.
Além disso, os militares relataram que, nesta segunda-feira, o grupo xiita disparou dois mísseis na fronteira entre os países, na região do Monte Dov. Os foguetes explodiram em áreas abertas, sem causar vítimas.
O Hezbollah confirmou disparos, chamando-os de “advertência” contra a quebra do cessar-fogo por Israel e criticando a “violação contínua do espaço aéreo libanês” por aeronaves israelenses.
De acordo com fontes citadas pelo portal Ynet, os EUA também alertaram que as ações das IDF constituíam uma violação da trégua, especialmente pelo retorno audível e visível de drones sobre Beirute.
O enviado especial dos EUA para a região, Amos Hochstein, teria enviado uma mensagem a Israel pedindo que o país respeitasse o acordo, embora o gabinete de Netanyahu tenha preferido não comentar o assunto.
Conforme a Al Jazeera, Netanyahu, por sua vez, teria publicado no X, antigo Twitter, que os disparos configuram uma grave violação do cessar-fogo por parte do Hezbollah e que Israel “responderá com veemência a isso”, acrescentando ainda que o país está determinado a “continuar a impor o cessar-fogo e a responder a qualquer violação do Hezbollah – pequena ou grave.”
Israel violou cessar-fogo 52 vezes
A França acusou Israel de violar o cessar-fogo com o Hezbollah no Líbano 52 vezes, segundo uma reportagem do jornal israelense Ynet News.
As Forças de Defesa Israelenses (FDI, como é chamado as Forças Armadas do país) justificaram seus ataques, alegando que seriam retaliações a ofensivas do Hezbollah, supondo que o grupo de resistência libanês teria sido o primeiro a violar o acordo de trégua.
Contudo, a imprensa israelense citou autoridades francesas ao relatar que Israel agiu “sem consultar o comitê internacional que supervisiona o cumprimento do acordo”.
Chamando o acordo entre Tel Aviv e Hezbollah de “frágil”, Paris ressaltou que os ataques israelenses resultaram na morte de três civis libaneses, e mencionou que além dos bombardeios, houve registros de drones israelenses voando “em bai/xas altitudes sobre Beirute”.
Por sua vez, a emissora norte-americana CNN afirmou que as FDI violaram o acordo de cessar-fogo cerca de 100 vezes, citando uma fonte da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL, na sigla em inglês).
“Uma fonte da força de paz das Nações Unidas no Líbano, a UNIFIL, disse que Israel violou seu acordo de cessar-fogo com o Líbano ‘aproximadamente 100’ vezes desde que a trégua entrou em vigor na semana passada”, escreveu o jornal.
(*) Com Ansa e Sputnik