Apesar da proibição israelense de atuar no seu território, a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) informou, nesta terça-feira (11/02), que está atuando “em grande escala” na Faixa de Gaza.
Em uma publicação nas redes sociais, a agência da ONU afirmou que seu trabalho no enclave palestino é “um exemplo de serviço humanitário às pessoas sobrecarregadas por 15 meses de bombardeios constantes e deslocamento forçado”
Detalhou ainda que está com sete mil funcionários “dedicados no local, confiáveis pelas comunidades que servimos”, fornecendo alimentos a 1,2 milhões de pessoas e realizando até 17 mil consultas médicas diariamente.
“UNRWA teams are delivering at full scale in Gaza, setting an example of humanitarian service to people overwhelmed by 15 months of constant bombardment and forced displacement.
UNRWA has
-7,000 dedicated staff members on the ground, trusted by the communities we serve
-reached… pic.twitter.com/CLWtcNHy7J— UNRWA (@UNRWA) February 11, 2025
“A UNRWA deve ser apoiada para continuar como uma das principais implementadoras do frágil acordo de cessar-fogo”, instou a agência ainda.
Entre acusações trocadas e tensão, a trégua entre Israel e o grupo palestino Hamas, que entrou em vigor em 19 de janeiro, permite a troca de reféns israelenses por prisioneiros palestinos e a volta dos civis para suas casas em Gaza.
No último fim de semana, o Exército de Israel concluiu sua retirada do corredor Netzarim, liberando a principal rota que separava as regiões norte e sul.
Apesar do retorno, os civis encontram uma série de desafios, sendo a completa destruição de suas casa um deles. As últimas avaliações de danos do serviço de satélite da ONU indicam que 69% de todas as estruturas em Gaza foram afetadas, incluindo mais de 245 mil residências.

UNRWA é a principal agência que coordena a entrada de ajuda humanitária no enclave palestino
Diante da destruição, a funcionária do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) Rosalia Bollen, explica que a saída para os civis é a construção de “abrigos improvisados em cima dos escombros”.
De acordo com o Escritório da ONU para Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha) quase um milhão de deslocados palestinos vivem em “tendas precárias ou abrigos improvisados”, com tetos construídos com sacos velhos de arroz em uma tentativa de se proteger das tempestades de inverno.
Além das moradias precárias, em condições inseguras, há superlotação de abrigos, fome persistente, e carência de serviços básicos, incluindo água limpa, no norte da Faixa de Gaza.
A UNRWA é a principal agência que coordena a entrada de ajuda humanitária no enclave. No entanto, desde 30 de janeiro está proibida de atuar em território israelense devido a acusações de que seus funcionários estariam infiltrados no Hamas.
Com a denúncia, o Escritório de Serviços de Supervisão da ONU fez uma investigação, concluída em agosto passado, e informou que “não conseguiu autenticar de forma independente as informações usadas por Israel para apoiar as alegações”.
Apesar disso, demitiu nove funcionários da UNRWA que “poderiam ter se envolvido nos ataques” do grupo palestino de 7 de outubro de 2023.
Mesmo assim, o Parlamento israelense aprovou a lei para impedir o trabalho da agência, o que implicaria especialmente em sua atuação em Jerusalém Oriental, território palestino que foi ocupado e anexado por Israel.
Desde o início da proibição, a UNRWA alertou que continuaria seu trabalho humanitário para os palestinos, independente das leis israelenses.
*Com Brasil de Fato e ONU News