Um possível acordo entre Israel e Hamas para o cessar-fogo na Faixa de Gaza está “à beira do fracasso” e não há nenhuma proposta alternativa que possa ser apresentada, declararam funcionários da inteligência de Tel Aviv e dos Estados Unidos.
A informação foi publicada pelo site americano Politico, às vésperas de uma nova rodada de negociações no Cairo, capital do Egito – um dos mediadores ao lado do Catar e EUA – em 22 e 23 de agosto.
A declaração contraria a narrativa norte-americana usada até o momento. Em visita a Tel Aviv na última segunda-feira (19/08), o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, havia declarado que “este era um momento decisivo” para alcançar um acordo que recuperasse os reféns israelenses, além de ser “provavelmente a melhor oportunidade” para tal.
Da mesma forma, a afirmação vai de encontro com o que os envolvidos na última rodada de negociações, em Doha, no Catar, declararam sobre o processo. Segundo as autoridades dos EUA, as negociações ocorriam “em um clima positivo”, garantindo que apenas restavam “lacunas a serem preenchidas com respeito à implementação” do que seria um acordo.
Já o Hamas não chegou a apostar na mesma efetividade das negociações. O porta-voz do grupo, Osama Hamdan, ao jornal catari Al Jazeera, já havia apontado que não tinha “motivos para acreditar que Israel estivesse enviando sinais positivos”.
“Os mediadores ainda estão falando sobre preencher as lacunas, mas está claro que o lado israelense está adicionando mais condições, falando sobre novas questões”, destacou Hamdan ao jornal antes do fim das tratativas na última semana.
Escalada de tensões no Oriente Médio
Ainda segundo o Publico, um funcionário israelense afirmou não estar seguro de que haverá negociações no Cairo, uma vez que o Hamas ainda não confirmou se enviará uma delegação. Contudo, a última rodada de negociações ocorreu sem representantes do Hamas, e suas posições foram defendidas por autoridades cataris.
“Não sabemos se Sinwar [novo líder político do grupo palestino Hamas] quer o acordo. Se ele não quiser, é possível que o Irã ataque [Israel], e a situação se deteriore”, disse uma fonte ao portal.
Uma retaliação iraniana em resposta ao assassinato do líder político do Hamas, Ismail Haniya, em um ataque atribuído a Israel enquanto ele estava em Teerã para a posse do novo presidente, Masoud Pezeshkian, não é a única possibilidade de escalada da violência na região.
O ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir, ao visitar as Colinas de Golã – local sob ocupação israelense e alvo de ataques do grupo libanês Hezbollah – declarou que seu país “precisa responder da maneira mais clara e inequívoca” e que “essa é uma chance que não pode ser perdida”, segundo o jornal Al Jazeera.
A ofensiva israelense em Gaza foi deflagrada após ataques do Hamas que deixaram 1,2 mil mortos em Israel. Já os bombardeios e incursões de Tel Aviv no enclave palestino já mataram mais de 40,2 mil pessoas desde 7 de outubro.
O grupo palestino exige a retirada total das tropas israelenses da Faixa de Gaza e um cessar-fogo definitivo, enquanto o primeiro-ministro iraelense Benjamin Netanyahu disse que o conflito só terminará com a eliminação do Hamas.
(*) Com Ansa