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Guerra Israel x Palestina

Limpeza étnica em curso: ministra israelense defende a retirada de palestinos de Gaza

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Chefe do Ministério da Inteligência, Gila Gamliel (Likud) disse que a comunidade internacional deveria promover o 'reassentamento voluntário' dos palestinos na Faixa de Gaza

Gercyane Oliveira

São Paulo (Brasil)
2023-11-20T17:40:00.000Z

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A ministra da Inteligência de Israel, Gila Gamliel, publicou no domingo (19/11) um artigo no jornal israelense The Jerusalem Post no qual defende que a comunidade internacional não deveria gastar recursos com a reconstrução de Gaza, colocando que uma “opção” após a guerra seria “promover o deslocamento dos palestinos para fora da Faixa de Gaza”.

A ministra abre o artigo com citação de Albert Einstein, dizendo que "no meio de cada crise, existe uma grande oportunidade”. Mas há um detalhe convenientemente esquecido por Gamliel ao fazer esta citação, o físico judeu denunciou publicamente o genocídio palestino em carta ao jornal norte-americano The New York Times na década de 1940. O artigo inclusive previu sobre o problema do fascismo no país e a colaboração dos Estados Unidos.

A posição da ministra não surpreende, visto que a natureza do Likud, partido que sucedeu o Herut (Partido da Liberdade), tem em seus métodos e orientação política identidade fascista. O Likud ressurgiu como herança do Herut após uma fusão com outros partidos extremistas. A sigla da qual Gamliel faz parte nunca aceitou o princípio de um Estado palestino independente, e a posição dela nada mais é que a voz do Likud, que agora clama à comunidade internacional que os ajude a seguir com o plano de limpeza étnica. 

Gamliel começa o escrito evidenciando os crimes cometidos pelo Hamas desde o 7 de outubro, data da Tempestade de Al-Aqsa, apelando para uma moral ao atribuir culpa pelas atrocidades da guerra - e sabemos que em qualquer guerra, ambos os lados podem e recorrentemente cometem atrocidades - e é claro que todos os crimes de guerra devem ser condenados energicamente. Ela cita alguns dados: “mais de 1.200 pessoas do nosso povo foram cruelmente assassinadas, 239 brutalmente raptadas, milhares de feridos e 240.000 ficaram desabrigados”. 

São números lamentáveis, mas é fácil perceber e comprovar que Israel comete atrocidades em escala maior de magnitude do que o Hamas. O governo de Benjamin Netanyahu opera danos maiores e comete verdadeiras atrocidades, antes de tudo, porque pode: é mais forte. Tem uma enorme máquina de guerra, uma das maiores do mundo em termos absolutos.

Ela diz ainda: “em vez de investir para a reconstrução de Gaza ou para a UNRWA [Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente, em português], que fracassou, a comunidade internacional poderia contribuir para os custos do deslocamento, ajudando os habitantes de Gaza a construir uma nova vida em seu novo país anfitrião”.

“Gaza é um terreno fértil para o extremismo. É uma área pequena, de forma alguma a mais populosa do planeta, mas onde, por muito tempo, os seus governantes deram prioridade à guerra contra os Judeus em detrimento de uma vida melhor para o seu povo ", continua. Neste trecho, identifica-se outra consequência importante que decorre da natureza específica da colonização sionista, que o conflito se consolidou como um conflito nacional.

https://www.gov.il/en
Ministra da Inteligência de Israel Gila Gamliel (Likud)

Aqui o conflito entre opressores e oprimidos – colonos e povos nativos – assumiu a forma de uma disputa nacional entre dois grupos distintos e bastante definidos. Apesar dos seus esforços, o Estado de Israel tem tido até agora apenas um sucesso parcial na “transferência” dos árabes palestinos da sua Pátria. A guerra de 1967 foi muito breve para que a limpeza étnica pudesse ser repetida em comparação da Nakba de 1947-1949. Por isso, para a ministra, a oportunidade da guerra cai como uma luva. 

No decorrer do escrito, a ministra do Likud diz também: "há muito tempo, Gaza é vista como um problema sem resposta. Tentamos muitas soluções diferentes: desengajamento, desenvolvimento, gerenciamento de conflitos e construção de muros altos na esperança de manter os monstros do Hamas fora de Israel”. Os muros contra os árabes palestinos que o imperialismo ocidental ajudou a erguer, os colonos sionistas – e eventualmente o seu Estado colonizador – fornecem aos seus defensores uma “muralha” contra os “bárbaros” do Oriente Médio, como Estado cliente dos Estados Unidos. 

No artigo, a Gamliel ainda apela para a fake news dos bebês decapitados e crimes sexuais cometidos pelo Hamas. A desinformação sobre a morte dos bebês já foi há muito desmascarada, as Forças de Defesa de Israel (IDF) desmentiram a notícia e o jornalista Oren Ziv afirmou que: “não vi nada com os meus próprios olhos, falamos com soldados” e tampouco há evidências que comprovem crimes sexuais contra mulheres israelenses.  

Ela acrescenta: “essa pode ser uma solução em que todos saem ganhando: uma vitória para os civis de Gaza que buscam uma vida melhor, e uma vitória para Israel após essa tragédia devastadora”. Aos olhos dos que defendem uma paz abstrata, a sugestão da ministra pode parecer até mesmo equilibrada, no entanto, os políticos sionistas em geral são presumíveis predadores: mentem quando lhes convém. 

A expansão colonialista sugerida por Gamliel é uma prioridade máxima para Israel e busca um equilíbrio de poder para que isso se torne possível. 

“Alguns chefes de Estado já estão discutindo um esquema de reassentamento de refugiados e dizem que acolheriam os habitantes de Gaza nos seus países. Isto poderia ser apoiado por muitas nações em todo o mundo, especialmente aquelas que afirmam ser amigas dos palestinos”, afirmou no artigo.

Aqui há um fato importante nas entrelinhas que precisa ser destacado: a colonização sionista da Palestina é a raiz do conflito. A colonização contínua é o ímpeto persistente que impulsiona o conflito. A ministra diz ainda que esta é uma proposta nova, para solucionar o problema. A história é importante para compreender porquê esta proposta não é novidade, pois diferentes correntes sionistas equilibram os dois objetivos em relação à Palestina de formas diversas. Algumas dão prioridade à expansão territorial acima da pureza étnica absoluta; outras temem pelo "perigo demográfico" e argumentam que existem muitos árabes na Palestina, e eles têm uma elevada taxa de natalidade. 

O perigo de novas expulsões em massa na Palestina nunca esteve distante. Um “momento oportuno” surgiu agora, por exemplo, durante uma guerra – uma perspectiva que sempre esteve presente nesta região volátil. Israel ajuda a provocar esta oportunidade. Antes, o plano seguia em câmera lenta, com o método de dividir e conquistar, utilizando o sufocamento econômico, abusos de poder e repressões brutais.  

Por isso, os países que se opõem a esta injustiça devem agir com grande urgência para despertar a opinião pública do mundo e mobilizar a sociedade civil, de modo a tornar o mais difícil possível para Israel expandir a sua colonização e alcançar o seu objetivo. Enquanto este desequilíbrio discrepante de poder continuar, qualquer colonização vai inevitavelmente impor duras condições opressivas ao lado mais fraco.

Opinião

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Diplomacia

Esperando 'expansão das relações bilaterais', Zelensky comparece à posse de Milei

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Presidente da Ucrânia viajou a Buenos Aires para comparecer a formalização de governo do novo mandatário da Argentina

Redação Opera Mundi

São Paulo (Brasil)
2023-12-10T21:00:00.000Z

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O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, esteve presente na posse presidencial de Javier Milei, em Buenos Aires, na Argentina, neste domingo (10/12).

"Hoje participei da posse de Javier Milei em Buenos Aires e parabenizei o novo presidente. Este é um novo começo para a Argentina e desejo que o Presidente Milei e todo o povo argentino surpreendam o mundo com os seus sucessos", declarou o ucraniano. 

"Estou também certo de que a cooperação bilateral entre a Ucrânia e a Argentina continuará a expandir-se", finalizou por meio de uma publicação nas redes sociais, acompanhada de um vídeo em que troca algumas palavras e abraça Milei antes de seu discurso de posse.

Today, I participated in @JMilei’s inauguration in Buenos Aires and congratulated the new President.

This is a new beginning for Argentina and I wish President Milei and the entire Argentinian people to surprise the world with their successes.

I am also certain that bilateral… pic.twitter.com/WFjsZsDYIQ

— Volodymyr Zelenskyy / Володимир Зеленський (@ZelenskyyUa) December 10, 2023


agnelo regis/Twitter
Zelensky e Milei cumprimentando-se antes de discurso de posse

O governo do país europeu já havia adiantado que o mandatário viajaria para o evento na última quinta-feira (07/12). Para chegar em Buenos Aires, o avião de Zelensky fez uma conexão em Brasília neste sábado (09/12), mas não teve reuniões bilaterais com autoridades brasileiras e seguiu diretamente para a Argentina. 

Logo após o segundo turno das eleições argentinas, realizado em novembro, Zelensky escreveu em suas redes sociais uma mensagem ressaltando sua “posição clara” a favor de Kiev no conflito com a Rússia.

“Acabei de falar com o presidente eleito Javier Milei para agradecê-lo por sua posição clara. Sem contrapesos entre o bem e o mal. Simplesmente, apoio claro à Ucrânia. Isto é notado e apreciado pelos ucranianos”, disse o mandatário ucraniano.

A declaração de Zelensky também se refere a uma promessa do futuro mandatário argentino, de que organizaria, em 2024, uma cúpula de países latino-americanos em Buenos Aires para buscar um maior apoio à causa ucraniana na região.

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