O chefe da seção israelense da Anistia Internacional, Daniil Brodsky, se demitiu nesta quinta-feira (05/12), após a organização global acusar, em relatório, Israel de cometer genocídio em Gaza. As informações foram noticiadas mais cedo pelo jornal britânico Guardian.
A decisão, tanto de Brodsky, quanto de outros dois membros do conselho do capítulo da instituição, segue a publicação de um relatório de 296 páginas, que descreve como as forças israelenses, sob a liderança de Israel, têm agido com impunidade, causando grandes sofrimentos à população de Gaza.
A seção israelense da Anistia, conforme o jornal The Times of Israel, não aceitou a caracterização de genocídio feita pelo relatório, mas reconheceu a ocorrência de “crimes graves” que necessitam de investigação.
“Embora a seção israelense da Anistia Internacional não aceite a acusação de genocídio, com base nas informações que temos, estamos preocupados que crimes graves estão ocorrendo em Gaza, os quais devem ser investigados”, afirmaram em uma nota oficial.
A postura contrastou com o conteúdo do relatório, que aponta a prática de atos de genocídio, inclusive a destruição sistemática das condições de vida da população palestina.
A alegação de genocídio também foi rejeitada por Israel, que considerou o relatório “totalmente falso e baseado em mentiras”. A realidade enfrentada pelos palestinos em Gaza continua sendo marcada pela escalada da violência, com as forças israelenses lançando ataques aéreos contínuos, resultando em milhares de mortos, principalmente civis.
Mais sobre o relatório da Anistia Internacional
O documento, intitulado “Você se sente como se fosse subumano: o genocídio de Israel contra os palestinos em Gaza” (You Feel Like You Are Subhuman: Israel’s Genocide Against Palestinians in Gaza), é o resultado de meses de investigações, que incluiu entrevistas com testemunhas, análise de evidências visuais e digitais, como imagens de satélite, além de declarações feitas por altos oficiais israelenses do governo e militares.
O relatório acusa as forças israelenses de cometerem pelo menos três dos cinco atos proibidos pela Convenção para a Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio de 1948, incluindo assassinatos indiscriminados de civis, causar danos físicos e psicológicos graves, e “impor deliberadamente aos palestinos em Gaza condições de vida que visam sua destruição física”.