Sábado, 12 de julho de 2025
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A imprensa local israelense começa a questionar o êxito do governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu em administrar uma guerra e resolver sua situação política. 

“O governo de emergência de Israel está perto do colapso enquanto a guerra em Gaza continua”, destaca uma publicação do jornal local Jerusalem Post, nesta sexta-feira (19/01). 

O jornalista autor da reportagem, Yanir Cozin, escreve sobre uma declaração que recebeu “de um alto funcionário de um dos partidos da oposição de Israel” na última semana: “os norte-americanos perceberam que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu está incapacitado devido à situação política em que se encontra”. 

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De acordo com o político opositor, Netanyahu está “escondendo” seus planos para a guerra instalada contra a Palestina, “não só do seu próprio gabinete de guerra, mas também do público em geral”. 

Assim, analisa que a situação política do premiê israelense “está esgotando a paciência” do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, principal aliado e investidor de Israel nesta guerra. 

“O efeito borboleta das vozes intensificadas de desconforto que emanam de Washington está criando ondas que afetam o cenário político de Jerusalém', afirma a publicação, considerando que tal contexto abre espaço para que novas “possibilidades políticas”, em substituição a Netanyahu, sejam consideradas. 

Crise no gabinete de guerra 

O jornalista do Jerusalem Post ainda afirma que o político israelense Benjamin Gantz, que já foi ministro da Defesa do país e faz parte do governo emergencial de Netanyahu para a guerra “está perdendo influência sobre a guerra”. 

Jornal local analisa 'colapso' do governo emergencial para guerra, impaciência dos financiadores norte-americanos e falta de progresso nos últimos 50 dias do conflito

World Economic Forum/Flickr

Analisando o cenário político, jornal questiona futuro de Netanyahu como governante de Israel

Considerando-o “um ministro sem Ministério”, a publicação reforça sua hipótese ao lembrar que “já se passaram mais de 50 dias desde que o último refém foi libertado, e parece que Israel está mancando, com poucas faíscas de esperança, para os 136 reféns que ainda estão mantidos em cativeiro em Gaza”.

Em adição, o jornalista avalia que Gantz enfrenta Netanyahu e seu atual ministro da Defesa, Yoav Gallant, em seu credo de que “o exercício da força militar é a chave para derrotar o Hamas e garantir a libertação dos reféns”, mesmo sem progressos significativos. 

“Esta questão poderia transformar-se num ponto arquimediano que poderia forçar Gantz a retirar-se do governo”, afirma. Apesar disso, reconhece que uma demissão neste momento pode trazer “riscos políticos significativos” para a maioria de Netanyahu no Knesset [Parlamento israelense]. 

“O dia seguinte” em Gaza

A publicação também aborda o “dia seguinte” à guerra em Gaza, afirmando que tal contexto político do ´premiê israelense dificultou a realização de reuniões para discutir os planos para a Faixa. 

“Altos funcionários das FDI (Forças de Defesa Israelenses) observaram que se o governo não tomar uma posição em breve, serão forçadas a regressar às áreas que já tinham conquistado, mas foram abandonadas”, pontua. 

Cozin acusa Netanyahu de apresentar “uma desculpa diferente a cada vez” por este posicionamento que pode levar ao regresso das FDI.

“O verbo favorito do primeiro-ministro é “adiar”. Por que fazer hoje o que pode ser adiado para amanhã, ou para o dia seguinte, ou para alguma outra data não especificada no futuro?”, questiona o jornalista, analisando que o governo de emergência de Netanyahu está perto de “se desintegrar”. 

Analisando o cenário político, o jornalista aponta para o futuro de Netanyahu como governante de Israel: “a questão já não é se as eleições terão lugar em 2024, mas sim quando em 2024”.