Agências humanitárias acusam Israel de mentir sobre morte de médicos em Gaza
ONU, Crescente Vermelho e Defesa Civil rejeitaram relatório israelense que atribuiu execução dos profissionais de saúde em março a ‘falhas profissionais’
Agências humanitárias palestinas rejeitaram na segunda-feira (21/04) as conclusões de uma investigação militar israelense que atribuiu a morte de 15 médicos e socorristas em Rafah a “falhas profissionais”. As mortes ocorreram durante duas missões de resgate no sul de Gaza, em 23 de março, quando tropas israelenses abriram fogo contra veículos do Crescente Vermelho Palestino (PRCS), da Defesa Civil de Gaza e da agência da ONU para refugiados palestinos (UNRWA).
Inicialmente, as Forças de Defesa de Israel (IDF) afirmaram que os veículos não exibiam sinais de emergência, mas voltaram atrás após o surgimento de provas em vídeo que contradiziam a narrativa. No último domingo (20/04), o Exército israelense divulgou um relatório reconhecendo “falhas profissionais, violações de ordens e omissões na comunicação do incidente”, e afirmou que um vice-comandante foi demitido.
“O vídeo filmado por um dos paramédicos prova que a narrativa da ocupação israelense é falsa e demonstra que ela realizou execuções sumárias“, disse Mohammed al-Mughair, funcionário da Defesa Civil, à agência de notícias AFP, acusando Israel de tentar “contornar” suas obrigações sob o direito internacional.
Jonathan Whittall, chefe humanitário da ONU em Gaza, criticou a investigação por falta de transparência: “A ausência de responsabilização real mina o direito internacional e torna o mundo mais perigoso”. Nebal Farsakh, porta-voz do PRCS, classificou o relatório como “cheio de mentiras” e uma tentativa de transferir a culpa para erros individuais.

Agências humanitárias palestinas rejeitaram na segunda-feira (21/04) as conclusões de uma investigação militar israelense que atribuiu a morte de 15 médicos e socorristas em Rafah a “falhas profissionais”
Segundo o Exército israelense, os soldados atiraram contra os socorristas devido à “má visibilidade noturna” e violaram ordens ao alvejar um veículo da ONU 15 minutos depois, matando o motorista.
Os corpos, que foram encontrados em uma vala comum arenosa dias depois, apresentavam ferimentos por tiros na cabeça e explosivos. Uma equipe de resgate da ONU observou que os médicos foram mortos “um por um”, e duas testemunhas afirmaram que pelo menos uma vítima tinha as mãos e os pés amarrados.
Os resultados da autópsia divulgados na semana passada mostraram que os homens foram mortos principalmente por “tiros na cabeça e no tronco”, bem como ferimentos causados por explosivos.
Entretanto, as IDF negaram “fogo indiscriminado” e alegaram que seis das vítimas eram militantes do Hamas, o que foi rejeitado pelas agências humanitárias.
Desde o início do massacre em Gaza, em outubro de 2023, centenas de trabalhadores humanitários e profissionais de saúde foram mortos por Israel. Em abril de 2023, sete integrantes da World Central Kitchen morreram em um ataque a veículos identificados.
