O cerco militar de Israel ao norte de Gaza já provocou a morte de 640 palestinos em 18 dias, informaram fontes médicas da região à emissora catari Al Jazeera. Só na manhã desta terça-feira (22/10), houve 37 novas vítimas dos ataques de Israel.
Um único ataque com drones contra um grupo de pessoas na cidade de Beit Lahiya matou 15, incluindo mulheres e crianças.
Na área sitiada, as forças israelenses estão impedindo que equipes de resgate cheguem às dezenas de soterrados sob os escombros dos bombardeios dos últimos dias.
No norte da Faixa de Gaza, 400 mil palestinos estão presos, bombardeados constantemente pela Força Aérea de Israel, alvejados por terra e impedidos de receber medicamentos, comida e água. Segundo a ONU, 85% da ajuda humanitária enviada à região foi barrada por Israel.
“Cheiro de morte”
“Missões para limpar os corpos ou fornecer assistência humanitária são negadas. No norte de Gaza, as pessoas estão apenas esperando para morrer. Elas se sentem abandonadas, sem esperança e sozinhas”, disse Philippe Larrarini, comissário-geral da agência de ajuda humanitária da ONU para palestinos (UNRWA, da sigla em inglês) em uma postagem no X (antigo Twitter).
O comissário da ONU diz que sua equipe na região relata falta de água, alimentos e assistência médica e que o “cheiro de morte” se impõe em todo o território porque os corpos permanecem sob os escombros ou pelas estradas.
Ele pede uma trégua imediata, “mesmo que por algumas horas,” para que as famílias palestinas que queiram possam sair dali para lugares mais seguros, sem serem bombardeadas pelo caminho.
O que a ONU conseguiu até o momento foi o compromisso de que Israel permitirá a evacuação para a Europa de mil crianças e mulheres que precisam de cuidados médicos e estão na área sitiada.
Preparando a colonização
De fato, já houveram inúmeras denúncias de que Israel está aproveitando a guerra para acelerar a colonização das terras palestinas. Na Cisjordânia, a declaração de áreas palestinas como “terras públicas” e ação violenta de colonos já fizeram de 2024 o ano de maior expansão da ocupação israelense do território
E a extrema direita israelense já se prepara para colonizar Gaza. O Likud, partido do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, junto com outras organizações políticas que defendem esse projeto realizaram esta semana um encontro para “se preparar para o retorno” à Faixa de Gaza.
A reunião ocorreu num terreno baldio a alguns metros da fronteira de Gaza, mas contou com participantes ilustres, como o ministro da Segurança Nacional de Israel, o ultradireitista Itamar Ben Gvir, orador de destaque no encontro. “Se quisermos, podemos nos reinstalar em Gaza”, afirmou sob Ben Gvir sob aplausos
“O Hamas deve entender que nesta guerra perderão também a Faixa de Gaza”, disse à AFP o deputado Tzvi Sucot, do partido Sionismo Religioso .