O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, anunciou nesta sexta-feira (24/01) que suas tropas não cumprirão o prazo para se retirarem do sul do Líbano até este domingo (26/01), como estipulado pelo acordo de cessar-fogo firmado com o Hezbollah. O tratado assinado em 26 de novembro exigia que as forças israelenses fossem completamente removidas da região dentro de um período de 60 dias, enquanto o exército do Líbano tinha de aumentar a sua presença no local.
Para justificar a decisão, o governo de Israel acusou o Líbano de não cumprir totalmente a sua parte ao alegar que as forças libanesas estavam demorando em se posicionarem no sul do país. “O processo de retirada em fases continuará, em total coordenação com os Estados Unidos”, garantiu o gabinete do premiê.
A declaração veio depois que o exército de Israel atacou cidades na região fronteiriça do Líbano. A Agência Nacional de Notícias do Líbano (NNA) informou que as forças israelenses invadiram o sul, demolindo e incendiando casas na cidade de Aitaroun, danificando uma mesquita na cidade de Qantara e causando uma explosão em Rab Thalathin.
Por outro lado, o governo libanês acusou o regime sionista de violar o acordo, incluindo o fato de que suas tropas continuaram atacando a região mesmo com a decretação do cessar-fogo.
Na quinta-feira (23/01), o governo israelense havia pedido aos Estados Unidos, principal aliado de guerra e mediador do acordo, junto com a França, mais 30 dias para se retirar do sul do Líbano. No entanto, a Rádio do Exército israelense informou que a gestão Trump estava menos propensa, em comparação ao antecessor Joe Biden, a aceitar a solicitação, querendo que a retirada total das tropas seja cumprida até domingo.
Em entrevista ao veículo, o embaixador de Israel nos EUA, Michael Herzog, entretanto, afirmou que acreditava que Tel Aviv e Washington chegariam a um “entendimento”.

Tropas da 769ª Brigada Regional “Hiram” durante operação no sul do Líbano
Hezbollah exige retirada de Israel
O Hezbollah exigiu que as forças israelenses cumpram com o acordo de cessar-fogo e concluam a retirada de suas tropas do sul do Líbano. Na segunda-feira (20/01), o grupo libanês alertou que qualquer violação do acordo configurará a anulação do cessar-fogo.
“Nós, do Hezbollah, estamos esperando a data de 26 de janeiro, o dia em que o cessar-fogo exigirá uma retirada completa dos israelenses do território libanês”, disse o parlamentar do Hezbollah, Ali Fayyad.
“Qualquer presença israelense remanescente, mesmo em uma única polegada do território invadido durante esta guerra, será tratada como uma violação flagrante do acordo e uma indicação clara do fracasso da comunidade internacional em honrar seus compromissos”, acrescentou.
A insistência do regime sionista para não deixar o Líbano ocorre em meio à primeira fase do acordo de cessar-fogo em vigor na Faixa de Gaza, iniciada há uma semana, enquanto as tropas israelenses passam a realizar uma operação em larga escala na Cisjordânia ocupada.
A guerra no Líbano provocou quase quatro mil mortes e o deslocamento forçado de mais de um milhão de pessoas. Ao longo do conflito, o Hezbollah também perdeu o seu líder, Hassan Nasrallah, morto em um bombardeio na periferia de Beirute em setembro de 2024.