As autoridades de Israel anunciaram nesta terça-feira (18/02) que suas tropas permanecerão em cinco posições estratégicas no sul do Líbano, apesar do término do prazo para a retirada integral do exército conforme o acordo de cessar-fogo selado com o Hezbollah. A confirmação foi feita pelo ministro da Defesa israelense, Israel Katz, que também ameaçou lançar uma resposta contra qualquer e suposta violação da trégua por parte dos militantes do movimento libanês.
“A partir de hoje, o Exército permanecerá na zona de amortecimento no Líbano, controlando cinco postos estratégicos e continuará agindo de forma enérgica e intransigente contra quaisquer violações do Hezbollah”, afirmou o ministro do governo de Benjamin Netanyahu.
Ainda de acordo com Katz, “o Hezbollah deve se retirar completamente para além da linha do rio Litani, e o Exército libanês deve fazer valer essa medida e desarmar sua presença sob a supervisão do mecanismo estabelecido sob a liderança dos Estados Unidos”.
O porta-voz militar israelense, Nadav Shoshani, confirmou que cinco locais no topo das colinas serão mantidos para fornecer proteção às comunidades no norte de Israel. Segundo ele, a “medida temporária” foi aprovada pelos Estados Unidos, que monitora o cessar-fogo.

Soldado da Unifil monitora o sul do Líbano, no contexto da invasão israelense na região
Líbano condena violação israelense
Por sua vez, as forças libanesas anunciaram ter mobilizado as suas tropas em cerca de uma dúzia de aldeias e áreas fronteiriças no sul do país, à medida que parte dos militares israelenses recuava da zona demarcada pela Organização das Nações Unidas (ONU) do Líbano, conforme o acordo de cessar-fogo.
Segundo as tropas locais, a mobilização foi feita “em coordenação com o comitê encarregado de supervisionar o acordo de cessar-fogo e com a Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Unifil)”.
Desta forma, o anúncio de Katz referente à permanência dos soldados israelenses na região fronteiriça foi condenado pelo Líbano. Um porta-voz do gabinete presidencial de Joseph Aoun destacou que a nação consideraria qualquer presença israelense remanescente em suas terras uma ocupação, e que Beirute tem o direito de usar todos os meios para garantir uma retirada total. A expectativa, segundo a emissora catari Al Jazeera, é de que o Líbano também peça ao Conselho de Segurança da ONU que force Israel a cumprir integralmente o acordo de cessar-fogo.
Israel invadiu o sul do Líbano no dia 1º de outubro de 2024, no ápice da guerra de um ano com o Hezbollah, que lançou uma ofensiva em solidariedade ao movimento de resistência palestina Hamas, no contexto do genocídio em Gaza. A incursão terrestre no território libanês resultou na morte de cerca de 4 mil pessoas em todo o país, de acordo com o Ministério da Saúde local.
O acordo inicialmente firmado em novembro passado previa a retirada total dos militares israelenses da região fronteiriça até 26 de janeiro, dentro de um prazo de 60 dias, mas ele acabou sendo prorrogado até 18 de fevereiro.
A primeira extensão foi solicitada por Netanyahu em 23 de janeiro, quando alegou que as forças libanesas não estavam cumprindo devidamente o tratado e demorando em se posicionarem no sul do país. Por outro lado, o governo do Líbano acusou o regime sionista de violar o acordo, incluindo o fato de que suas tropas continuaram atacando a região mesmo com a decretação do cessar-fogo.
Na semana passada, o regime sionista pediu para manter suas tropas em pelo menos cinco posições no sul em mais um adiamento até o dia 28 de fevereiro, mas o Líbano rejeitou “firmemente” a solicitação. Por sua vez, o Hezbollah rechaçou qualquer adiamento do prazo, porque “seria uma violação flagrante do acordo, uma violação contínua da soberania libanesa”.
(*) Com Ansa